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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Há quem queira Flávio Dino na frigideira de Mucio

"Frustrados e rangendo os dentes, os comandantes agora dão a sua mãozinha aos que querem ver pelas costas o ministro Flávio Dino", escreve Denise Assis

Os ministros Flávio Dino (Justiça) e José Múcio Monteiro (Defesa) (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por Denise Assis, para o 247 

Não são apenas os terroristas invasores dos três poderes de Brasília que o ministro da Justiça, Flávio Dino, tem tido que enfrentar. Pelo que chamam de “excesso de exposição” na mídia, impulsionada pela obrigação de ter que esclarecer à opinião pública sobre o desenrolar dos fatos e suas providências, Dino tem sentido que os tapetes, embora empapados da água que jorrou dos esguichos contra incêndio, às vezes lhes fogem dos pés.

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Mesmo há poucos dias no poder, quando teve de agir ainda antes de ser entronizado no cargo, dado à barbárie que se instalou na capital desde o dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (12/12), o ministro já sofre desgastes e frituras dos que no palácio tentam apontar falhas em sua atuação no domingo (dia 08/01), depositando em sua conta mais do que a evidente (há gravações) traição do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.

Enquanto isto, tentam salvar a pele do ministro da Defesa, José Mucio, que já declarou (ou não?) que não arreda pé da pasta conquistada a custa de muitos cafezinhos com os comandos.  

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Em seus gabinetes, eles fervem em seus postos inconformados com o fato de o ministro Flávio Dino não ter recorrido a eles, mais uma vez, para uma “tutela” básica. Espertamente, vislumbrando o plano arquitetado na caserna, onde florescia a esperança – não no novo governo, como a que acometeu a todos nós -, mas a de serem chamados para “salvar a pátria” através de uma ação da Garantia da Lei e da Ordem – GLO – o ministro preferiu pedir socorro à Força Nacional. E, ainda, auxiliado pelo presidente Lula, que agiu prontamente, contou também com o afastamento a bem da Segurança do Distrito Federal, do governador traíra. Mas, para sua decepção, também na Força Nacional havia um ninho de bolsonaristas, dispostos a conduzir os terroristas pela porta dos fundos do Planalto para escaparem à prisão.

Como todos sabemos, Bolsonaro passou quatro anos se embrenhando por dentro das instituições e aparelhando (isto sim, grande mídia! É aparelhamento!) todas elas, a fim de dar o golpe que não teve tempo, apoio (ou coragem) de dar enquanto estava sentado na cadeira.  

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A consequência foi que ao chegarem aos três espaços de poder, os terroristas não tinha quem os barrassem. A bem da verdade, quase foram recebidos com um coquetel. Falhou o Batalhão Duque de Caxias, que tem em seu hino, versos tais como: “Desde o império sentinela imortal” ... Mas vamos combinar que ninguém é de ferro e era domingo. Os 200 componentes da guarda devem ser imortais somente em dias úteis.

Ou, estavam cientes do plano, que ao que parece englobava também o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), dantes comandado pelo general Heleno, e agora pelo general Gonçalves Dias. Acontece que no calor dos acontecimentos, com o governo ainda trocando seus quadros, o comando era de um general já do Governo Lula, mas os comandados ainda entusiasmados defensores do governo derrotado. Uma composição exótica para dizer o mínimo. Não fosse assim e os invasores não teriam ido aos armários e pegado armas, documentos e equipamentos – principalmente os de interesse de Heleno e Bolsonaro.  

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O ansiado chamado da GLO não veio. Só para lembrar, quando acionada, a GLO, que são operações especiais de segurança, permitidas pelo famigerado e mal redigido artigo 142 da Constituição Federal, ela concede aos militares o poder de atuar como polícia. Só podem ser decretadas exclusivamente por ordem expressa da Presidência da República, por motivação ou não dos governadores ou dos presidentes dos demais Poderes constitucionais. Sendo instaladas quando há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública em casos graves de perturbação da ordem. Claro que se encaixava como uma luva na situação de domingo, mas Dino a escanteou.

Frustrados e rangendo os dentes, os comandantes – que seguraram até o último minuto o bando de terroristas e parentes e amigos de José Mucio na porta dos quartéis -, agora dão a sua mãozinha aos que com o governo apenas iniciando, querem ver pelas costas o ministro Flávio Dino. De quebra, se puderem empurrar para o fogo o ministro Alexandre de Moraes, manterão a esperança de que em uma nova onda de ataques – que aguardam, aconteça -, levem como prêmio a cabeça reluzente do ministro.

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O governo do presidente Lula segue conduzindo com mão firme as suas atividades e na liderança dos acontecimentos. O golpe não vingou e Lula já disse que não haverá bis. O mundo olha para o Brasil e promete sansões draconianas e ajuda sem medidas ao presidente do país. Porém, seria de bom tom uma reforma na sua estrutura de inteligência. Conservar o GSI e a Abin nos moldes atuais, é não conseguir mapear quem está ou não do seu lado. Resta o conforto: chefes de Estado do mundo todo se declararam amigos.   

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