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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Jornalistas de cativeiro

"A imprensa brasileira anda tão sem imaginação, tão sucateada, tão limitada em seu material humano profissional, que nem um 'fato novo' é capaz de instalar em seu regime de desova de reflexões e informações um 'colorido' especial, digno de atenção", diz o linguista Gustavo Conde sobre o atual momento do jornalismo brasileiro; para Conde o 'jornalismo' tal como o conhecemos um dia morreu e é preciso renovar o protocolo de produção de informação de maneira séria e minimamente inteligente

Jornalistas de cativeiro
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A imprensa brasileira anda tão sem imaginação, tão sucateada, tão limitada em seu material humano profissional, que nem um 'fato novo' é capaz de instalar em seu regime de desova de reflexões e informações um 'colorido' especial, digno de atenção.
 
Eles continuam tecendo teses fraquíssimas, sem uma gota de apelo argumentativo e/ou factual. Ler o que uma Miriam Leitão ou um Carlos Sardenberg escrevem é como voltar ao jardim da infância da progressão textual (com todo o respeito ao jardim da infância).
 
Os filhotes da mordaça jornalista seguem na mesma tocada de precarização profunda da arte de redigir. A nova geração de jornalistas de cativeiro da Folha, do Estadão e d'O Globo fazem das tripas coração para agradar a chefia e o resultado são artigos, análises e reportagens completamente destituídas de vida inteligente.
 
Dá pena.
 
O fato é que o povo leitor - sic - nem dá mais bola para o que esses jornalistas-uber escrevem. Contemplação fetichista da vassalagem é coisa de linguista e de pesquisador, não de cidadãos interessados em prospectar alguma mínima correlação entre realidade empírica e narração técnica.
 
Como pesquisador, eu me delicio lendo tudo isso. A minha vacina para suportar a delinquência jornalística brasileira é a linguística e sua velha caixinha de ferramentas para a interpretação de texto.
 
Um pesquisador da linguagem lendo o jornalismo brasileiro é como um botânico observando uma planta doente, tomada por parasitas, que cresceu para o lado errado na jardinagem do sentido.
 
A internet é um Charles Bronson, um Arnold Schwarzenegger, um Chuck Norris. Ela veio mesmo para matar esse jornalismo grotesco, subserviente, uberizado.
 
É o fim de um ciclo estrutural de propagação de informação. Isso é olimpicamente óbvio já desde os anos 90.
 
Assistir jornalista tentando dar sobrevida a um sistema hierarquizado de produção de informação é como ver um jabuti tentando subir num pau-de-sebo.
 
Eu rio. Mas também choro.

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