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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Financeirização comanda Fux no STF contra Lula

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Mercado dá as cartas 

O ministro Fux faturou politicamente sua primeira batalha no STF contra o colega Marco Aurélio. Não se trata de ver a decisão de Aurélio do ponto de vista do juiz garantista da lei, como ele é, reconhecidamente, competente. Decidiu de acordo com as minúcias legais, aferrando-se aos prazos regimentais que os processos contra criminosos determinam. Nesse ponto, sem dúvida, ele acertou, porque o prazo de 90 dias legalmente estabelecido para responder demanda da defesa do traficante André do Rap, PCC, não foi obedecido, deixando brechas para recursos etc.

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Mas, Fux não ligou para esse garantismo legal. Ele foi para o populismo judicial: é legal segurar ou não na cadeia um reconhecido traficante, que, livre, voltaria a praticar crimes etc? A sociedade, nesse momento, submetida à falsa moralidade bolsonarista, é, psicologicamente, propensa às ações que sobrepõem ao garantismo de aparência, para aferrar-se à sua sede de justiça, em ver preso quem ela julga ser perigoso etc. Fux agiu com o olho do político, no movimento das ruas, do sentimento popular, e não com o olhar constitucional. Venceu a parada.

O essencial, porém, não é isso. O novo presidente do STF fez um discurso para a elite do mercado financeiro, que está com outras preocupações, no comando da política econômica nacional, em meio ao neoliberalismo, empenhado em sucatear o estado nacional e a impedir possível volta de Lula ao poder. Disse Fux, estufando seu peito de pomba, do alto da presidência do STF, que os mercados investidores estão preocupados com a falta de segurança jurídica no país. Esta se perde nessas controvérsias que levam traficantes à liberdade, enquanto deveriam ficar trancafiados. Estão se favorecendo da incerteza que o próprio STF produziu quando revogou o que havia anteriormente aprovado, como a prisão em segunda instância. O mercado quer a justiça se valendo dela para prender Lula.

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Dessa se insegurança, mencionada por Fux, valem-se os condenados em geral, empenhados na defesa da condenação, não a partir de decisão de segunda instância, mas somente depois do trânsito em julgado. Quem pode custear caros honorários advocatícios, jamais é condenado e trancafiado. Porém, essa é a determinação constitucional, que, somente, o Congresso pode remover. No entanto, o movimento moralizador desmoralizado do  lavajatismo fez a cabeça do país, graças à Rede Globo, para que prevaleça não o trânsito em julgado, como defende a Constituição, mas a prisão já em segunda instância, aprovada nas esferas inferiores da justiça, antes de chegar às instâncias superiores.

Perigo Lula

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Aí entram os interesses poderosos do mercado financeiro, que concordam com o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que se valeu do próprio STF para prender Lula e impedi-lo de disputar eleição, abrindo espaço para o neoliberalismo radical sucatear geral da economia. Disso se valeu, à larga, o moralismo lavajatista de condenar acusados de crimes sem provas evidentes, valendo de interpretações equivocadas da lei e de manobras e subterfúgios, como demonstraram reportagens de The Intercept Brasil. Comprovou-se conluio entre Sérgio Moro e procuradores da República, na prática de crimes de manipulação de provas para condenar Lula e inviabilizar sua candidatura em 2018.

Manter essa expectativa, para que se repita na eleição de 2022, é o desejo do mercado financeiro, maior interessado na continuidade da política macroeconômica bolsonarista de sucateamento do Estado nacional. Lula em cena seria obstáculo. Criar o ambiente para afastá-lo é, portanto, prioridade absoluta da elite financeira que dá as cartas no governo, colocando-se, radicalmente, contra supressão do teto de gasto. A insegurança jurídica que produz a dualidade de interpretações dos juízes, como mencionou o novo chefe do STF, quanto a sua decisão de desfazer, monocraticamente, ato de Marco Aurélio, é o maior problema do ponto de vista do mercado financeiro.

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Essencialmente, portanto, o discurso jurídico populista do ministro Fux se dirigiu aos financistas, temerosos quanto à possível volta de Lula ao poder. Para eles, o ideal é o que já toma a consciência de uma parte do STF, favorável à prisão em segunda instância, da qual faria parte o próprio Fux, como, também, seu colega Luís Barroso. Este expressou, claramente, o que a banca deseja ouvir, sem tergiversações.

O pano de fundo que ficou explícito no julgamento do Supremo sobre se mantém preso ou não o traficante é a disposição de eventual maioria da instituição comungar-se com o propósito fundamental dos promotores da financeirização econômica: manter Lula fora do jogo eleitoral. Se ele voltasse, a política econômica bolsonarista de acelerar desnacionalização e sucateamento dos ativos nacionais poderia ser interrompida.

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