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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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Luiz, Jair e o cobrador

A caminho do supermercado para providenciar o jantar de aniversário da mamis quando, do diálogo entre motorista e cobrador, surgiu um "não sei o quê Bolsonaro". Imediatamente, foi despertada a atenção. O cobrador, jovem e negro, dizia ao colega, em resumo, o seguinte: O mercado já apoia o Bolsonaro, não o Lula

Deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) (Foto: Leopoldo Vieira)
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Antes, apesar da pesquisa quantitativa. Hoje, apesar do big data. Mas nenhum estrategista que se preze deixa de aconselhar que se vá aonde o povo está para melhorar a sensibilidade política.

Pode ser povo rico, porquê teoria econômica e economia real são coisas distintas. Pode ser povo pobre no boteco, na padaria, no ônibus...

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Pois que estava num deste, a caminho do supermercado para providenciar o jantar de aniversário da mamis quando, do diálogo entre motorista e cobrador, surgiu um "não sei o quê Bolsonaro".

Imediatamente, foi despertada a atenção.

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O cobrador, jovem e negro, dizia ao colega, em resumo, o seguinte:

O mercado já apoia o Bolsonaro, não o Lula;
O Bolsonaro vai privatizar a Petrobrás, vai ser um modelo que dá certo igual ao dos Estados Unidos;
O Bolsonaro desmontou uma apresentadora de TV numa pergunta sobre segurança pública: a polícia que mais mata (acusação da jornalista) é também a que mais morre (réplica do deputado) e não dá para enfrentar fuzis com paz e amor (arremate do deputado).

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Quase dava para ver os "oclinhos" descendo na face do capitão reformado do Exército da imaginação daquele trabalhador.

Naturalmente, ele não era um "bolsominion", era apenas alguém com encantamento em curso pelo "mito".

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É apenas um como muitos de sua faixa de renda, ou, como queiram, classe social. No açougue de outro mercado frequentado, um dos atendentes, também jovem e negro, é lulista roxo, porém, outro, jovem e negro, vive implicando com ele perguntando quando o Lula será preso.

Por que compartilhar esta diminuta observação?

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Porque, ao contrário do que muitos imaginam:

É relevante, sim, para os mais pobres e trabalhadores o que o mercado (o patrão, o consórcio dos patrões, uma super-força da TV ) pensa;
A Petrobrás não é mais um símbolo do sucesso brasileiro, virou sinônimo de corrupção, e são os Estados Unidos e não a Pátria Grande e o anti-imperialismo as referências de sucesso e prosperidade;
O aspecto principal do "bandido bom é bandido morto" é a integridade dos "cidadãos de bem", logo seguir opondo os direitos humanos a esta assertiva é um ponto cego da classe média academicista de esquerda.

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Consequentemente:

1) É relevante mostrar aos mais pobres e trabalhadores que o candidato que escolherão não será um brigão contra forças que o povo não crê que possam ser enfrentadas. Isto é absolutamente diverso de quererem um candidato capaz de brigar por eles e o que pensam ser seus direitos.

2) É relevante mostrar aos mais pobres e trabalhadores que há outros Estados Unidos, que lutam por direitos civis, por distribuição de riquezas, por tributação dos mais ricos, contra a violência desferida aos negros etc. E isso exige pontes com lideranças e personalidades deste campo por lá, exemplos concretos, narrativas reais, alianças.

3) A proteção da vida de negros, da população LGBT, das mulheres, enfim, tem que entrar na agenda da segurança pública, senão, para parcelas consideráveis do povo, estarão na categoria de "bandidos" e os próprios, que não os ativistas de movimentos sociais, não se enxergarão na retórica da esquerda. Nos EUA, gays votaram em Trump com medo da imigração muçulmana, vista como hospedeira do jihadismo. Aqui no Brasil, já há um "feminismo" com Bolsonaro, preocupado com a proteção das mulheres contra estupradores de paradas de transporte público, "bandidos".

O fascismo de 1930 ou de 2017 é um fenômeno popular.

O povo brasileiro tem que colher mesmo o que plantou, só que este alimento poderá brotar envenenado e será servido para muitos que plantaram outras sementes.

Por isso, o esforço para evitar as "vinhas do mal" vale à pena. Não vale cair em conversa de estrategeiro e nem se iludir que o Brasil vive num grande "Terra e Liberdade" (que, aliás, tem um final melancólico).

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