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Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

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Hospício Brasil: estupidez bolsonariana avança no trem fantasma desgovernado

O jornalista Ricardo Kotscho avalia que Bolsonaro "além de se preocupar com a nossa vida sexual e censurar propagandas, agora quer também decidir que cursos superiores nossos filhos e netos devem seguir"; "Nem aquele adolfinho alemão, de triste lembrança, que inspira a nova ordem, chegou a pensar nisso", reflete 

Hospício Brasil: estupidez bolsonariana avança no trem fantasma desgovernado (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Na mesma quinta-feira, 25 de abril de 2019, desde o café da manhã no Planalto com jornalistas convidados, que tiram selfies com ele, até o final do dia, o capitão Jair Bolsonaro disse as seguintes barbaridades:

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“O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay, porque aqui temos famílias”.
“Quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade”.
“Tomei conhecimento uma vez que certos homens ao ir ao banheiro só ocupavam o banheiro para fazer o número 1 no reservado e soube de um número alarmante: mil amputações de pênis por ano no Brasil por falta de água e sabão”.

Cada frase dessas, isoladamente, já mereceria uma atenção maior sobre o que pensa e preocupa o presidente da República de um país afundado na maior crise econômica e de desemprego da sua história.

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É estranha essa fixação dele, dos filhos e do guru da família com os órgãos sexuais alheios.

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No mesmo dia ainda, Bolsonaro mandou tirar do ar um comercial do Banco do Brasil e demitir o diretor de marketing da instituição porque na peça, dirigida ao público jovem, atores representavam a diversidade racial e sexual.

A propaganda estava no ar desde o dia 14 de abril e o capitão não gostou do que viu: cenas em que apareciam jovens, negros, tatuados e uma transsexual.

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Não parou por aí. Nesta sexta-feira, abri o computador e dei de cara com a manchete do portal O Globo:

“Após veto a comercial do BB, todas as peças de estatais vão passar por aprovação do Planalto”.

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Ou seja, está instituída a censura prévia na propaganda, assim com já foi anunciado que farão com as questões do exame do Enem. Bolsonaro quer ver tudo antes.

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Detalhe: quem vai decidir o que pode e não pode é o chefe da Secom, general (claro, só podia ser) Santos Cruz, secretário geral da Presidência.

Ao mesmo tempo, em outra área do hospício, a polícia política de Sergio Moro tentou melar a entrevista exclusiva do ex-presidente Lula aos jornalistas Mônica Bergamo, da Folha, e Florestan Fernandes Junior, do El País.

A PF comandada por Moro tinha resolvido convidar jornalistas amigos para acompanhar a entrevista, montando um circo em Curitiba, mas foi impedida por uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que mandou cumprir a decisão do STF, sem palhaçadas.

Daria para ficar o dia inteiro aqui escrevendo sobre a estupidez e o show de horrores dos tripulantes deste trem fantasma desgovernado, o que eles fizeram e falaram esta semana, mas hoje é sexta-feira, dia de almoçar com os amigos, que ninguém é de ferro.

Antes de encerrar este texto porém, não posso deixar de registrar que hoje de manhã Bolsonaro anunciou mais uma ofensiva contra o “marxismo cultural”, como informa o portal do Estadão:

“Bolsonaro diz que MEC estuda tirar dinheiro de áreas de humanas”.

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Pelo Twitter, o capitão explicou que o objetivo é tirar recursos da área de humanas, como filosofia e sociologia, para “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina.

Maravilha. Além de se preocupar com a nossa vida sexual e censurar propagandas, o presidente agora quer também decidir que cursos superiores nossos filhos e netos devem seguir.

Nem aquele adolfinho alemão, de triste lembrança, que inspira a nova ordem, chegou a pensar nisso.

Em resumo: estamos lascados, num mato sem cachorro.

Com esse desgoverno, não há o menor perigo de tão cedo voltarmos a ter uma vida normal.

O hospício já está superlotado e a cada dia aparecem novos tripulantes no trem com novas ideias geniais.

Qual será a próxima?

Bom fim de semana.

Vida que segue.

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