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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Janja tem mais poder do que os generais

"Lula disse que Janja vai fazer o que bem entender, até porque teria sido ela a primeira pessoa a alertá-lo de que não deveria recorrer à GLO", diz o jornalista

Janja e Lula (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
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Por Moisés Mendes, para o 247

Militares das três armas desejam que a semana termine logo, porque a sequência de acontecimentos tem sido terrível.

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Pode parecer uma obviedade para alguns e um exagero para outros, mas precisa ser dito. A partir de agora, fica claro que Janja tem mais autonomia, com ampla liberdade de ação, e manda mais dentro do governo do que os generais.

Vamos aos fatos. O ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, que está preso, fez declarações fortes à Polícia Federal.

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Disse no dia 12, mas ficamos sabendo nessa semana, que tentou por três vezes remover os patriotas do acampamento ao lado do QG do Exército em Brasília. O coronel assegura que os militares não deixaram.

Jornais e sites, entre os quais o UOL, observaram que no final de dezembro o Exército havia anunciado que iria retirar os acampados em Brasília. O acordo, é claro, não foi cumprido.

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Nesta quarta-feira, o Ministério Público Federal acatou uma notícia-crime da deputada eleita Luciene Cavalcante (PSOL-SP) contra o general Júlio César de Arruda, comandante do Exército, por prevaricação, por nada ter feito para desfazer os acampamentos.

Na terça-feira, Lula determinou que 56 militares em cargos de confiança em áreas diversas fossem demitidos.

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Alguns foram dispensados porque não cuidavam direito da gestão do Palácio da Alvorada, como Janja denunciou ao mostrar a degradação de instalações, móveis e objetos.

Na quarta, Lula ordenou que mais 13 militares, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), fossem mandados embora.

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Na mesma quarta-feira, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, assegurou que há cerca de 20 mil militares dentro do governo, e não 6,6 mil, como vinha sendo noticiado.

Também nesta quarta, o jornalista Caio Junqueira, da CNN, noticiou que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro e ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, teria participado da articulação do golpe.

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Junqueira escreve que o general “liderou, após a derrota eleitoral, reuniões em Brasília nas quais foram discutidas alternativas para reverter o resultado eleitoral”.

Entre as medidas, estaria a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal, cuja interpretação torta pela extrema direita poderia provocar uma intervenção militar.

A CNN lembra que a minuta de um decreto nesse sentido foi encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de

Bolsonaro, agora preso. Braga Netto sabia?

E à tarde veio a bordoada definitiva, quando Lula disse em entrevista a Natuza Nery, da Globo News, que todos os militares golpistas serão punidos.

E falou, em tom de reprimenda, que enfrentou o constrangimento de não ser alertado pelos serviços de inteligências das três armas de que um golpe estava sendo tramado para o dia 8 de janeiro.

Se fosse preciso fazer um resumo da entrevista essa seria a síntese, que vale como um recado de Lula aos brasileiros: não tenham medo dos militares, porque eles terão de se entender comigo.

Leiam esse trecho da entrevista:

“As pessoas estão aí para cumprir suas funções, e não para fazer política. Quem quiser fazer política, tira a farda, renuncia ao seu cargo, cria um partido político e vá fazer política. Mas enquanto estiver servindo as Forças Armadas, enquanto estiver na Advocacia Geral da União, enquanto estiver no Ministério Público, essa gente não pode fazer política”.

E leiam o que Lula disse de Janja:

“Pois bem, nós ganhamos as eleições. Então agora eu tenho quatro anos, eu quero me dedicar 24 horas por dia, e a Janja sabe disso, a Janja é minha parceira, ela sabe que ela tem que trabalhar também; ela vai fazer o que ela quiser fazer. Ela não é obrigada a ter uma agenda comigo, ela vai comigo quando ela quiser ir comigo, mas ela vai fazer o que ela quiser, porque nós dois queremos ajudar a reconstruir esse país”.

Pronto. Lula disse que Janja vai fazer o que bem entender, até porque teria sido ela a primeira pessoa a alertá-lo de que não deveria recorrer à armadilha da GLO (Garantia da Lei da Ordem) contra os terroristas.

E os militares são acomodados por Lula em seus quadrados, dos quais o presidente espera que saiam, se tentarem fazer política, depois de abandonarem a farda.

Foi uma semana que as Forças Armadas tentarão esquecer. Mas ainda faltam três dias para que a semana termine.

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