Iraque, Guantánamo e as intervenções humanitárias dos EUA
Sempre que ouvirem falar de propostas de intervenção humanitária advindas dos EUA, pensem no povo do Iraque e nos prisioneiros de Guantánamo
Criada em 1978, nos Estados Unidos, com o propósito de denunciar violações aos direitos humanos por meio de relatórios periódicos, a Human Rights Watch (HRW) teve sua reputação amplificada após as contundentes críticas realizadas às reações implementadas pelos sucessivos governos norte-americanos aos ataques terroristas às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
É famoso, por exemplo, o trecho do relatório da HRW de 2004 no qual seu Diretor Executivo, Kenneth Roth, afirmou categoricamente que a intervenção militar organizada pela administração George W. Bush no Iraque nada tinha de humanitária, não porque esse tipo de intervenção não seja necessário – e até urgente em determinadas situações extremas de violação aos direitos humanos –, mas sim porque, no caso em questão, não existia o menor risco de um massacre (em curso ou iminente) de populações civis em território iraquiano. Pelo contrário, foram as forças armadas estadunidenses que bombardearam as iraquianas.
Em 2005 e, depois, em 2011, a HRW denunciou ao mundo a suspensão das liberdades civis em virtude da transformação da prisão de Guantánamo em um campo de concentração onde a prática da tortura era rotineiramente aplicada contra os prisioneiros da “guerra ao terrorismo” capturados a partir da caça desenfreada a Osama Bin Laden. Mais ainda, a HRW exigia que o próprio presidente estadunidense George W. Bush e a cúpula do governo republicano fossem investigados criminalmente pelas torturas contra os detentos de Guantánamo.
No relatório publicado há exatos dez anos, a HRW afirmou que: “O descaso do governo dos EUA pelos direitos humanos na luta contra o terrorismo nos anos que seguiram os ataques de 11 de setembro de 2001 enfraqueceu a autoridade moral dos EUA, deu um exemplo negativo para outros governos, além de minar os esforços do governo dos EUA em reduzir a militância antiamericana no mundo todo”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPor isso, sempre que ouvirem falar de propostas de intervenção humanitária advindas dos EUA, pensem no povo do Iraque e nos prisioneiros de Guantánamo.
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
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