Impeachment pode dar em Lula vs. Ciro no segundo turno

Por Alex Solnik 

O governador paulista não disfarça sua ansiedade em ver Bolsonaro fora do Planalto. 

Virou o maior entusiasta do impeachment.

Óbvio que isso é bom. Os brasileiros agradecem. Depois de ajudar a combater um vírus, ajuda a combater o outro. Sem vírus e sem Bolsonaro será um outro Brasil.

Mas também é óbvio que Doria está de olho no espólio eleitoral do ex-aliado, não por ser ex-aliado, mas por ser tucano. 

Bolsonaro foi eleito, em 2018, afinal, com os votos que Aécio teve em 2014. Se não disputar em 2022, seus eleitores poderão voltar ao ninho. Essa é a aposta de Doria. 

Mas não dá pra contar com o ovo na galinha. A julgar pelo histórico das eleições, os eleitores do candidato que se retira costumam dividir-se entre vários, não migram para um só, e nem sempre respeitam o espectro ideológico. 

Em 2018, quando Lula foi preso, boa parte de seus eleitores  migrou para Bolsonaro. E o inverso pode acontecer se Bolsonaro ficar fora. Há uma parcela de eleitores que escolhe o candidato em razão de preferências ideológicas, mas a maioria vota no carisma, não na ideologia.

As intenções de voto que as atuais pesquisas dão a Bolsonaro, deverão migrar, mais ou menos igualmente, se ele ficar fora, para Ciro, Doria e Lula.

A tendência, portanto, é que Lula aumente ainda mais a sua vantagem na liderança, Ciro, que aparece em terceiro, suba para o segundo, e Doria, que está em quarto, vá para o terceiro.

Impeachment de Bolsonaro tende a dar Lula vs. Ciro no segundo turno.