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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Guerra monetária China-EUA abala real e tripé neoliberal

Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
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Salve-se quem puder

É o que mais se teme dentro do governo nesse momento, ou seja, a estabilidade da moeda nacional.

A desvalorização cambial chinesa em resposta às sobretaxas às suas exportações pelos Estados Unidos obriga todo mundo a desvalorizar, como destacou o secretário de política econômica, Mansueto Almeida.

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Se não desvalorizar, aumentam as importações em relação às exportações, e o país acumula déficit comercial, que, no curto prazo, produz colapso cambial, déficit em contas correntes no balanço de pagamento, isto é, a morte da economia, como dizia o ex-ministro Simonsen.

Como a economia está parada há 23 semanas consecutivas, de acordo com pesquisas semanais Focus, sinalizando PIB abaixo de 1%, inflação cadente, desemprego ascendente etc e tal, torna-se impossível a reação interna via consumo, para conter o déficit externo, gerando receitas, para continuar pagando importações.

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Sem consumo interno, a desvalorização da moeda, imposta de fora para dentro pela guerra EUA-China, gerando pressão inflacionária, complicaria manutenção do congelamento neoliberal, expresso no teto de gastos, vigente desde o golpe de 2016, com previsão para durar vinte anos, em nome da austeridade fiscal.

Pintaria colapso econômico, forçado pela desvalorização chinesa, agravado pelo estrangulamento gerado pelo congelamento neoliberal.

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Qual a válvula de escape, para evitar ampliação do déficit comercial e do balanço de pagamento, detonada pela desvalorização chinesa?

O ministro Paulo Guedes deve apressar liberação de depósitos compulsórios, como já disse, semana passada, e, igualmente, lançar mão das reservas internacionais, para irrigar a praça, a fim de jogar os juros para baixo e tentar retomada das atividades produtivas.

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No limite, pode ser obrigado a recuar no congelamento, especialmente, se, por pressões geopolíticas, as exportações de commodities sofrerem colapso no contexto da guerra EUA-China.

As chances brasileiras de aumentar exportações de grãos crescem diante da interrupção dos chineses em importarem grãos americanos, mas Trump poderá, em nome do alinhamento geopolítico Brasil-EUA, exigir de Bolsonaro que segure vendas de soja para China.

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Bolsonaro obedeceria, contrariando o agronegócio, que lhe garante maioria no Congresso?

Adeus, tripé

O fato é que a desvalorização cambial chinesa abala o tripé neoliberal – metas inflacionárias, superávit primário e câmbio flutuante –, imposto pelo Consenso de Washington, a partir de 1998.

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Desvalorizarão do real, para evitar déficit em contas correntes no balanço de pagamento, produz pressão inflacionária, jogando para os ares as metas previstas.

Por sua vez, pressão inflacionária leva o BC a puxar os juros, que inviabiliza recuperação das atividades produtivas, e o câmbio, frente à inflação ascendente, passa a oscilar, selvagemente, intensificando especulação financeira.

A equipe econômica está com barbas de molho: não pode mais fazer o que os tucanos fizeram, em 1994, para combater inflação, adotando câmbio fixo, porque não há dinheiro em caixa para bancar importações superiores às exportações, diante de moeda artificialmente valorizada.

FHC aguentou de 1994 a 1998, o combate artificial à inflação, para garantir segundo mandato, mas levou a economia ao colapso cambial, à desindustrialização e ao desemprego incontrolável.

Logo depois da vitória, praticou estelionato eleitoral – desvalorizou a moeda e, na sequência, pediu socorro ao FMI.

Em 2002, a inflação estava de volta, na casa dos 6%, obrigando o BC a puxar juro na casa dos 20% e o desemprego disparou para 12% da população economicamente ativa.

Nunca mais tucano ganhou eleição presidencial.

Teve que partir para o golpe neoliberal de 2016, depois de perder mais uma disputa, em 2014, para o PT.

O tripé sobreviveu, relativamente, até agora, de 1998 a 2019.

Com a guerra comercial entre as duas potências, tudo muda.

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