Irmãos Gomes se apequenam com ataques a Lula

Ao afirmarem que Lula foi conivente com a corrupção em seus mandatos, Cid e Ciro Gomes se associam à retórica udenista que pretende minar a maior liderança popular brasileira.

Cid e Ciro têm feitos críticas judiciosas ao governo Dilma, em especial, a diretriz estratégica neoliberal. Cobram judiciosamente mudança nos rumos. Também corajosamente denunciam Eduardo Cunha e as tentativas de golpear a democracia.

A filiação de Ciro ao PDT abriu flanco para uma candidatura de centro-esquerda e em tempos de hegemonia do "capital vaido" isso é especialmente importante.

Porém, a luta de classes é o motor da história: se a direita quer interditar Lula e o PT, cabe a esquerda defende-los dos ataques, fazendo as críticas necessárias.

Há inúmeros defeitos em Lula e no PT. Apostar na estratégia de conciliação de classes fez esgotar o ciclo lulopetista. Nesse diapasão, ocorreram equívocos que retardam a melhoria das condições de vida do povo ao manter intacto o poder da burguesia.

Sucede que quem quer destruir Lula não o faz pelos defeitos, mas por suas virtudes: as políticas públicas que adotou em benefícios dos pobres, sua profunda identificação com a classe trabalhadora e, principalmente, seu possível regresso em 2018.

É legítimo, até necessário, Ciro competir com Lula no próximo pleito. Poderá fazer críticas às limitações do reformismo lento que empreendeu o ex-presidente. O pedetista é um postulante qualificado para esse necessário contraste.

Surfar nas ondas perigosas do moralismo se constitui perigoso equívoco. Adensar a campanha midiática da direita nada agrega, ao contrário: fortalece as ressequidas lideranças conservadoras, os "moralistas a serviço da imoralidade" – como bem apregoa o próprio Ciro.

As lideranças populares do espectro antineoliberal não podem se dividir nas querelas das campanhas midiáticas. Devem dedicar-se a esclarecer e organizar o povo, para a brava resistência que a conjuntura nos intima.

Com louvor e efusão recebemos as análises rigorosas do pré-candidato Ciro e de seu irmão Cid. Convidamos, contudo, que se abstenham dos ataques a Lula, sob pena de se associarem as bravatas dissimuladas da velha direita.