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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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La Famiglia

Um país não é uma empresa que visa dar lucro aos seus acionistas. Muito menos é um clã familiar que usa as prerrogativas do poder para promover um constante jantar da "nonna" no governo

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Um país não é uma empresa que visa dar lucro aos seus acionistas. Muito menos é um clã familiar que usa as prerrogativas do poder para promover um constante jantar da "nonna" no governo. Bolsonaro e seus filhos parecem estar no comando deste governo de administração familiar. Mas uma administração familiar com problemas evidentes. A verdadeira mãe dos meninos travessos está sempre na sombra, afinal é mulher e ex- esposa do capitão. A atual mulher, que mudou os insinuantes cabelos louros para castanhos, é do lar e no lar fica. Sobram os homens que passam aquela imagem de que quem manda aqui sou eu e se a tal da democracia não atrapalhar vamos botar pra quebrar. 

O programa de governo parece uma lista de Papai Noel elaborada pelos filhos com tudo que há de mais ultrapassado e perverso. O que  o mundo avançou, Bolsonaro & Cia recuou. Aborto, demarcação de terras indígenas, agrotóxicos, cortes na educação, liberação das armas e por ai vai. Até  a indicação de Pai e Mãe ele quer trazer de volta aos passaportes. Acho que bastaria só Pai. Mãe pra quê? O Mundo Gira e o Bolsonaro Volta, diria o novo slogam da empresa de mudanças.  

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Lembro sempre daquela velha piada que dizia que o Papa, ou acreditava de fato que era o representante de deus na terra, um ser iluminado pela palavra divina, capaz de punir e perdoar em nome do senhor e fiel da balança do equilíbrio mundial... ou estava puxando um fumo legal. Penso muito nisso, não só em relação ao papa, mas aos líderes terrivelmente evangélicos, aos trumps da vida e à família Bolsonaro. Será que eles acreditam mesmo no que dizem? Será que o papa acha mesmo isso tudo dele? Será que os líderes evangélicos acreditam que o dízimo é o bilhete de ingresso comprado antes para entrar no céu? Será que os Bolsonaros acham que foram eleitos ungidos pela vontade do senhor para corrigir os rumos do Brasil. Ou estão o tempo todo em volta da mesa se fartando dos privilégios a que têm acesso agora e rindo da nossa cara? 

Tenho dúvidas e tenho medo. Fico entre o cinismo de achar graça nas barbaridades que dizem e fazem acreditando que nossa frágil e preconceituosa democracia que queria mesmo era ver o metalúrgico na cadeia, vai segurar as pontas ou usar da minha indignação para manter os motores da transformação ligados. Parece pomposo mas preciso dessa qualificação para acreditar no que digo. Já não tenho mais a mesma energia de antes. Talvez hoje me sobre mais o cinismo e como sou humorista antes de tudo acabo transformando essa indignação em humor. Mas o humor tem o seu papel. Através dele descobrimos o avesso das coisas, revelamos o que não aparece de imediato e conseguimos passar ideias que não são tão evidentes à primeira vista. Por isso o Pasquim sobreviveu à ditadura. Foi ferido mortalmente mas consegui murmurar o que o pessoal precisava ouvir. Esse é o papel do humor e hoje, de toda a imprensa alternativa que se manifesta aqui pelas redes sociais. Vamos em frente. Alguém vai ler, alguém vai rir, alguém vai pensar. Isso já é bom nos tempos atuais.

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