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Igor Corrêa Pereira

Igor Corrêa Pereira é técnico em assuntos educacionais e mestrando em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro da direção estadual da CTB do Rio Grande do Sul.

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Guedes ainda sustenta Bolsonaro?

Paulo Guedes é o fiador do governo Bolsonaro junto ao mercado. É avalizado como um economista liberal. Mas o liberalismo é homogêneo? Paulo Guedes é uma unanimidade entre os liberais?

Ministro Paulo Guedes fala a jornalistas próximo a Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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O sistema Data Prev que gerencia os dados do governo federal referentes aos cadastros do auxílio emergencial, informa segundo dados dessa semana (19/05), que seis milhões de pessoas ainda não receberam a primeira parcela do auxílio emergencial. A ajuda de 600 reais, aprovada no início de abril, há mais de um mês, para trabalhadores informais e autônomos, vem sendo administrada a conta-gotas, com muitos problemas e evidente má-vontade do governo Bolsonaro, que já deu declarações, juntamente com o ministro Paulo Guedes, de que seria inviável continuar pagando o auxílio. 

Paulo Guedes é o fiador do governo Bolsonaro junto ao mercado. É avalizado como um economista liberal. Mas o liberalismo é homogêneo? Paulo Guedes é uma unanimidade entre os liberais? No momento em que o debate da oposição a Bolsonaro é a formação de uma Frente Ampla para derrotá-lo, cabe o questionamento: existe uma oposição liberal a Bolsonaro e Guedes?

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O jornalista autodeclarado liberal Reinaldo Azevedo, que usa seu microfone e blog para uma diuturna campanha contra Bolsonaro, comentou em seu programa na Rede Band News FM essa demora que a ajuda está chegando aos pobres em tom de indignação. Ele sugeriu inclusive a impressão de papel moeda para pagar o auxílio, lembrando que essa tese seria defendida por Henrique Meirelles, um liberal insuspeito e que é reconhecido por todo o sistema financeiro. O economista liberal André Lara Resende escreveu artigo na Folha de São Paulo recentemente onde dispara: "Qualquer pessoa de bom senso concorda que o Estado deve gastar o que for necessário na saúde e na ajuda assistencial aos que estão sem emprego, sem renda e sem alternativas". 

Ou seja, daí depreendemos que existe uma tensão com Bolsonaro também no quesito política econômica, que parecia o único pilar intocável de seu governo. A premissa de que todos os liberais, leia-se o empresariado em conjunto, e que todos os nomes ligados ao mercado financeiro, estariam satisfeitos com a política econômica do governo, vem perdendo força. 

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RA criticou também a declaração de Guedes que disse só aceitar discutir a extensão por mais meses do auxílio emergencial, que atualmente está previsto para três parcelas, se forem cortados gastos sociais como farmácia popular e auxílio defenso a pescadores. Ele considerou o governo como "sem cura" e "em estado terminal". Sobre o anúncio de cortes em gastos sociais e congelamento do salário do funcionalismo público, Azevedo bradou "Vocês estão brincando? Se não conseguiram aprovar esses cortes quando estava tudo bem, como é que os querem agora que está tudo mal?". A ideia defendida por certos liberais de que o Estado brasileiro seria babá de pobre foi ridicularizada pelo jornalista, que ironicamente lembrou que se assim fosse, daqui a pouco o Brasil seria invadido por pobres da Suécia, Finlâdia, Alemanha, atraídos pelos supostos maravilhosos benefícios de ser pobre no Brasil. Quem conhece minimamente a realidade de algum bairro humilde do Brasil, sabe que a ideia da pobreza ser tratada com regalias é uma piada de mau gosto. 

O ministro Guedes se esforça para tornar o ódio às classes populares uma política liberal. Demora para socorrer não só trabalhadores em vulnerabilidade como também micro e pequenas empresas. Todos os liberais concordam com isso? É possível ouvir vozes dissonantes. Manter o rumo da economia cortando gastos sociais justamente no momento em que o Estado precisa ser mais presente, precisa gastar mais, não é consenso nem entre os liberais. Que há consenso desde há muito que Bolsonaro precisa ser derrotado porque é uma ameaça a vida das pessoas com seu negacionismo frente ao COVID-19, porque ameaça a democracia, porque está envolvido em graves denúncias que precisam ser investigadas, isso parecia mais consolidado. Mas mesmo no quesito de manutenção do rumo da economia, Bolsonaro e Guedes estão longe de ser uma unanimidade. A conjunção de crises também tem um fator econômico importantíssimo, e Guedes se prende a dogmas desatualizados e tenta aplicar as mesmas receitas para novos problemas, e isso associado a rápida deterioração da economia, vai minando sua sustentação até mesmo entre a direita liberal. A gravação da reunião ministerial que está mantida sob sigilo do ministro do STF Celso de Mello pode conter mais um episódio da longa guerra ideológica que o governo empreende com o principal parceiro econômico do país, a China. Qual liberal sério vai continuar ao lado de um sabotador das principais relações comerciais do país?

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Se a condução da política econômica era o único pilar ainda não arruinado do governo, já não é mais. Apresenta severas fissuras, e a casa de Bolsonaro pode cair.

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