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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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Levem Bolsonaro para o lugar do Adélio, mas tirem-no da Presidência

O povo brasileiro lúcido e a intuição dos demais implora: levem o Bolsonaro para o lugar do Adélio, mas tirem-no da Presidência o mais rapidamente possível, antes que ele acabe de vez com qualquer possibilidade de este País se reerguer das ruínas – que já são incontáveis

(Foto: Marcos Correa - PR)
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A gota d’água! O Presidente da República de um dos maiores países do planeta chamar um palhaço para fazer um pronunciamento oficial à Nação no lugar do Chefe de Governo do Brasil é o pior deboche que Bolsonaro poderia ter feito à população, inclusive a seus eleitores. Um assunto tão sério como o PIB, que interessa sobremaneira às necessidades das pessoas, à potencialidade de nossa economia, às negociações na geopolítica global, aos investimentos em políticas públicas e na infraestrutura do País, ser “explicado”, em forma de chacota por um comediante convidado pelo Presidente para falar em seu nome é mais que PIADA DE MAL GOSTO; é crime, crime grave contra o maior cargo ocupado por uma autoridade em nossa terra.

Adélio Bispo, o autor da facada presidenciável dada em 2018 em Jair Bolsonaro[1], foi considerado pelo juiz de execução penal de Campo Grande, onde está encarcerado Bispo, como pessoa com Transtorno Delirante Persistente. Num jargão mais popular: louco, em alguma medida. Determinou, portanto, a transferência de Adélio para uma custódia apropriada a alguém com esse tipo de doença, a fim de ser tratado. Porém, para o lugar de Adélio, outro louco deveria ir: trata-se de Jair Messias Bolsonaro (JMB). Esse cara não está bem das ideias. E cada dia seus atos são mais psicóticos, sociopáticos e delirantes, para além: criminosos. Bolsonaro precisa ser interditado, ou preso o quanto antes.

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No entanto, este texto é direcionado mesmo ao PT e aos partidos de esquerda no Congresso Nacional. Qual é o medo? Qual é o pragmatismo útil? Qual é a tática? Qual é o projeto? O que impede de estes partidos estartarem de fato o processo de impeachment de Bolsonaro? Têm medo de elevar ao poder o General Mourão? E será que esse vice-presidente militar seria pior que Bolsonaro para a população, ou sendo mais inteligente, se consolidaria no poder? Ou daria um golpe de vez? Existe pior golpe que ter Bolsonaro a destruir tudo que resta de dignidade de nossa gente? O medo seria então da contra-narrativa? Da imprensa manipular o povo a dizer que o PT agora é que é o golpista? Mas existe golpe contra um Presidente do Brasil que realmente comete crimes de responsabilidade todos os dias?

O certo é que é uma necessidade histórica de o PT e os partidos progressistas impetrarem uma bem fundamentada Peça de Impeachment contra esse pulha criminoso que está no poder. 

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Senão, vejamos. Quem realmente decide sobre a aceitação ou não de um pedido de impeachment [2]? Chama-se Rodrigo Maia, o atual Presidente da Câmara. E ele e seus comparsas jamais, repito: jamais aceitarão dar avanços ao debate de impeachment se não houver “clima político” para tal. Isto é, enquanto a opinião pública e a opinião publicada (grande imprensa) não for para as ruas dizer “não” a Bolsonaro, o processo não avança. Todavia, o que não pode é o PT se negar em dizer “não” às desgraças históricas deste déspota que ocupa o Palácio do Planalto.

O pedido formal de impeachment feito pelo PT ou por partidos aliados, não é o “sujar as mãos”, como dizem alguns. Não é o mesmo processo de 2016. Ali foi um atendado direto contra a democracia praticado pelo Congresso Nacional, com apoio da Mídia e do Poder Judiciário. Agora é o contrário: Bolsonaro está matando de vez a democracia, quer asfixiar o Congresso Nacional, o Poder Judiciário e mesmo a liberdade de imprensa. Portanto, o evento de um impeachment é luta na esfera da legalidade.

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Deixo claro que não estou aqui defendendo os jornalistas que estão passando todo tipo de humilhação durante as entrevistas coletivas de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada. A maioria destes jornalistas votaram e fizeram suas matérias para que gente como Bolsonaro fosse eleita. O ato praticado no dia 4 de março durante a coletiva de JMB é um vexame internacional e uma contravenção contra a ordem pátria. Trata-se de um Presidente que usa como Porta-Voz um comediante – que falou no lugar e ao lado do Presidente – a se referir a assuntos que ele mesmo, Bolsonaro, deveria explicar à Nação. Nunca na história da República tivemos um governante que risse de tal maneira, com tal grau de escarnio de seu povo como esse de agora. 

Isso não é sequer tragicomédia; é ferimento de morte da Constituição da República que tem proteção prescrita no Art. 9º, Inciso 7, da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, cuja disciplina da norma diz que é crime contra a probidade, “proceder de modo incompatível com a DIGNIDADE, a HONRA, e o DECORO do cargo”. Além de outros despautérios que promovem inconsequências à Presidência da República.

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Preciso repetir: com a Dilma Rousseff o que houve foi um golpe; ela não praticara crime de responsabilidade. Com Bolsonaro há toda a legitimidade para um pedido de impeachment, porque todos os dias ele desafia a inteligência e a lógica das instituições e comete crimes antagônicos ao mais alto posto da República. Destarte, o PT precisa se reposicionar no foco da história, partindo de uma melhor análise da conjuntura, ressignificando a tática e aguardando que, na hora certa, o pedido de impeachment (já feito) possa ser usado como ferramenta para destituir um asco indigno do lugar sacro de cuidado à Nação. Porém, se aguarda o inimigo num front de guerra estando armado e não cochilando em cima de papeis de prognósticos.

Retomando o aspecto contra-histórico de Adélio: este é um louco, contudo, considerado são. É são, entretanto, visto como louco. O fato é que essa mesma patologia é encontrada em Bolsonaro. Todavia, o segundo é o homem mais importante da República nestes tempos, e detém uma responsabilidade que vai além do razoável: é instrumental, conjuntural e histórica, e não pode se atrever às distrações e perversões que eram próprias de sua época como um deputadozinho do baixo clero trasladando na ponte aérea, Rio-Brasília/Brasília-Rio.

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Por isso, o povo brasileiro lúcido e a intuição dos demais implora: levem o Bolsonaro para o lugar do Adélio, mas tirem-no da Presidência o mais rapidamente possível, antes que ele acabe de vez com qualquer possibilidade de este País se reerguer das ruínas – que já são incontáveis.

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[1] Foi esse triste evento ocorrido na cidade mineira de Juiz de Fora, durante uma caminhada pelas ruas, na campanha de Bolsonaro a Presidente da República, que fabricou a comoção social necessária para esse ser inútil se tornar o chefe da Nação.

[2] Aliás, um super-poder que precisava ser rediscutido numa Constituinte. Não pode apenas um homem (ou mulher) que, ocupando a Presidência da Câmara, tenha a autoridade para aceitar ou não o ingresso na Casa de Leis de um pedido de impeachment. Isso deveria ser objeto de deliberação, no mínimo, da Mesa Diretora.

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