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Hélio Rocha

Repórter de meio ambiente e direitos sociais, colaborador do 247

119 artigos

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Inércia no quadro estadual em MG

Estratégia nenhuma tornará Pimentel viável se sua campanha não pensar uma estratégia urgente de retração de seus níveis de desaprovação à frente do Governo estadual, hoje batendo a casa dos 60% de ruim ou péssimo

Inércia no quadro estadual em MG (Foto: Roberto Stuckert Filho)
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Passado um mês do início oficial das campanhas nas eleições de 2018, o quadro na corrida ao Governo de Minas Gerais segue estabilizado, com o atual governador, Fernando Pimentel (PT), enfrentando dificuldades para sair da casa dos 20%, tendo atingido 22% na última pesquisa Ibope, divulgada na última quarta-feira (12). O líder, o ex-governador Antônio Anastasia (PSDB), tem 34%. Isto significa que ambos avançaram cerca de 10% em relação ao último levantamento, realizado em 29 de agosto, em que apresentavam, respectivamente, 14% e 24%. Reconquistaram terreno sobre os votos nulos, que caíram de 32% para 19%, bem como sobre os indecisos, que caíram de 19% para 13%. Além dos votos do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB), que tinha 10% e deixou a disputa por ordem do partido, tendo nela entrado o deputado estadual Adalclever Lopes (MDB), que tem 2% e é nanico ao lado de vários outros candidatos.

O resultado é ruim para Pimentel. Atacado na imprensa e sem poder comunicar ao povo mineiro os motivos dos atrasos salariais do Governo estadual, o governador queria fazer valer o programa eleitoral no rádio e na TV para explicar a situação financeira de Minas Gerais. Esperava, assim, polarizar a disputa em torno da pauta nacional, de oposição ao golpe de estado de 2016 e solidariedade ao ex-presidente Lula, que encontra-se injustamente preso em Curitiba para não concorrer na disputa presidencial, a qual venceria facilmente. Trazendo a presidenta legítima e deposta, Dilma Rousseff (PT), para o seu palanque, concorrendo ao Senado, o PT mineiro esperava deixar clara a ligação de Anastasia tanto a Aécio Neves, candidato derrotado que chamou o povo, a mídia e as instituições ao movimento golpista de 2015/2016, quanto ao próprio golpe, já que o afilhado político de Aécio foi o relator do processo de cassação de Dilma.

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Até agora, Pimentel luta para atingir a pontuação que a própria Dilma tem em sua disputa, também majoritária, o que mostra o potencial de votos solidários à presidenta e simpatizantes do PT em Minas: 28%. Tal votação viabilizaria um segundo turno aberto, em que Dilma poderia focar sua campanha na disputa estadual, também atraindo para o estado o candidato recém-oficializado do PT à presidência, Fernando Haddad, o qual, tudo indica, orbitará em torno dos 30% em Minas Gerais à medida que for reconhecido como candidato do ex-presidente Lula nas regiões mais carentes do estado, como o Norte de Minas, o Vale do Jequitinhonha e a Zona da Mata.

No entanto, estratégia nenhuma tornará Pimentel viável se sua campanha não pensar uma estratégia urgente de retração de seus níveis de desaprovação à frente do Governo estadual, hoje batendo a casa dos 60% de ruim ou péssimo. Números profundamente injustos quanto ao Governo que faz, visto o estado ter enfrentado dificuldades financeiras de ordem extraordinária, já que provenientes da escassez intencional de repasses por parte do Governo federal, com suspeitas de articulação do PSDB mineiro para minar a administração estadual.

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O resultado é o contingenciamento de obras e atrasos salariais, com a manutenção dos serviços essenciais (hospitais, postos de saúde, escolas, segurança) e a garantia dos salários dos policiais militares (que, quando interrompem atividades, derrubam um Governo). Os servidores civis, sentindo-se preteridos, mesmo tendo há quatro anos votado contra o PSDB graças aos problemas de gestão de pessoal dos tucanos (o principal deles, a chamada "lei 100", que efetivou funcionários sem concurso público e foi anulada no Supremo Tribunal Federal – STF, fazendo milhares perderem emprego e direitos previdenciários), agora retaliam Pimentel sem conceber a situação em perspectiva histórica (o que fez o PSDB) e nacional (o que faz o Governo Temer em possível articulação com o PSDB).

A perigo, Pimentel elevou o tom da campanha esta semana, não tanto contra seu adversário, o que poderia render-lhe mais rejeição, mas demarcando sua posição ao lado do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. Seu jargão, nas próximas semanas, será: "Eu não escondo de que lado estou", traçando subjetivamente o paralelo com seu adversário, que faz de conta que não é o candidato de Aécio Neves.

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Um movimento importante, que rendeu a Pimentel, na entrevista dos candidatos a governador no jornal da hora do almoço na TV Globo, o MGTV, um dos momentos mais marcantes da campanha: indignado ao ver o entrevistador Ismar Madeira referir-se a Lula como "o candidato impugnado de seu partido", Pimentel eleva o tom o cobra, mais de uma vez, "diga o nome dele. É Lula!", fazendo-o até que Madeira cede e fala do ex-presidente em rede estadual, associando-o a Pimentel. Ao mesmo tempo, Dilma segue em campanha, lançou um documentário no YouTube em que mostra como o PSDB mineiro foi protagonista do golpe que assola a vida de milhões de brasileiros, numa estratégia que atinge a classe média, principal usuária das redes sociais e estamento em que estão, em sua maior parte, os funcionários públicos estaduais.

A vinculação do PSDB com o golpe, a emersão do nome de Aécio Neves e a desconstrução do paradigma de gestor do candidato do PSDB parece ser a estratégia final do PT mineiro. Explicar a situação financeira do estado, embora pareça uma campanha justa, causa ao cidadão a impressão de "desculpa de mau pagador" e isto tem um motivo: três minutos de propaganda não são suficientes para detalhar a situação e torná-la compreensível, causando a impressão de que o Governo está culpando os outros pelo próprio erro. Nestas três semanas decisivas, o PT deve humildemente buscar a garantia do segundo turno, para ganhar 10 minutos de TV, em condições de igualdade com a oposição, e usar o quadro nacional para debater as contas do estado.

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