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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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FHC diz que é cedo para jogar pedras em Bolsonaro; eu acho que é tarde demais

Colunista Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, critica a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra a divulgação das denúncias de corrupção do bolsogate; "Tal como políticos experientes, historiadores e jornalistas não viam condições de um fascista ganhar as eleições, muitos deles agora, que ele venceu, não veem riscos à democracia com sua posse se aproximando. Alguns, como o ex-presidente Fernando Henrique, que outrora foi alvo de sugestão de fuzilamento por parte de Bolsonaro, diz que é cedo para 'jogar pedras' nele. Discordo. Acho que é tarde demais", diz Solnik

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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - No início de 2018 eu defendia que Bolsonaro não podia ser candidato a presidente. Tudo o que até então se sabia dele por suas declarações e atitudes indicava que ele era antidemocrata. E que iria usar a democracia para acabar com ela. A democracia não poderia admitir um candidato assim.

Estava claro que ele pretendia destruir toda a modernidade que o Brasil alcançou desde a redemocratização do país. Suas opiniões a favor da ditadura militar, da tortura e do ataque aos comunistas, aos gays e às mulheres emancipadas não deixavam dúvidas quanto às suas intenções.

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Mas ninguém via problema em ele ser candidato. "Faz parte da democracia". "Ele tem esse direito". "Está na constituição". Os que o abominavam diziam que ele deveria concorrer para ser derrotado. Seria moleza. Me lembro bem de Lula dizer, antes de ser preso: "Não vou bater no Bolsonaro. Vou deixar os outros baterem nele".

Ao mesmo tempo em que ele radicalizava e enfatizava seu caráter fascista, o PT se ocupava em bater nos tucanos. "Golpistas"! Ninguém se preocupava com a ascensão do fascista. "Deixa que a gente ganha dele no segundo turno". Chegou mesmo a circular a ideia de que "qualquer um ganha dele no segundo turno". O perigo era Alckmin, alegavam petistas de alto gabarito, esse sim tem que ser abatido antes de chegar ao segundo turno e derrotar a esquerda. E deixaram Bolsonaro crescer.

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Não faltaram artigos de PhDs nos jornais rebatendo argumentos de que ele era fascista: "não tem fascismo no Brasil, fascismo é outra coisa". E pontificavam a respeito do que foi o fascismo criado por Mussolini em 1922.

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Mas, como estamos vendo agora, cada vez mais nitidamente, o fascismo não precisa de um partido para se impor. Só precisa de um líder. Um líder que se impõe pela força e não pelo diálogo; que propõe mais violência para acabar com a violência; que não fica vermelho ao mentir e é a única fonte da verdade; que se apoia numa suposta "ameaça interna" para quebrar o estado de direito; que tem um grupo de admiradores que o idolatram acima de qualquer suspeita, sempre prontos a prestar-lhe continência; que proclama ter chegado ao poder pelo desígnio divino.

No início de 2018 eu também achava que nenhum partido sério lhe daria legenda. Ele conseguiu abrigo num partido nanico que agora surge como a segunda força na Câmara dos Deputados. Como nunca teve nenhum ideário não há dúvida que será o espelho do antigo Partido Integralista Brasileiro. Será o primeiro partido de extrema-direita no Brasil desde 1937, ano em que Getúlio acabou com todos os partidos, inclusive o Integralista.

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Tal como políticos experientes, historiadores e jornalistas não viam condições de um fascista ganhar as eleições, muitos deles agora, que ele venceu, não veem riscos à democracia com sua posse se aproximando. Alguns, como o ex-presidente Fernando Henrique, que outrora foi alvo de sugestão de fuzilamento por parte de Bolsonaro, diz que é cedo para "jogar pedras" nele.

Discordo. Acho que é tarde demais.

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