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Je suis antirracista

Em resposta à violência que espelha a miséria cultural legada ao negro, eclodem manifestações mundo afora

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Não faz muito tempo a imprensa comercial familiar brasileira encampou o ‘Je suis Charlie’, por conta do atentado terrorista perpetrado contra o tabloide francês de Charlie Hebdo, que se pretendia humorístico à custa de sarcasmo com a fé alheia – campo minado historicamente...

Sem juízo de valor (porque ataque terrorista não tem qualquer justificativa em nenhum contexto) e guardadas as proporções, o que sofreu e seguem sofrendo os negros mundo afora, pela ação racista de quem tem pau pequeno e posa de supremacista (com o perdão do pleonasmo) não valeria um slogan?  Que tal um ‘somos todos Luther King’ nos estados unidos da américa e um ‘somos todos Marielle no Brasil?’...

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Sobre Marielle uma constatação: não bastaria a família midiático comercial brasileira noticiar seu assassínio, na medida em que uma imprensa livre e democrática esgrimiria ao menos uma linha investigativa liberta de amarras políticas, buscando fatos, como seria de esperar – já ouviram falar no garganta profunda?

Não houve, entrementes, curiosidade maior acerca do assassínio pago de Marielle, tanto quanto não há a menor iniciativa de etiquetar um movimento antirracista por aqui... 

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Esse desprezo pelas grandes causas democráticas, que caracteriza desde sempre a imprensa familiar comercial brasileira (marinho + civita + frias + mesquita), nega a voz de Angela Davis, quando a ativista fabulosa advertia: ‘em uma sociedade racista não bastaria não ser racista, seria necessário ser antirracista’. 

Vivemos, de fato, um instante histórico que pariu uma sociedade extremamente racista por aqui. Nunca pensamos estabelecer este entendimento, mas ele é real. Palpável. Lembramos fatos pretéritos que nos passaram despercebidos, que constituíam e integravam um ideário profundamente racista. 

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Anjos e demônios podem povoar nossos sonhos, mas o pesadelo sempre surfará a onda racista – pois que este é o grande pecado da humanidade, constituindo o alimento do mal, conquanto nos aparta do criador, jogando-nos nos braços do anjo caído...

O fascismo, a seu turno, jamais estabeleceria seu pilar mais criticável (governo de maiorias) se não germinasse, em seus seguidores, a semente anterior do racismo.

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O racismo está arraigado em um conceito mais do que equivocado, por vários pontos de vista; passando pela equação numérica (PNAD 2016), pela conjuntura biológica (Jesse Owens, Pelé, Michael Jordan, Magic Johnson), pelo tecido cultural (Billie Holiday, Machado de Assis, Gilberto Gil, Mahatma Gandhi), em tempo de negar a racionalidade para sustentar a posição de que a elite branca compõe a maioria. 

Brancos de elite não são maioria, em nenhum contexto que importe, se sustentando apenas na matriz econômica que só está em pé pela exploração das minorias... 

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Pelo viés neoliberal negro bom é aquele que serve um patrão branco, produzindo a fortuna deste, à custa do seu esforço (mais valia). E o negro que passa a ser patrão? Qual seu papel nesta ciranda que contrapõe homens e mulheres pela cor da pele? 

Sociológica e historicamente o negro que enriquece tende a compor a equação capitalista desenhada pela elite branca, enquanto condição de viabilidade para sua aceitação na corte. Esta demanda, via de regra, lhe cobra postura de exploração de igual (ou maior) calibre, em ordem a não ser excluído (ainda mais) pelas leis da futilidade social e do capital – evidentemente há extraordinárias exceções, de ambos os lados, que só fazem confirmar o entendimento que lega ao negro a função histórica de escravo e de mão de obra barata.  

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É conhecida a metáfora do capitão de mato negro. Para agradar ao patrão branco, dando-lhe certeza de que não se deixaria amolecer pela cor da pele dos que açoitava, o negro se tornava feitor ainda mais terrível para seus irmãos de cor... 

Há, deveras, cortes históricos que parecem negar a evolução do homem. O assassínio covarde do negro George Floyd, em minneápolis, no estado de minnesota, por asfixia praticada por um policial branco, após já estar detido e subjugado, é um desses momentos em que a humanidade é testada.

Em resposta à violência que espelha a miséria cultural legada ao negro, eclodem manifestações mundo afora. Mais sensíveis nos estados unidos, estas manifestações vêm sendo contestadas pelos que ostentam valores culturais arraigados em um supremacismo criminoso, que flerta com a elite branca (onde nasceu, aliás), espelhando a miséria de um povo que se perdeu antes de se encontrar... 

Demais disso, historicamente devemos aos negros o que não se pode pagar em valor financeiro, ainda que políticas inclusivas possam ter custo econômico. De príncipes capturados em mãe África, que vinham trabalhar em lavouras pelo mundo, como animais tangidos, à infantes anônimos, passamos três séculos construindo um país sobre este fantasma de sangue. Não poderia dar certo.

Há tanta hipocrisia nesta relação que mais falar é mais machucar, mas importa destacar que há, por aqui, um imbricamento nos estandartes dos protestos, que une antirracistas a antifascistas. Não poderia haver um começo melhor para retomar o país, ainda que se revele meio que pleonástico juntar antirracista a antifascista, suposto que não imaginamos fascista que não seja racista, ainda que possam surgir desavisados que, sem serem racistas (e também sem serem antirracistas) sejam fascistas.   Em meio a isso tudo, a imprensa familiar comercial brasileira segue alimentando o seu candidato ao planalto em 2022 (moro), que por seu viés fascista (patrocinou e participou por dezoito meses de um governo fascista), não permite descartar um plano b – Luciano Huck. Neste contexto, sobreleva-se a importância do movimento antirracista, com o apoio e a espada do levante antifascista. A imprensa comercial familiar, à par sua dívida histórica com a sociedade brasileira e seu talento invulgar para a covardia contra as minorias, bem poderia acordar para uma realidade de que sem o enfrentamento do inimigo comum (fascista e racista; racista e fascista) não haverá 2022. Haverá tempo, mais adiante, para politizar a escalada ao planalto. Por hora urge combater os inimigos históricos do povo brasileiro: o racista e o fascista... Que negros e brancos progressistas não se esqueçam da posição das famílias midiáticas brasileiras nesta quadra de nossa história, suposto que nossa capacidade de resistir passa também pela preservação de uma memória nacional mínima e verdadeira. Tristes trópicos. Seguem fazendo falta Moraes Moreira, Aldir Blanc, Tim Maia, Sócrates, Elis Regina, Carlos Drumond e tantos outros que nunca quiseram partir em um rabo de foguete, mas partiram por conta do golpe de estado de 1964, que estabeleceu o regime militar, onde muitos irmãos (negros, brancos, pardos, orientais...) foram torturados e mortos, igual ao negro George Floyd...
 

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