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Romerito Aquino

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Flaviano Melo, o protótipo de deputado que apoia Temer

Dos 263 deputados federais que votaram no dia dois de agosto para evitar que Michel Temer fosse investigado como ladrão pelo STF, pode-se afirmar que o deputado Flaviano Melo, do PMDB do Acre, é um dos mais perfeitos protótipos do seu contemporâneo peemedebista

Dos 263 deputados federais que votaram no dia dois de agosto para evitar que Michel Temer fosse investigado como ladrão pelo STF, pode-se afirmar que o deputado Flaviano Melo, do PMDB do Acre, é um dos mais perfeitos protótipos do seu contemporâneo peemedebista (Foto: Romerito Aquino)
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Originária dos gregos protos (primeiro) e typos (impressão), a palavra protótipo é usada para designar algo criado pela primeira vez, que se tornou modelo, referência ou padrão de alguma coisa, mas que pode também se traduzir perfeitamente numa classe de coisas ou até de pessoas.

Pois bem. Dos 263 deputados federais que votaram no dia dois de agosto para evitar que Michel Temer fosse investigado como ladrão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pode-se afirmar que o deputado Flaviano Melo, do PMDB do Acre, é um dos mais perfeitos protótipos do seu contemporâneo peemedebista, que há mais de um ano ocupa o Palácio do Planalto no lugar da titular Dilma Rousseff. (Dos oito deputados da bancada acreana, apenas Flaviano e sua pupila peemedebista Jéssica Sales votaram pela corrupção).

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Flaviano Melo torna-se protótipo de Temer porque, ao longo de sua carreira pública, vivenciou e praticou tudo o que é de ruim na política, o que hoje também é atribuído ao seu correligionário do PMDB paulista. Golpe, traição, roubo, quadrilha, inquérito, denúncia e outras ilegalidades são os fortes elos históricos que unem esses dois peemedebistas, ambos originários da época dos antigos "coronéis", que faziam da política o trampolim ideal para se apoderarem do Estado a fim de defenderem seus interesses pessoais.

Por coincidência, os elos da corrente compartilhada pelos dois peemedebistas se referem a contextos muito parecidos, pois envolvem ministros de tribunais superiores, denúncias do Ministério Público, empresas investigadas na Operação Lava Jato, chefias de quadrilhas investigadas a julgadas pela Justiça, subalternos diretamente envolvidos em crimes, entre muitas outras ilegalidades.

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Acreano, 68 anos e filho de um dos antigos "coronéis" da política acreana, Flaviano Melo se formou em engenharia e logo foi trabalhar na "grande" empreiteira Mendes Júnior. Mais tarde, voltou a seu estado para tomar posse como prefeito biônico de Rio Branco por indicação do então governador peemedebista Nabor Júnior. Voltou à terra natal e levou a tiracolo todos os interesses comerciais daquela que veio se tornar, no ano passado, a primeira empreiteira da Lava Jato punida por concessão de propinas pela Controladoria Geral da União (CGU).

Na gestão de Flaviano Melo na prefeitura, entre 1983 e 1986, a Mendes Junior simplesmente executou quase todas as obras do órgão dirigido pelo seu ex-empregado, o que ocasionou a falência de mais de 300 pequenas e micros empresas da capital, inclusive algumas encarregadas de construir obras como meio-fio das ruas.

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Ajudando Nabor Júnior a dar o golpe no correligionário e então senador Mário Maia, que deveria disputar o governo pelo PMDB em 1986, por acordo firmado entre suas maiores lideranças, Flaviano Melo não só foi o candidato peemedebista como venceu a disputa com Maia (já em outro partido) para o governo, não sem antes ser suspeito de ter mandado explodir, à época da disputa eleitoral, o jornal Folha do Acre, de propriedade do senador e seu adversário. Maia usava o jornal para denunciar na campanha as ilegalidades praticadas na prefeitura, colocando em risco a vitória de Flaviano e de sua empresa.

No governo, Flaviano Melo foi acusado de cometer vários crimes, entre eles o de comprar um jornal com um cheque da Secretaria de Fazenda do Estado e de começar o processo de falência do Banco do Estado do Acre (Banacre), um dos primeiros bancos estatais a serem liquidados por incompetências e ilegalidades cometidas por governos estaduais. Seu governo também usou alimentos doados aos pobres pelas antigas Cobal e LBA para formar sacolões e comprar votos em favor do candidato peemedebista a prefeito nas eleições de 1988. Só numa fazenda de um deputado estadual do partido (Manoel Machado), a Polícia Federal achou 200 toneladas de alimentos dos dois órgãos federais estocados para comprarem votos na véspera da eleição.

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Na Justiça Federal do Acre, veio, então, a maior marca do protótipo de deputado que Flaviano representa para Michel Temer, acusado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, de receber propinas e comandar a quadrilha de ladrões mais perigosa do país. Flaviano Melo foi denunciado por comandar em seu governo uma das maiores quadrilhas estaduais formadas no país para desviar dinheiro público, roubo que gerou na época o maior inquérito aberto pela Polícia Federal na Amazônia.

Encerrado o inquérito, o juiz federal Jair Facundes, hoje na 3ª Vara Federal do Acre, não só aceitou a denúncia do Ministério Público como condenou oito secretários e assessores diretos de Flaviano e 14 funcionários graduados do Banco do Brasil, que completavam a quadrilha que teria roubado o equivalente hoje a R$ 40 milhões e que ficou conhecido como escândalo da "Conta Fantasma Flávio Nogueira".

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Além desta conta, a quadrilha criou mais seis outras contas fantasmas, para onde eram desviados a maior parte dos rendimentos obtidos da aplicação dos recursos do FPE do estado e dos salários dos aposentados do extinto território federal nos antigos open market e over night.

Com a "participação e proveito de Flaviano Melo no cometimento dos delitos", conforme escreveu em sua sentença o juiz Jair Facundes, o processo subiu para instâncias superiores até chegar no STF, o fórum privilegiado obtido por Flaviano Melo após se eleger posteriormente para o Senado e, por três vezes, para a Câmara dos Deputados.

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No STF, segundo consta de acusação no inquérito da Justiça Federal do Acre, Flaviano Melo teria contado com a ajuda, por vários anos, do então ministro Ilmar Galvão, casado com uma parenta sua, para não ter sido investigado e julgado pelo crime de chefe de quadrilha na maior corte de Justiça do país. O ministro sempre negou qualquer interferência no processo, que mofou por quase duas décadas no STF.

Essa história de protótipos, que desenha bem o perfil dos deputados que Michel Temer está comprando com cargos e com emendas milionárias - que quase sempre geram propinas para seus autores quando viram obras nos estados -, vem se somar aos inúmeros atrasos, retrocessos e ilegalidades cometidas no seu governo, hoje totalmente desacreditado pelo povo brasileiro. E que provoca, junto com um Congresso de maioria envolvida em corrupção e um judiciário omisso, a maior crise política e econômica da história do país.

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