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Jeferson Miola

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Impunidade mostra que tortura e crimes contra a humanidade compensam

"Neste 9 de março morreu o ex-delegado da Polícia Civil do RS Pedro Seelig, que chefiou o DOPS de Porto Alegre", escreve Jeferson Miola

(Foto: Reprodução)
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Por Jeferson Miola

Neste 9 de março morreu o ex-delegado da Polícia Civil do RS Pedro Seelig, que chefiou o DOPS [Departamento de Ordem Política e Social] de Porto Alegre durante a ditadura militar.

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Seelig morreu de infarto. O atestado de óbito não registra, contudo, que ele morreu impune. A morte deste facínora impune significa, portanto, também a morte da justiça, da memória e da verdade.

Como lembra o jornalista Alexandre Costa, do site esquinademocratica, Pedro Seelig ficou conhecido como o “Fleury dos Pampas”. Ele “foi acusado inúmeras vezes de ser responsável pelas torturas de presos políticos. As barbáries cometidas nos porões do DOPS não eram apenas comandadas por Seelig. Muitas vezes, ele próprio torturava os presos”, escreveu Alexandre.

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No contexto da Operação Condor – coordenação das ditaduras do Cone Sul na repressão atroz contra militantes de esquerda –, Seelig participou do sequestro do casal uruguaio Lilian Celiberti e Universindo Díaz em novembro de 1978, no bairro Menino Deus na capital gaúcha. Com o casal, estavam os dois filhos pequenos de Lilian, também sequestrados.

Lilian, seus dois filhos e o companheiro Universindo só não foram mortos devido a um telefonema anônimo que o jornalista uruguaio Hugo Cores, então exilado em São Paulo, fez ao jornalista Luís Cláudio Cunha, da sucursal da Veja no Rio Grande do Sul à época, alertando que a quebra de comunicação entre eles poderia significar alguma abordagem da repressão. Hugo Cores estava certo.

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Com o telefonema [anônimo, pois na ocasião Cores não se identificou], Cunha e o repórter fotográfico João Batista Scalco [JB Scalco], também da revista Veja, foram ao apartamento onde a família uruguaia residia. Lá, encontraram os agentes do DOPS chefiados por Seelig mantendo Lilian como uma prisioneira. Universindo Díaz e os dois filhos dela já tinham sido trasladados clandestinamente ao Uruguai.

A denúncia de Luís Cláudio Cunha [que em 2008 publicou o livro Operação Condor, o sequestro dos uruguaios] evitou o desfecho macabro que tiveram milhares de outras vítimas das ditaduras que atuaram como uma empresa SA da tortura e do crime nesta região da América do Sul.

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Este episódio ficou conhecido como a única empreitada repressiva mal sucedida da Operação Condor.

Em 1980 Pedro Seelig foi absolvido das acusações por “falta de provas”. E, portanto, ele morreu com a mesma inocência com que chegou ao mundo, como se não tivesse praticado barbaridades que lhe renderam o apelido de Fleury dos Pampas.

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A impunidade mostra que a tortura, a repressão e os crimes contra a humanidade compensam, como confirmam os militares de dentes arreganhados que hoje ameaçam o pouco que ainda resta de democracia e de Estado de Direito no Brasil.

É preciso exigir sempre, e até que todos facínoras sejam processados e condenados, justiça, memória e verdade. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!

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* fotografia do COOJORNAL – órgão da cooperativa dos jornalistas de Porto Alegre, extraída do site www.esquinademocratica.com

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