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Helena Iono

Jornalista e produtora de TV, correspondente em Buenos Aires

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Lições da Argentina: quem semeia ódio e opressão, colhe tempestade!

É bom ressaltar que o grande indicador da vitória da Frente de Todos é o triunfo de Axel Kicillof, jovem ex-ministro da economia de Cristina Kirchner, que com cerca de 52,5% contra 34,5% derrotou a atual governadora macrista da província (estado) de Buenos Aires, Maria Eugênia Vidal.

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O povo argentino acaba de dar uma lição exemplar para o Macri e todos os governos neoliberais da região latino-americana, começando pelo Brasil de Bolsonaro. 

A contundente vitória do peronismo-kirchnerismo da “Frente de Todos” nas Primárias do domingo, onde o povo saiu massivamente a votar de norte a sul do país, como se já fossem as eleições decisivas de outubro, indicam a consciência popular para ser protagonista já, e colocar um basta à destruição do país , sob a condução do governo Macri. Não se aguenta mais, a fome, o desemprego, o tarifaço, as mentiras, as injustiças, o “lawfare”, o estado de guerra a que a Argentina foi reduzida nestes 3 anos e meio! “Nós, os argentinos, começamos a escrever outra história”, diz o candidato presidencial, Alberto Fernández, vencedor em 22 províncias (estados), com exceção de Córdoba.

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Numa eleição onde houve cerca de 75 a até 80% de participação dos aptos a votar, Alberto Fernández e Cristina Kirchner, ao vencerem com larga diferença de 16 pontos (49,2,3% contra 33,1% de Macri/Pichetto) permitem prever uma irreversível vitória já no primeiro turno de 27 de outubro, a ponto de Macri já declarar-se derrotado antes do anúncio oficial dos resultados e amedrontar os eleitores, no dia posterior às eleições, com nefastas manobras político-econômicas que paralisam o país. 

É bom ressaltar que o grande indicador da vitória da Frente de Todos é o triunfo de Axel Kicillof, jovem ex-ministro da economia de Cristina Kirchner, que com cerca de 52,5% contra 34,5% derrotou a atual governadora macrista da província (estado) de Buenos Aires, Maria Eugênia Vidal. Vencer na província de Buenos Aires, que comporta um quarto da população do país, é de importância social crucial.  No amplo município industrial de Matanza, cuja prefeita é Verônica Magário e candidata a vice-governadora de Axel Kicillof, a Frente de Todos chegou a ganhar com 40 pontos de diferença. 

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A unidade das forças políticas progressistas e dos movimentos sociais tem sido fundamental; sobretudo, em se tratando de que não se trata de uma simples coalisão de forças, de acordos do “toma lá e dá cá”, mas sim, uma frente programática muito clara de projeto popular de governo anti-neoliberal e de país soberano, como exposto na campanha eleitoral de Alberto e Cristina. Ao mesmo tempo, é bom avaliar que a recuperação do peronismo na província de Buenos Aires não se dá somente porque a pobreza chega ao fundo do poço e o neoliberalismo cai por si só pelas contradições interiores de interesses econômicos das altas finanças com parte da burguesia. A atuação de quadros políticos e das lideranças sindicais e populares na capacidade de mobilizar o povo, como Cristina Kirchner, senadora perseguida pelo “lawfare” no largo destes anos contra as privações impostas por Macri, tem sido um largo e exemplar trabalho. Kicillof, o mesmo para o qual a ONU por unanimidade tirou o chapéu quando enfrentou os fundos abutres e o FMI na ONU, percorreu sem parar, desde a derrota de 2015, mais de 90 mil km, conversando com o povo, indo nas escolas, clubes de vizinhança, sindicatos e até movimentos religiosos. A mídia independente contracorrente, resistentes rádios, jornais populares, um canal de TV (C5N), e perseguidos jornalistas da Telam têm cumprido uma função de desmonte das fakenews e conscientização popular durante estes 4 anos de perseguição macrista. E seguem a batalha da informação até que a vitória de outubro seja garantida.

Terrorismo financeiro na Argentina contra o voto democrático e popular

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Um retrato visível da crise incontrolável que o resultado destas Primárias geram no governo, é o disparar da falta de credibilidade por parte do chamado “mercado financeiro”, com o risco país subindo a 1700 em poucas horas, e a queda de 59% das ações na Bolsa de valores, a subida disparada do dólar que passa de 45 a 60 pesos em um dia pós-eleições, com grandes consequências inflacionárias. Macri, abatido pela derrota eleitoral, em entrevista coletiva à imprensa, tenta reverter de forma cínica e ameaçadora, contra o kirchnerismo, o boomerang da crise, criado pela dependência total do seu governo ao FMI e às finanças internacionais. 

Macri, desrespeitando a democracia e o voto popular, responsabiliza a Frente de Todos e o kirchnerismo pelo caos e a reação dos mercados, cria o clima de terror: "Se o kirchnerismo vencer, esta é só uma mostra do que vai ocorrer. É tremendo o que pode ocorrer!”. É uma extorsão contra o eleitorado. Com uma economia recessiva e paralisada pela ameaça de explosão incontrolada da alta dos preços no consumo, combustíveis e energias, e o salario mínimo descendendo a 215 dólares (menos da metade do governo de Cristina Kirchner), o governo de Macri tentará usar todas as manobras para reverter em dois meses o seu fracasso nas eleições primárias, até 27 de outubro, quando tudo (fakenews, trolls oficialistas, tentativa de fraude eletrônica) fracassou. Um manifesto assinado por um grupo de cientistas, intelectuais e escritores protesta: “Não ao terrorismo financeiro. Que Macri respeite a democracia e a decisão das urnas”. 

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Uma justa análise é feita pelo psico-analista e escritor argentino, Jorge Alemán: “É um caso insólito, nunca visto na história dos países autodenominados democráticos: um presidente ameaça seu próprio povo pelo suposto desgosto dessa abstração que ele denomina “os mercados” “. É certo também que a massiva vitória da Frente de Todos, seja um índice, na Argentina como no Brasil, de que mentiras não colam mais, sobretudo ditas por figuras presidenciais já popularmente caracterizadas como psicopatas. 

O povo que já inaugurou com festejos e alegria no “bunker” eleitoral a vitória eminente da “Frente de Todos” para as eleições de outubro, no tradicional bairro popular de Chacarita em Buenos Aires, circula hoje com esperança e organização determinado a livrar-se definitivamente, dentro de 2 meses, dos saqueadores da Argentina. Um grupo de cientistas, intelectuais e escritores sai na ofensiva com um manifesto denunciando o terrorismo financeiro e que Macri respeite a democracia e a decisão das urnas. Desta forma, a cidadania está alerta ao golpe, para poder cumprir mais uma vez o papel histórico do peronismo e estender um braço à Venezuela, ao México e à recuperação da década integradora da América do Sul. Sem dúvida que a Argentina estará presente nas manifestações de hoje no Brasil contra Bolsonaro/Moro, e na abertura das portas para que Lula seja livre.

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Helena Iono, correspondente em Buenos Aires

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