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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Jinping dribla Trump e atrai Bolsonaro aos Brics

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Nova geopolítica sul-americana!

A China, na reunião dos Brics, mostrou, hoje, que não brinca em serviço: jogou o jogo do comercio multilateral, ao propor ao presidente Bolsonaro criação de área de livre comércio Brasil-China, como costura das duas partes, desde que o presidente brasileiro foi encontrar com o presidente Jiping, há três semanas, em Pequim; escanteou o unilitaralismo de Washington, que, em vez de cooperação, exige rendição.

Os chineses colocaram o pé no pré sal, no último leilão, com uma participação de 10% no leilão do Porto de Santos, enquanto multinacionais petroleiras americanas fugiam da raia, receosas do risco Bolsonaro e seu fundamentalismo político que mantém o mundo político em transe.

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Eles, também, entusiasmam os agricultores, em torno da Confederação Nacional da Agricultura, e da sua poderosa bancada no Congresso; estão eufóricos; em meio às incertezas internacionais, que rondam economia mundial, têm garantida demanda a produção do agronegócio nos próximos dez anos, no mínimo.

Trump deve estar se coçando, sentindo-se traído pelo aliado brasileiro: os agricultores americanos perdem negócio, milho e soja, em suas exportações, diante da insistência das taxações trumpianas dos manufaturados chineses, nos Estados Unidos.

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Prisioneiro do discurso eleitoral de que protegerá a indústria americana e resistirá à investida chinesa em busca de ativos na terra de Tio Sam, Trump não pode voltar atrás, para não perder votos, em busca de reeleição em 2020.

Jogo do petróleo

Na área petrolífera, não está descartada investida chinesa em comprar/aliar-se à Petrobrás para tocar investimentos em refinarias, rachando negócio entre empresários dos dois países; mais uma vez, se isso acontecer, dança os sobrinhos de Tio Sam; afinal, no momento, os neoliberais querem exportar só óleo cru e importar refinado das petroleiras americanas; realpolitik comercial dá voltas; não está descartada virada nesse jogo.

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O discurso multilateralista chinês passa a ser mais atrativo ao Brasil do que o unilateralista dos Estados Unidos; Jiping agita a bandeira dos bancos de investimentos chineses, para financiar negócios; são megas BNDES, no contexto da política comercial e financeira chinesa, em que se busca amarrar nova divisão internacional do trabalho, para além do dólar, como moeda de reserva internacional.

Com controle completo de entrada e saída de capital externo dentro da China e com política monetária centralizada, comandada pelo partido comunista, a orientar o capitalismo chinês, os bancos de investimentos da China, impulsionados pela filosofia das áreas de livre comércio, são muito mais negócios, para o Brasil, do que o FMI e Banco Mundial; estes, para emprestar,  exigem condicionalidades macroeconômicas, que inviabilizam cooperação, pois exigem submissão; o multilateralismo chinês é o novo discurso internacional, que Jiping põe na mesa, em Brasília.

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Bolsonaro, com seu discurso pró-Trump, que não compra nem um grão de soja, nem de milho, nem um kilo de carne, do agronegócio brasileiro, porque, afinal, ele é concorrente do agronegócio americano, rende-se ao pragmatismo comercial global, em que a China desponta como potência mundial.

O partido comunista chinês exercita a NEP  leninista: o estado controla o crédito e bota a economia a andar com espírito empreendedor privado, a juro baixo; nesse ritmo, à lá Abba Lerner, não existe restrição monetária para o exercício da autoridade monetária como variável econômica independente; a dívida pública avança a juro zero ou negativo, puxando demanda global, impulsionando colosso comuno-capitalista.

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Nova dinâmica internacional

O governo brasileiro, nesse semana, sente a potência asiática, que se articula para transformar a Eurásia no novo centro internacional de negócio, impulsionado pela estratégica união China-Rússia, que reconstrói a rota da Seda, envolvendo Oriente e Ocidente, deixando Estados Unidos para trás.

E, de cambulhada, tem a Índia, cuja população vai ultrapassar, até 2020, a da China; juntas, China-Índia, precisam de comida, que o Brasil tem de sobra; em terra brazilis, produz-se, com tecnologia de irrigação, até três safras anuais; integrantes da bancada do agronegócio, no Congresso, preveem que, até 2025, Brasil estará produzindo 450 milhões de toneladas de grãos; jogará poeira na produção americana.

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Nesse contexto, em que os produtores nacionais poderão estar sendo financiados pelos bancos de investimentos chineses, a moeda de troca, certamente, deixará de ser, preferencialmente, o dólar; dará lugar à moeda chinesa, nos contratos, carregados de retórica comercial multilateralista, embalada pela nova potência global.

Urso nacional-capitalista

Putin, o urso nacional-capitalista, chega, igualmente, botando banca, como grande consumidor de carne brasileira, armado até os dentes, com a nova política armamentista, ancorada na tecnologia de mísseis intercontinentais; ao lado de Jiping, empenha-se, também, plantar soja na Sibéria, nos próximos dez anos, para abastecer, tanto o colosso chinês, como o indiano; embora, a Rússia esteja registando PIB baixo, na casa dos 1,7%, apresenta renda per-capita forte, de 11 mil dólares; semelhante à China e Índia, que crescem 6% ao ano; ambas, igualmente, registram invejáveis PIBs per capita próximos de 12 mil dólares.

Nesse contexto, o cacife brasileiro cresce, para impor novo discurso à União Europeia, que só quer levantar vantagem, no Mercosul, empurrando, por aqui, manufaturados caros, para comprar produtos primários e semielaborados baratos, impondo, nesse jogo, deterioração nos termos de troca.

Bolsonaro, diante desse novo cenário, vai se mostrando ter duas faces: ataca os comunistas chineses, para agradar Trump, mas, por baixo dos panos, sabe que não tem saída, senão ir fechando negócios com a Jiping, falando, abertamente, que o futuro brasileiro está amarrado à China.

Muito provavelmente, diante de Jiping e Putin, Bolsonaro e os militares não terão outro discurso senão aceitar a nova geopolítica, dentro da qual o Brasil, com eles, desempenhará papel mais soberano do que junto com Trump, cuja política é a de exigir rendição total aos interesses de Tio Sam.

Certamente, os rumos geopolíticos, ao lado dos Brics, exigem nova relação do Brasil com os vizinhos latino-americanos, Argentina e  Venezuela, principalmente, com os quais Rússia e China se relacionam em obediência a um novo status quo, incompatível com a Doutrina Monroe, em que Tio Sam exige América para os americanos; Putin e Jiping criticarão o golpe de estado contra Evo Morales; Bolsonaro os contestará, para não contrariar Trump?

A força militar americana é uma certeza; mas a força econômica e financeira dos Estados Unidos, como demonstra a guerra comercial em curso, não é mais aquela Brastemp; diante da China e seus bancos de investimentos, respaldados por reservas de trilhões de dólares, Trump não pode fazer o que quer.

 

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