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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Festa na favela

"Torcer pelo Flamengo é realmente um ato de catarse, sobretudo quando ele é vitorioso, o que tem acontecido com uma certa frequência. Não dá para não perceber e sentir a força dessa nação em dia de jogo e de vitória. É uma religião, uma doutrina e certamente uma alegria", analisa Miguel Paiva

(Foto: Miguel Paiva)
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Em primeiro lugar queria dizer que sou torcedor do Fluminense. Importante isso antes de começar a escrever sobre o Flamengo. Aliás, sobre o fenômeno Flamengo que estamos assistindo recentemente, a atuação e liderança no Brasileirão e a vitória sobre o Grêmio na semifinal da Libertadores. O Flamengo se transformou depois da vinda do treinador português Jorge Jesus que além de imprimir uma eficiência moderna e  agressiva ao time estabeleceu a simplicidade como regra básica.  

Torcer pelo Flamengo é realmente um ato de catarse, sobretudo quando ele é vitorioso, o que tem acontecido com uma certa frequência.  Não dá para não perceber e sentir a força dessa nação em dia de jogo e de vitória. É uma religião, uma doutrina e certamente uma alegria.   

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Minha mulher, dois filhos, uma enteada e um neto são flamenguistas. Estou acostumando a conviver com esta diferença agravada pelo fato que o Fluminense não anda lá bem das pernas. A família me respeita. Afinal, nunca criei nenhum tipo de embate ideológico- esportivo em relação à escolha deles. Temos um convívio democrático mas tenho que admitir, que mesmo secando em silêncio o Flamengo tenho admirado sua performance. Um povo inteiro, como na quarta-feira no Maracanã, gritando "Festa na Favela" contagia qualquer um.  

 Até, coincidentemente, o Bruno Henrique festejando seu gol fazendo o L com a mão que remete ao Lula Livre aumentaram essa identificação popular verdadeira da festa. Bruno Henrique festejava seu filho Lorenzo, mas não importa. Se non è vero è ben trovato, diria algum italiano esperto se aproveitando da ocasião. Melhor do que Bruno Henrique batendo continência.   

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As ligações do futebol com a política são antigas. O general Médici era um torcedor do Flamengo. Nada é perfeito. João Saldanha, na Copa de 70 era treinador da seleção. Foi demitido porque , além de comunista, peitava as "sugestões" do governo militar para a escalação do time. Acabou assistindo à copa como  jornalista. Recentemente, Bolsonaro e Moro tentaram levantar a moral da tropa indo a partidas de futebol. Foram vaiados e aplaudidos. Bolsonaro entrando em campo para parabenizar o Palmeiras e tirar casquinha da festa ficou registrado nos anais das cenas patéticas do futebol.   

Sendo o esporte mais popular do planeta é natural que os governantes queiram se aproveitar. Lula é corintiano, FHC não lembro. Nem sei se ele gosta ou torce por algum time, mas na maioria dos casos essa ligação é quase que indispensável. Também, na maioria das vezes, a vida do time prossegue independente do governante torcedor ou não. Essa força popular gritando, se divertindo e vivenciando aquela vitória ou derrota como se fossem suas é emocionante.   

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Parei um pouco de sofrer pelo Fluminense. Sou tricolor de herança familiar. Vivi muito tempo fora do Rio e do Brasil o que fez, talvez, que essa ligação emocional permanecesse intacta. Torcia de longe e mantinha uma certa paixão com boas lembranças. A vitória sobre o Vasco no Maracanã em 1977 se não me engano, o gol de barriga do Renato Gaúcho sobre o Flamengo em 1995 que deu o campeonato carioca para o tricolor e o campeonato brasileiro antecipado em 2012 quando, de Lisboa, acompanhei por um celular precário os gols e a vitória. Era um torcedor solitário e feliz.   

Mas, o fato de misturar os sucessos ou fracassos do Fluminense com os meus próprios acabaram me fazendo sofrer mais do que o necessário. Afinal, os jogadores ganham uma fortuna para vencer ou perder e eu não ganho nada. Talvez não seja mesmo um torcedor fanático. Não sei se pelo time que torço ou pelo meu temperamento. Mantive a paixão lá no fundo, como um amor platônico e distante e acompanho de longe os feitos do time. Mas, confesso que não deixo de checar os resultados quando o Fluminense está jogando. Só não sofro mais. Não chego ao extremo de querer torcer como um flamenguista mas bem que sonho com aqueles anos de glória de volta.

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