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Carlos Carvalho

Doutor em Linguística Aplicada e professor na Universidade Estadual do Ceará - UECE.

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Ge-no-ci-da

Se quase meio milhão de pessoas são largadas à própria sorte e deixadas para morrer de uma doença para a qual existe vacina, não seria isso um genocídio?

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Genocida é, conforme os dicionários, quem comete ou ordena um genocídio. Pode-se dizer, por acréscimo, que genocida também é aquele líder que faz vista grossa e cruza os braços enquanto seu povo é dizimado, seja por conflitos bélicos, seja por pestes. Também pode-se compreender como tal, aquele tipo de governante que, enquanto seu povo sucumbe à espera de socorro, vira-lhe as costas, dá de ombros e, sempre que possível, atrapalha qualquer forma de ajuda, sabotando e boicotando projetos, planos e ações que jamais conseguiria pensar por conta própria. 

Genocidas são criaturas destituídas de amor pelo próximo, pois chafurdam na lama do ódio no qual vivem atolados. Infelizes, mas sempre tentando manter um sorriso no rosto, os genocidas são frustrados. Somente eles conseguem rir das próprias piadas preconceituosas. Genocidas não são engraçados, mas opacos e toscos. Não são doentes, mas cruéis. Como losers que são, precisam se apegar a toda e qualquer forma de poder, uma vez que não conseguem o respeito de ninguém por méritos próprios. Aqueles que o cercam estão lá para tirar proveito das migalhas que caem da mesa e pela benesse dos cargos. Para tanto, se submetem ao ridículo e ao constrangimento. Para gente assim, o que mais importa são as trinta moedas que cairão na conta, não sendo preciso nem trair o povo com um beijo, bastando apenas “legislar” na calada da noite em prol dos seus. 

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Genocidas não demonstram elegância, pois são tacanhos, ignorantes, estúpidos e rudes. Gostam de gritar e dar ordens. E esperneiam, ameaçam e babam, hidrófobos que são, sempre dispostos a atacar aqueles que os ignoram e não os reconhecem como nada além de um monte de esterco envolto em um terno, uma batina ou um avental, com uma caneta na mão e nenhuma ideia na cabeça. Genocidas costumam regozijar-se com as pilhas de cadáveres, resultantes das suas ações de destruição. No íntimo, são covardes purulentos. Genocidas, no entanto, não existem sozinhos nem surgem do nada. É preciso que os canalhas da sua laia os autorizem a deixar o esgoto imundo no qual se refestelam. 

Para que os genocidas existam, um complexo aparato tem que ser montado. Erigidos nos esgotos, ao abrigo da luz, os genocidas, tal qual frankensteins, são feitos de pedaços do caráter podre dos donos das grandes corporações de mídia, de pseudoartistas, atletas, apresentadores de TV e fracassados em geral. Sem parlamentares coniventes, grandes empresários, militares de alta patente, jornalistas, juízes e religiosos, os genocidas não existiriam. Um genocida é, então, um corpo simbionte, ou seja, um organismo que contém em si todas as partes putrefatas de uma sociedade igualmente apodrecida, cujo insuportável fedor se sente ao longe.

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Genocidas nunca querem ser chamados de genocidas. Mas como chamar um genocida, se não de genocida? A questão não é meramente semântica, sabem eles. A questão é jurídica e histórica, sabemos. Se quase meio milhão de pessoas são largadas à própria sorte e deixadas para morrer de uma doença para a qual existe vacina, não seria isso um genocídio? Quando acossados e acuados, os genocidas podem até se tornar perigosos, mas como sua covardia é maior, recuam a cada gesto, ação, pronunciamento. 

Os genocidas acreditam liderar tropas invisíveis de soldadinhos de chumbo sob o comando de generais patéticos, negacionistas e covardes; daqueles que ficam atrás da mesa com o “bip” na mão. Genocidas são cheios de amiguinhos imaginários. Não são confiáveis, pois são traiçoeiros. Mas, como diz o personagem de Glauber Rocha: “Mais forte são os poderes do povo”. E não há nada mais temível para um genocida do que os poderes do povo aliados às vigas de um posto de gasolina qualquer. 

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