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Jeferson Miola

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Guerra por procuração, escudos humanos e os riscos de uma guerra de guerrilhas na Ucrânia

No inflamado discurso sobre o Estado da União, o presidente Biden fechou as portas para qualquer negociação com Moscou

Posto do Serviço de Guarda de Fronteira do Estado ucraniano danificado por bombardeios na região de Kiev (Foto: Reuters)
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O apoio dos EUA e governos europeus à Ucrânia não se restringe aos níveis político, diplomático e humanitário. O presidente Joe Biden e dirigentes de vários países da União Européia também decidiram apoiar Kiev militarmente, por meio do envio de dinheiro, armas e munições à Ucrânia.

É a prática de terceirização da guerra, a chamada guerra por procuração:

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“uma guerra por procuração é um conflito armado entre dois Estados ou atores não estatais que agem por instigação ou em nome de outras partes que não estão diretamente envolvidas nas hostilidades. Para que um conflito seja considerado uma guerra por procuração, deve haver uma relação direta e de longo prazo entre os atores externos e os beligerantes envolvidos.

A relação acima mencionada geralmente assume a forma de financiamento, treinamento militar, armas ou outras formas de assistência material que auxiliam uma parte beligerante a sustentar seu esforço de guerra” [fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Proxy_war].

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Além do apoio militar que exacerba o conflito ao invés de amainá-lo, os sócios da OTAN continuam reivindicando a adesão da Ucrânia à aliança. A presidenta da Comissão Européia Ursula von del Leyen jogou mais gasolina no incêndio ao declarar que “a Ucrânia pertence à União Europeia e o bloco quer que ela faça parte” [27/2].

Esta posição retira do horizonte a possibilidade imediata de uma solução política e diplomática do conflito nos termos propostos pela China

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Esses elementos combinados – a guerra por procuração e a intransigência política – desenham, portanto, um cenário sombrio e potencialmente incontrolável não só na Ucrânia, mas também na Europa. Com todas as consequências mundiais, de dimensões imprevisíveis.

Com o reforço da capacidade bélica ucraniana, a OTAN aposta conseguir prolongar ao máximo o confronto. Desse modo, aumenta os custos, os prejuízos humanos, materiais e militares mas, sobretudo, amplia o desgaste e o isolamento político e moral de Vladimir Putin.

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O risco desta tática desembocar em uma guerra de guerrilhas é muito grande. E talvez seja esse mesmo o efeito desejável pelos seus idealizadores.

A ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton sustenta que “temos que fornecer armas suficientes para o exército e voluntários ucranianos e temos que continuar apertando os parafusos”. Ela lembra como exemplo desta opção que “uma insurgência altamente motivada e depois financiada e armada basicamente expulsou os russos do Afeganistão”.

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A esta perspectiva já por si bastante grave e preocupante, adiciona-se ainda a conclamação do presidente Zelensky para a população civil pegar em armas e se perfilar ao lado do Exército. “Nossos militares precisam desse apoio da nossa população. Temos um exército de pessoas poderosas. Nossa população também é um exército poderoso, então apoiem os militares”, conclamou.

O líder ucraniano também decidiu mandar para os campos de batalha os presos libertados das prisões do país. “Qualquer um que pode se juntar à luta contra os invasores deve fazer. Ucranianos com experiência real em combate serão libertados de custódia e serão capazes de compensar suas culpas nos principais pontos da guerra”, anunciou Zelensky.

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A formação de escudos humanos com a população civil é uma prática catastrófica que deve ser, inclusive, classificada como terrorista. A interposição de escudos humanos explica, na visão de um jornalista russo consultado, o movimento calculado das forças russas, que cercam as cidades sem, contudo, entrarem em confrontos diretos, para evitar o desfecho catastrófico. O Exército russo emite comunicados pedindo à população ucraniana que abandone as cidades.

A posição irresponsável dos sócios da OTAN no conflito corrobora as suspeitas sobre o “interesse oculto” que os EUA e aliados europeus na verdade alimentaram para alcançar este resultado dramático que o mundo, perplexo, testemunha.

No inflamado discurso sobre o Estado da União [1/3], o presidente Biden fechou as portas para qualquer negociação com Moscou, o que é inaceitável para um país com as responsabilidades, o poder e o peso geopolítico dos EUA.

Uma estupidez leva a outra estupidez. O conflito da Ucrânia entrou em uma espiral contínua de estupidezes. Caso o conflito se prolongue no tempo por bloqueio dos canais diplomáticos ou por combates sem fim, aumenta o risco de evoluir para uma guerra de guerrilhas.

Um detalhe que provisoriamente arrefece esta hipótese, como lembra o professor Francisco Teixeira da UFRRJ: os mapas com a localização do avanço das tropas russas no território ucraniano mostram que os russos estão se estabelecendo nas regiões russófilas da Ucrânia, sem adentrar nas áreas pró-ocidentais e, portanto, pró-OTAN.

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