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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Financeirização especulativa para combater eleitoralmente a fome

"Muda-se o falso ajuste fiscal com o sangue dos trabalhadores socialmente excluídos, para eternizar a sobreacumulação de capital", escreve César Fonseca

Bolsonaro (Foto: Reuters | ABr | Pxhere)
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Por César Fonseca

Paulo Guedes descobriu mais uma fantástica fonte de renda para o mercado financeiro a propósito de moeda eleitoral para tentar conquistar reeleição do presidente Bolsonaro; quem recebe R$ 600 como Auxílio Brasil poderá levantar R$ 2.600 em empréstimo consignado, embora tenha que pagar 3 vezes mais de juro que os aposentados do INSS pagam; o atrativo, no entanto, somente interessa aos bancos, se o Auxílio não for temporário, provisório, vigente, apenas, até final do ano, mas se tornar permanente; por isso, Guedes anunciou ao mercado que o Auxílio de temporário deverá se transformar em permanente, mediante Proposta de Emenda Constitucional; vem aí mais uma PEC da Fome para tentar convencer o eleitorado bolsonarista de que o socorro de R$ 600 não será provisório, mas permanente;  assim, durante a campanha, no programa eleitoral, Bolsonaro dirá aos milhões de beneficiados pelo Auxílio que receberão o dinheiro não somente até final do ano, mas com efetividade mensal, como estratégia governamental de combate à fome. Emerge a financeirização especulativa para combater eleitoralmente a fome. A novidade eleitoreira mereceu o maior destaque do Studio I da Globo News comandada por Andrea Sadi.

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REELEIÇÃO DERRUBA TETO DE GASTO NEOLIBERAL

Acossado pelo favoritismo de Lula, apontado em todas as pesquisas, Bolsonaro deverá focar no tema mais quente da campanha, a expansão da fome, graças a política recessiva neoliberal, com anúncio economicamente populista: colocar dinheiro no bolso dos pobres, não, temporariamente, mas permanentemente, lançando mão de mais uma modificação na Constituição; a manobra de Paulo Guedes, que não tem nada de econômica, mas, essencialmente, político-eleitoral, sepulta, para valer o teto de gastos, que ele reconheceu já estar sendo superado de vez; sai o Auxílio temporário, que prevê liberação de recursos da ordem de R$ 42 bilhões, previsto para durar até final de dezembro, e entra Auxílio permanente, que exigirá outra contabilidade dentro do orçamento; essa nova estratégia servirá, igualmente, de chamarisco para o mercado financeiro, que terá pela frente a chance de faturar empréstimos consignados, não pelo período eleitoral, mas por todo o período anual, de forma contínua e permanente, dependendo do apetite do beneficiário por lançar mão de empréstimo consignado.

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FINANCEIRIZAÇÃO ESPECULATIVA ELEITORAL

Os bancos terão diante de si o papel de executar pretenso programa social via empréstimo consignado, só que a juro alto, acima do que já paga servidores públicos e aposentados do INSS, que tem acesso a essa modalidade de crédito, responsável, segundo o Serasa, pela expansão incontrolável do endividamento dos mais pobres; os miseráveis que estão sem renda e que vão tê-la para gastar a partir do momento em que receber o Auxílio de R$ 600, poderá dispor da vantagem de elevar seu gasto em 4,3 vezes; 600 alavanca a juros extorsivos R$ 2.600; a aceleração do endividamento do tomador do consignado estará lastreado pelo aval do governo, que garante ao emprestador o desconto em folha de pagamento; não há risco algum para quem empresta, mas risco total para quem toma emprestado; ou seja, o beneficiário dos R$ 600, que passa a dever R$ 2.600, mais de juro de cerca de 50% ao ano, vira candidato certo à inadimplência futura garantida.

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ARMADILHA DA DÍVIDA PERMANENTE

A classe socialmente excludente se transforma em grande atrativo do mercado, ao ver nela fonte de riqueza para os especuladores, bancada, certamente, pela dívida pública; afinal, o consignado é garantido pelo resgate em folha de pagamento avalizada pelo governo, caso a massa de beneficiários entrar em bancarrota; cálculos do mercado dão conta de que o endividamento das famílias mais pobres atinge 60% da população economicamente ativa(PEA); haverá, portanto, sistemático rompimento do teto de gasto por meio da expansão do consignado como “política financeira” de combate à fome. O articulador da nova forma de levantar fundo fiscal contra a fome, ministro Paulo Guedes, inova; com a PEC da Fome, que já antecipa, para arranjar dinheiro capaz de garantir sustentabilidade superficial e precária, tenta garantir a reeleição de Bolsonaro.

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ARMA ELEITORAL BOLSONARISTA

No programa eleitoral pela televisão, essa será a arma fajuta pretensamente eficaz de Paulo Guedes para combater a fome e tentar faturar segundo mandato do capitão presidente; o contrapolo dessa “nova bondade” bolsonarista será expansão especulativa do endividamento dos miseráveis, graças aos empréstimos consignados eleitoreiros, que jamais poderão quitar. Eis a mágica que transforma Auxílio de R$ 600 em consignados de R$ 2.600, mais juros extorsivos, que põe fim ao teto de gastos. Muda-se, qualitativa e quantitativamente, o falso ajuste fiscal com o sangue dos trabalhadores socialmente excluídos, para eternizar a sobreacumulação de capital que aprofunda a desigualdade social.

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