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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Guaidó, um presidente de mentira

"Dá dó ver Guaidó imaginando-se presidente sem um único voto. Ele ainda não se deu conta do ridículo a que está se expondo, sendo motivo de chacota no resto do mundo", afirma o jornalista Ribamar Fonseca sobre o "presidente autoproclamado" da Venezuela que tenta derrubar Nicolás Maduro; "O ator José de Abreu, que se auto-proclamou presidente do Brasil, numa crítica inteligente à atitude do venezuelano, tem mais pinta de presidente do que o pupilo de Trump"

Guaidó, um presidente de mentira (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil )
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Dá dó ver Guaidó imaginando-se presidente sem um único voto. Ele ainda não se deu conta do ridículo a que está se expondo, sendo motivo de chacota no resto do mundo. E desfilou em Brasilia, escoltado pelo chanceler desorientado Ernesto Araujo, como se fosse realmente chefe de Estado, para ser recebido pelo presidente Jair Bolsonaro. A impressão que o encontro projetou é que os dois estavam brincando de presidentes, embora o capitão tenha sido efetivamente eleito pelo voto popular. Na verdade, desde que se auto-proclamou presidente da Venezuela que Juan Guaidó, até então um ilustre desconhecido, se projetou internacionalmente como personagem de uma ópera bufa, sob a direção de Donald Trump, que também parece estar brincando de presidente dos Estados Unidos. Poderia até ser uma brincadeira inocente, sem maiores consequências, não fora o envolvimento de milhões de venezuelanos, que podem mergulhar numa guerra indesejada para conter a ambição norte-americana. Os dois, Trump e Guaidó, não estão preocupados com a perda de vidas, desde que alcancem os seus objetivos: Trump quer o petróleo e Guaidó o poder.

Não é fácil conter o riso diante de um Guaidó empertigado, convencido mesmo de que é presidente, acenando para o povo. O ator José de Abreu, que se auto-proclamou presidente do Brasil, numa crítica inteligente à atitude do venezuelano, tem mais pinta de presidente do que o pupilo de Trump. E se a moda pega vamos ter presidentes auto-proclamados em todo o mundo, porque se o negócio é esculhambar a democracia então muita gente vai embarcar na onda do presidente norte-americano. Curioso é que eles próprios se convencem de que estão agindo corretamente, tentando impor a outra nação um presidente tirado do bolso do colete sem um voto e tentam envolver os tolos nessa manobra destinada, única e exclusivamente, a atender seus interesses políticos e econômicos. Porque, na verdade, Trump não está preocupado com o bem-estar do povo venezuelano, mas em meter a mão das enormes reservas de petróleo daquele país. E o vice-presidente Mike Pence, que havia declarado a necessidade de "estrangular financeiramente a Venezuela", ainda teve a cara-de-pau de chamar de "irresponsáveis" os integrantes do chamado Grupo de Lima, porque não aprovaram a sua intenção de invadir militarmente o país de Maduro. Com que direito?

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Afinal, quem Donald Trump pensa que é? O dono do mundo? O xerife do planeta? O senhor das armas? A julgar por sua prepotência e sua interferência na vida de outros povos ele certamente imagina ser uma daquelas opções. Ou as três juntas. Na verdade, porém, não é nenhuma das três, mas a sua megalomania mantém a Terra sob permanente tensão. Que ele é maluco todo mundo sabe, inclusive os norte-americanos, mas ninguém consegue estabelecer os limites da sua loucura, o que significa que enquanto ele for presidente dos Estados Unidos o planeta corre perigo. Ainda bem que os governantes das outras duas nações mais poderosas do Orbe, a China e a Rússia, se mostram comedidas, conscientes de suas responsabilidades na manutenção da paz mundial, pois até hoje não aceitaram as provocações do presidente americano, que briga com todo mundo, embora mais cauteloso em suas ameaças a nações que, mesmo pequenas, como a Coréia do Norte, por exemplo, possuem respeitável poder de fogo. Com seus mísseis intercontinentais, Kim Jong Un fez Trump moderar suas bravatas, obrigando-o a negociações civilizadas, o que não significa que abrirá mão de suas armas nucleares, que são a garantia da sua sobrevivência. Na reunião desta semana, aliás, com o governante da Coréia do Norte, o presidente americano chamou Kim de "grande líder".

O fim das ameaças e a cordialidade no relacionamento de Trump com Kim, conforme foi possível observar na último encontro de ambos no Vietnã, que não resultou em nada, levou o presidente Evo Morales, da Bolivia, a questionar o presidente americano: por que ele se reúne com o ditador coreano, buscando a paz, e não tem o mesmo comportamento diante de Maduro, que já propôs uma reunião para discutir seus problemas? A resposta é simples: Kim Jong Un não tem petróleo, mas tem bomba nuclear. Se o presidente venezuelano tivesse uma só bombinha a história seria diferente e Trump a esta altura- quem sabe? – poderia até chamá-lo também de "grande líder". O fato é que o empenho de Trump em derrubar Nicolás Maduro da presidência da Venezuela, com o apoio dos vira-latas do Brasil, Colombia, Argentina e Paraguai, entre outros, contradiz o seu discurso de democrata. Ele acusa Maduro de ditador, acusação repetida pelos lacaios da América do Sul, e quer impor o trêfego Juan Guaidó, treinado nos Estados Unidos, como seu substituto, sem uma eleição e sem o apoio da maioria do povo venezuelano. Que autoridade tem Donald Trump para interferir na vida de outros povos e impor nomes para presidi-los? Se os americanos não gostaram da suposta interferência dos russos na eleição de Trump, como podem apoiar a interferência na Venezuela?

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Na verdade Trump pensou que derrubaria Maduro com a mesma facilidade com que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, para por as mãos no pré-sal brasileiro. Aqui os traidores da Pátria cumpriram o seu papel, destituindo uma presidenta legalmente eleita para assumir o poder e entregar exatamente o que os americanos queriam: o nosso petróleo. E de brinde ainda vão levar a Embraer, a base espacial de Alcântara, a Eletrobrás e – quem sabe? – um pedaço da Amazonia. Todos os responsáveis por essa entrega da nossa soberania, infiltrados nos três poderes, deveriam no futuro ser julgados por alta traição ao país. O golpe de 2016, que recolocou o Brasil na condição de quintal dos Estados Unidos, se completou com a prisão do ex-presidente Lula, impedindo a sua eleição ano passado – ele estava virtualmente eleito, segundo as pesquisas – e permitindo a ascensão de Bolsonaro, que faz questão de demonstrar a sua submissão ao Império do Norte. E o Brasil, que deveria ser o líder da América do Sul e mediador de todos os conflitos regionais, perdeu a liderança, o respeito e a importância no contexto mundial porque se colocou, no governo Bolsonaro, a reboque dos Estados Unidos. Não fora a sensata posição do vice-presidente Hamilton Mourão, na reunião do Grupo de Lima, e talvez hoje estivéssemos envolvidos numa guerra imbecil com o país vizinho. O fato é que com o fracasso da tal "ajuda humanitária" Guaidó ainda vai ter de esperar, sentado, para ser presidente de verdade.

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