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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Guedes: mentira no poder

Paulo Guedes, no Congresso, mais uma vez, deu espetáculo de mentira e manipulação ideológica, como é comum dos neoliberais, que acreditam no que não mais existe no mundo, salvo na imaginação dos ingênuos e dos prestidigitadores profissionais: a livre economia de mercado no mundo globalizado em encarniçada guerra comercial

Guedes: mentira no poder (Foto: Fabio Pozzebom - Agência Brasil)
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Paulo Guedes, no Congresso, mais uma vez, deu espetáculo de mentira e manipulação ideológica, como é comum dos neoliberais, que acreditam no que não mais existe no mundo, salvo na imaginação dos ingênuos e dos prestidigitadores profissionais: a livre economia de mercado no mundo globalizado em encarniçada guerra comercial. Como prestidigitador, é um grande profissional. Por isso, desperta admiração nos desavisados crápulas empedernidos crentes em fantasias escapistas. Seguinte: a grande fonte do desajuste fiscal, como reconhece o ex-tucano Lara Resende, que está incomodando seus colegas de academia, do mercado e do governo, que, agora, fogem dele, por estar dizendo a verdade, não é a previdência, como diz Guedes, mas a política monetária, que vem sendo aplicada pelo BC, desde o Plano Real de FHC, em 1994.

Faz 25 anos, a taxa de juros é fixada pelo BC, comandado pelos banqueiros, acima da taxa de crescimento da economia. Essa manobra só serve para transferir recursos dos setores não financeiros (educação, saúde, segurança, infraestrutura, previdência, transferências para Estados e municípios etc), para os setores financeiros (juros e amortizações da divida). Utilizaram o argumento teórico ideológico de que a inflação decorre de excesso de consumo. Como são os setores não financeiros que geram renda disponível para o consumo, sem o qual não há desenvolvimento sustentável, a forma de combater excesso de consumo que pressiona, teoricamente, inflação, é diminuir oferta de dinheiro na circulação capitalista, produzindo escassez que eleva o juro para inibir demanda. Esse diagnóstico mentiroso foi desmascarado pela ultima grande bancarrota capitalista global em 2008.

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As dividas publicas dos governos em geral implodiram justamente porque sobre elas haviam incidido demasiadamente ao longo de anos juros altos acima do crescimento da economia. O custo elevado do dinheiro encareceu as dividas e anulou sua função essencial de financiar desenvolvimento nacional. Que fizeram os governos capitalistas ricos para se salvarem? Aumentaram a oferta de dinheiro e baixaram os juros. Dessa forma, com juro na casa dos zero ou negativo, governos, famílias e empresas, todos endividados, em excesso, puderam respirar, renegociando seus papagaios. Ficou desmoralizada a tese dos banqueiros, comandantes dos bancos centrais e patrões dos Paulo Guedes da vida, de que inflação é puramente fenômeno monetário.

Os governos, para se livrarem de bancarrotas financeiras, fizeram o contrário: mais dinheiro em circulação, menos juros, mais desenvolvimento, melhor distribuição de renda. Caiu por terra o mito da inflação como sendo produzida pelo consumo dos mais pobres. E o capitalismo meramente rentista tornou-se problema. Comprovou-se que os desajustes fiscais são produtos dos juros altos. Da mesma forma, ficou cristalina a verdade de que quem aumenta inflação não é excesso de gastos sociais, ou aumento de salários, mas sim os juros altos. A insuficiência de consumo, como se comprovou, é, tão somente, produto de concentração excessiva da renda, devido à fixação dos juros acima do crescimento da economia, como esclareceu Lara Resende.

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Nos países capitalistas desenvolvidos, a dívida, graças a essa prática de manter juro menor que crescimento do PIB, trabalha a favor do desenvolvimento sustentável. Por isso, prevalece, nessas economias, melhor distribuição de renda e consequente democratização do poder. Nas economias capitalistas periféricas selvagens, como a brasileira, a dívida pública, ao contrário, transformou-se em instrumento de superexploracão dos ricos sobre os pobres e promotoras de subdesenvolvimento, graças à prática perversa de extração de renda via fixação, pelo BC, de juro bem acima do crescimento do PIB.

O medo da democracia tornou-se crescente, por aqui, por parte das elites, porque, justamente, cresceu conscientização sobre essa forma de exploração, no sentido de combatê-la. Por termo a ela, no contexto democrático, é uma exigência social crescente. Essa mamata tem que acabar sob pena de levar o país à convulsão social. Tenta -se, então, por meio dos agentes da exploração social, tipo Paulo Guedes, buscar outras formas de extração forçada de renda dos mais pobres, para manter a sobreacumulacão ampliada de capital, dando cabo do maior programa de distribuição de renda do país, talvez, do mundo, que é o sistema de seguridade social.

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Roubar a aposentaria de quase 75 milhões de brasileiros, do regime geral de previdência, acabando com o regime de repartição social democrata, colocando em seu lugar o regime de capitalização, tornou-se imperativo categórico kantiano . Os credores da dívida, temerosos de perderem o mando da política monetária por meio da qual roubam o povo na agiotagem, fixando juro acima do crescimento do PIB, tentam, agora, saltar sobre a jugular dos trabalhadores de baixa renda para sugar até a última gota do seu sangue.

Está em marcha, no Brasil, nesse instante, um dos momentos mais dramáticos da luta de classe mundial. De um lado, o governo Bolsonaro , sucursal do império de Tio Sam; de outro, o povo agarrado na Constituição de 1988, bastão da resistência democrática de direitos sociais, ameaçados pelos abutres sanguessugas. Os militares que estão avalizando essa cruzada antissocial contra o povo, com razão, temem sair queimados e cobertos de impopularidade. Sua proclamada função de defender o interesse público vira farsa, se se mantiverem ao lado dos banqueiros, os algozes do povo.

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