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Arthur Abdala

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Liberalismo de Temer deve ir até a “página 3”

Não há nada que indique um liberalismo de fato para o empresariado brasileiro, que não deverá ser incomodado em seus privilégios por uma provável agenda liberal

Brasília - O presidente interino Michel Temer durante cerimônia de posse aos ministros de seu governo, no Palácio do Planalto (Marcello Casal Jr/Agência Brasil) (Foto: Arthur Abdala)
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Muitas das entidades que se manifestaram contra a Presidenta Dilma, como os movimentos de rua, parte da grande imprensa e os sindicatos patronais, defendem aberta e explicitamente o liberalismo econômico, com o foco principal na redução da máquina pública em seu tamanho e na sua intervenção no chamado ambiente de negócios. Porém, a ideologia liberal não se resume apenas em diminuir o estado, e aborda, antes de tudo, que não deva haver privilégios aos grupos econômicos, com o objetivo de tornar a administração pública neutra e imparcial. Ou seja, não vale o corporativismo no liberalismo.

Se nos basearmos no documento 'Uma Ponte para o Futuro', em declarações públicas, em notícias que circulam na mídia e em projetos de lei na Câmara dos Deputados, pode-se projetar que Michel Temer fará um governo liberal, pelo menos no sentido da redução na máquina pública. Isso pode ser visto através de propostas como o corte no número ministérios, a de não reajuste do salário mínimo com base na inflação, o orçamento base zero, as de privatizações e concessões, a flexibilização de direitos trabalhistas, a diminuição de gastos com previdência e a meta de um superávit mais robusto. Todas essas medidas reduzem benefícios e direitos do estado para a classe trabalhadora.

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Entretanto, existe uma máxima na política que a forma que se chega ao poder sinaliza a maneira que se governará. Um exemplo clássico disso é o próprio PT, que ganhou as últimas eleições aliando-se ao grande empresariado e propondo a manutenção de parte da política neoliberal, sintetizada na 'Carta ao Povo Brasileiro' de 2001. Governou, apesar dos enormes ganhos da classe trabalhadora, com uma coalizão com o "centrão" (leia-se PMDB, PR, PP, PSD, PRB), proporcionando um lucro recorde aos bancos e não fazendo as grandes reformas progressistas, como a agrária, a tributária, a política e a urbana. Em suma, para projetar um governo Temer é preciso analisar quem o apoia.

O pato inflado da FIESP, exibido exaustivamente em diversas manifestações, talvez seja o símbolo maior do impeachment. É sempre bom lembrar que a alegoria serviu de protesto contra a possibilidade do aumento de impostos; todavia, a entidade foi a maior beneficiada dos empréstimos do BNDES e das desonerações feitas nos governos Lula e Dilma. Outra que apoiou a destituição da Presidenta foi a CNA, que se favoreceu, dentre outras coisas, do Plano Safra, cuja o seu atraso no pagamento da União para o Banco do Brasil foi um dos argumentos jurídicos do processo de impeachment. Sem uma declaração pública, o setor bancário se manifestou contra a administração petista por meio de movimentos especulativos do mercado financeiro, mesmo o Brasil ostentando a maior taxa de juros do mundo e servindo ao rentismo através da dívida pública.

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Ao que tudo indica, Temer não terá condições, disposição e interesse em enfrentar os interesses corporativistas. Quanto aos do agronegócio, isso já é uma confirmação, com as nomeações de Osmar Terra para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Blairo Maggi para o Ministério da Agricultura, ambos ligados diretamente aos agropecuaristas. Os bancos também estão atendidos com Henrique Meireles na Fazenda, e as relações do presidente interino com Paulo Skaf indicam que a indústria também não perderá seus privilégios junto ao estado.

O liberalismo de Temer, ao que tudo indica, irá até o corte orçamentário e de direitos da classe trabalhadora, ou, como no dito popular, "até a página 3". Porém, não há nada que indique um liberalismo de fato para o empresariado brasileiro, que não deverá ser incomodado em seus privilégios por uma provável agenda liberal.

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