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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Impeachment ficou para as calendas gregas

"Pode se chamar Maia do que se quiser, mas a prerrogativa de abrir impeachment é exclusiva dele e já está claro – se é que não estava – que ele não vai abrir esse debate nos seis meses de mandato que restam", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro (Foto: divulgação)
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Tomei um susto ao ouvir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dizer, na entrevista ao Roda Viva que as acusações de crime de responsabilidade contra Dilma eram mais graves que as contra Bolsonaro, por isso votou contra ela. Ele poderia ter dito qualquer coisa, menos isso.

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Não houve crime da Dilma, mas criou-se um clima político para derrubá-la. Um conluio. Um golpe. Eduardo Cunha convenceu a maioria conservadora que era hora do motim. E que o motim vitorioso seria mais vantajoso para todos. Maia aderiu ao motim.

A situação, agora, é inversa.

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Há uma lista enorme de crimes de responsabilidade que podem ter sido cometidos por Bolsonaro - basta ler o artigo 85 – e que deveriam ser investigados por meio do impeachment, mas não há votos para derrubá-lo.

Não há votos (a começar do dele) porque tanto ele quanto a bancada conservadora, que é majoritária, quer de qualquer maneira aprovar as reformas ultraliberais de Paulo Guedes, que só podem ser empurradas goela abaixo da população por um governo autoritário.

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Pode se chamar Maia do que se quiser, mas a prerrogativa de abrir impeachment é exclusiva dele e já está claro – se é que não estava – que ele não vai abrir esse debate nos seis meses de mandato que restam.

Nem calendário há para isso. Daqui a pouco começam as campanhas municipais. Não haverá quorum presencial. Também não há como chamar multidões às ruas. E sem multidões nas ruas não se faz impeachment. Nem as pesquisas ajudam: nenhum Congresso derruba presidente com 30% de aprovação.

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E, se nos próximos seis meses a possibilidade de impeachment é igual a zero, menor ainda será se, em fevereiro de 2021 Arthur Lira for eleito novo presidente da Câmara.

Lira vai colocar na pauta todos os decretos autoritários e retrógrados que Maia conseguiu segurar até agora, o projeto ultraliberal de Paulo Guedes e o impeachment, é claro, irá para as calendas gregas, expressão latina que designa o dia inexistente.

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E por que se desenha tão claramente a vitória de Lira?

Porque a disputa vai se dar entre Maia e Bolsonaro. Lira é o candidato de Bolsonaro, Maia ainda não tem um, mas deve ser alguém do eixo DEM-MDB.

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O fiel da balança serão os deputados de centro-esquerda.

Se Maia conseguir atraí-los terá mais chance de fazer seu sucessor, caso contrário seu rebanho vai passar para o outro lado da cerca, o lado do Lira. E ba-bau.

Com um pé no Executivo, outro no Legislativo, e dois ministros do peito no Judiciário, o projeto autoritário de Bolsonaro estará bem encaminhado.

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