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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Jair e Mourão podem ter ido aos EUA ver a situação da ONG aberta na Flórida

A motivação dessa viagem pode estar na documentação da CPI da Covid e talvez tenha mais a ver com o mundo dos negócios do que o futuro político de Bolsonaro

Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por Denise Assis, para o 247

Para os que andam curiosos sobre o que fazem na Flórida, nos EUA, ao mesmo tempo: Hamilton Mourão, Ciro Nogueira, Bolsonaro e outros – Anderson Torres esteve lá até ser preso neste domingo, (17/01) -, é bom dar um pulinho no passado recente e verificar detalhes bem interessantes. O ex-vice-presidente da República, enquanto não é empossado como senador pelo Rio Grande do Sul, (Republicanos); conforme noticiado, embarcou no voo 6370 da American Airlines que partiu na noite de sábado, (14/01), do Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília. Não é certo que eles tenham se encontrado, e tampouco se avistado com Jair, mas... 

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Além de Mourão, Ciro Nogueira (PP), senador e ex-ministro durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), também foi para o estado americano. Segundo analistas, a dupla pode, sim, ter ido se encontrar com Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde o dia 30 de dezembro de 2022. O ex-presidente viajou no final do mandato, para não passar a faixa ao sucessor, no dia 1de janeiro.

A motivação dessa viagem, que intriga os que analisam o mundo político, pode estar na documentação da CPI da Covid (2021) e talvez tenha mais a ver com o mundo dos negócios do que propriamente o futuro político do ex-presidente. A menos que as duas coisas estejam se cruzando na linha do interesse deles nessa hora e Jair e Mourão tenham ido ver como anda o “negócio”.

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Para os que não se lembram, Jair Bolsonaro apareceu como diretor de uma entidade aberta, registrada numa instituição equivalente a uma junta comercial da Florida. Na documentação ali contida, ele aparecia juntamente com Roberto Cohen, citado na CPI como parceiro do reverendo Amilton Gomes de Paula. Na época, o reverendo confirmou para os integrantes da CPI que, sim, conhecia essa pessoa (Cohen).

O assunto foi detalhado numa matéria publicada no portal: “agenciasportlight.com.br”. A reportagem levantou que: “A “Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas” foi registrada em Miami em 30 de outubro de 2020, já durante a pandemia. Como diretores, aparecem, no ato de abertura, Jair Bolsonaro (presidente da entidade), Hamilton Mourão (vice) e Roberto Cohen (secretário)”.

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Pela documentação da CPI, a organização constava como “uma organização diplomática, humanitária, com missão de paz, militar, organização intergovernamental e nonprofit”. As entidades “nonprofit” são, em tese, sem fins lucrativos.

A composição da organização foi alterada em dia 15 de março daquele ano (2021), na junta da Flórida. Os nomes de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão e Roberto Cohen permaneceram, mas esse último passou a constar como “tenente coronel capelão”. Foram acrescentados os nomes de Fernando Azevedo e Silva (ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, entre 2 de janeiro de 2019 até 29 de março de 2021, quando foi demitido junto com os três comandantes das Forças Armadas, que se solidarizaram com ele). Na ocasião do registro da “ONG”, o general ainda era o ministro da Defesa.

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Constam também Raul Botelho, tenente-brigadeiro do ar, e que na ocasião da abertura ocupava o cargo de chefe do estado-maior do conjunto das forças armadas do ministério da Defesa, de onde foi exonerado no dia 20 de maio, indo para a reserva no dia 2 de junho de 2021. De acordo com a matéria do site Agência Sportlight de Jornalismo, no primeiro registro o nome do vice Hamilton Mourão aparecia sem o “H”. Porém, houve uma atualização para que fosse grafado corretamente.

A situação do presidente/empresário veio a público no depoimento do pastor Amilton Gomes de Paula, que se apresentou (no depoimento em 8 de março) como: presidente de uma organização chamada de “Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários” (Senah). Na ocasião, a CPI apurou que o reverendo enviou uma carta para Herman Cardenas, da Davati, onde aparecia o logo da “American Diplomatic Mission of International Relations” (ADMIR). O documento foi obtido pela CPI na apreensão do celular do cabo Dominguetti. 

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O detalhe mais curioso disso tudo, no entanto, está no fato de a “ONG” ADMIR ter como presidente ninguém menos que o filho de Donald Trump. E, em 2018, o presidente Trump virou presidente de honra da ADMIR. Ao que parece, quando Bolsonaro o encontrou antes de discursar na sede da ONU, tinha mesmo motivos para lhe mandar um: “I louve You”.

Ainda de acordo com a reportagem publicada na época da CPI, Robert Cohen aparecia em registros como “Zigmund Ziegler Roberto Cohen, tenente-coronel israelense e médico, com estreitas ligações com o Brasil e já tendo sido morador do país”. Em seu nome havia outros registros de empresas “nonprofit” de missões humanitárias, religiosas ou militares e em algumas com sócios brasileiros. Muitas delas abertas em 2021.

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Durante a audiência da CPI, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), afirmou que a “Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas do Brasil” aparecia citada nos documentos do reverendo Amilton. “Sem conhecer os registros encontrados por esta reportagem na junta comercial da Florida e a presença do nome do presidente Jair Bolsonaro entre os diretores, o senador quis saber o que era essa entidade, a relação do reverendo com ela e com o governo brasileiro e se pertencia ao comando militar ou às Forças Armadas brasileiras, pedindo a confirmação se sim ou não para o reverendo, que afirmou “não ter conhecimento”, conforme reproduziu a Sportlight.

Em outras três empresas em que Robert Cohen aparecia nos registros da junta da Florida, entre elas a American Federal Credit Card and Investments Foundation, também inscrita como de “missão humanitária”, constava o nome de Aldebaran Luiz Holleben. Este último foi citado por constar como parceiro do reverendo e por reivindicar o título de “superman”, conforme citado na CPI.

A reportagem da Sportlight encontrou também uma empresa de caráter supostamente humanitário aberta pelo reverendo Amilton com endereço em Boca Raton, na Florida, já após o início da CPI da Pandemia. A “Golden Angel Humanizará Foundation” foi aberta em 13 de maio de 2021. Como objeto da empresa aparece “fornecer bens e serviços aos menos afortunados”. Na ocasião, Bolsonaro não retornou aos questionamentos da agência de jornalismo, que enviou e-mail para a assessoria de comunicação da Presidência da República, a fim de saber sobre a presença do nome de Jair Bolsonaro em tal entidade, mas não obteve resposta. 

Resta perguntar: e o que tudo isso tem a ver com os fatos presentes e com a viagem de tantos para a Flórida, nos EUA? Não sei...

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