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Davis Sena Filho

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Lula, Ciro e um tantinho de história — O Centro e o Cavalo de Tróia

A diferença de Lula para Ciro é que o Lula jamais foi cooptado pelo sistema, como comprovou na prisão de 580 dias

(Foto: Stuckert | Reuters)
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Por Davis Sena Filho

Lula é o centro e o centro é o Lula. Ciro é o Cavalo de Tróia.

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O político de direita Ciro Gomes, candidato a presidente pelo PDT, partido fundado pelo trabalhista histórico, Leonel Brizola, continua com sua obsessão atávica e falta de respeito com o presidente Lula, a fazer deliberadamente acusações sem fundamento e mentir a respeito do líder de esquerda com palavras injustas e pesadas, com a intenção, quem sabe, de decolar nas pesquisas e atrair os eleitores bolsonaristas e os que também se dizem moderados à direita, além de sonhar com a adesão dos partidos que formam o Centrão no Congresso Nacional.

Só que a parcela de pessoas fiéis e fanáticas que formam conscientes ou não a extrema direita, evidentemente, não abandonarão o desajustado Jair Bolsonaro, pelo simples fato de o mandatário fascista e causador de intrigas, crises e conflitos intermitentes representar, literalmente, tais indivíduos, que refletem barbaramente o líder extremista de direita nas ruas do País e na internet, pois farinhas do mesmo saco e que compõem cerca de 15% da população brasileira, o que é, sem sombra de dúvida, muita gente em um País que tem mais de 211 milhões de habitantes, nem todos eleitores.

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Contudo, Ciro Gomes — o Cavalo de Tróia da direita incrustado há décadas no campo da esquerda — insiste com sua cantilena arrivista e hedonista, cuja intenção é desmoralizar o Lula e o PT, a agir cinicamente e hipocritamente como se ele fosse o vestal da honestidade e dos bons costumes, além de toscamente querer ser o candidato viável para enfrentar o bolsonarismo, de quem, na verdade, por meio de sua péssima conduta política, ele se torna mais próximo do que imagina das hostes de extrema direita que acabaram com o País, em todos os segmentos sociais, econômicos, sanitários e ambientais. O verdadeiro fracasso retumbante!

Ciro Gomes, ao combater o Lula de forma mentirosa e profundamente desrespeitosa, pois o insultou ao chamá-lo de "maior corruptor da história do Brasil",  na verdade está em busca de demonizá-lo como político e cidadão, a exemplo do que fez a direita e a extrema direita durante 40 anos, com maior radicalismo após o líder maior do Partido dos Trabalhadores deixar o poder, em 2010, sendo que a perseguição continua até os dias de hoje, a acarretar, obviamente, o distanciamento da esquerda em relação a Ciro Gomes e suas estratégias eleitorais plenamente equivocadas, que tem por futuro a derrota.

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Portanto, Ciro, o político direitista que age como camaleão há décadas no campo da esquerda, tem pela frente um trabalho hercúleo para agregar apoios políticos e partidários no campo da direita, onde está à cavalo o capitão Jair Bolsonaro, além de Lula que, ao surgir nas pesquisas com força, está a dialogar com a direita mais moderada e que controla os escaninhos do Congresso Nacional, sendo que o candidato virtual do PT abriu, na semana passada, conversações com lideranças nacionais de centro direita, um sinal de que já foi dado o pontapé inicial para se formalizar possíveis alianças, que, evidentemente, tornarão Lula eleitoralmente mais competitivo do que já é.

Por sua vez, Ciro Gomes teria de urgentemente ficar cônscio sobre a direita que ele quer atrair e que não pedirá votos para ele e muito menos fechará acordos político-partidários em grande proporção com o político do PDT, pois grande parte da direita o despreza e não confia nele, assim como, obviamente, a esquerda já sabe e compreende que Ciro sempre foi e não mais será o Cavalo de Tróia, que sempre teve como propósito político dividir a esquerda, principalmente em épocas de eleições presidenciais. By, by, Ciro!   

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Além do mais, tenho asseverado inúmeras vezes, por intermédio de meus artigos no Brasil 24/7, que o Lula é o centro e o centro é o Lula. Ponto! Quero certificar ainda que não é uma questão de retórica ou ilusão, mas obviamente a realidade do político e líder do PT, que vem a ser o protagonista da política brasileira desde 1978, quando ele no Estado de São Paulo liderava os metalúrgicos, a importante e influente categoria de trabalhadores, que de fato e de maneira aguda contribuiu por meio de greves para que a ditadura militar arrefecesse politicamente, mesmo a prender Lula, que no cárcere tomou uma dimensão política muito maior e atraiu gente influente dos partidos políticos que faziam oposição à ditadura, assim como dos presidentes e diretorias de órgãos e entidades importantes da sociedade organizada.

Como todos percebem, menos o Ciro Gomes por conveniência, rancor e narcisismo, prender Lula é uma praxe da direita, que sempre ocorre em momentos decisivos da política nacional, a seguir: 1- Greves do ABC com a ditadura em derrocada; e 2- Deposição de Dilma Rousseff, com o Lula a concorrer a liderar as pesquisas eleitorais no ano de 2018.

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Trata-se do DNA histórico da direita brasileira de essência e índole escravocrata, que no decorrer da história perseguiu ferozmente líderes populares trabalhistas ou de esquerda, pois useira e vezeira em rasgar a Constituição para dar golpes de estado, como o fez com Dilma Rousseff, a jogar o País em um buraco sem fundo, em um obscurantismo e negacionismo medievais, além de submeter o Brasil a uma crise econômica, social, ambiental e sanitária sem precedentes em sua história. Quem não sabe disso? Respondo: o Ciro. Rsrsrs!

Luiz Inácio Lula da Silva, na verdade, iniciou na década de 1970 uma verdadeira oposição ao governo ditatorial dos militares e seus asseclas civis, que resultou na fundação do PT, em 1980, e da CUT, em 1981, ou seja, na criação da maior central de trabalhadores e do maior partido de esquerda da América Latina, sendo que Lula, um político de grandeza internacional, como ele demonstra, agora, na crise da pandemia do coronavírus, é um dos principais fundadores das duas importantes e icônicas agremiações que atuam em âmbitos político e sindical.

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Lula, apesar das ameaças e da repressão policial e do Exército quanto à sua liderança em movimentos sindicais, cooperou, e muito, por meio das greves e da criação do PT e da CUT, a formatar uma distensão política mais rápida, apesar de o projeto do Governo do general Ernesto Geisel sempre ter primado por uma abertura lenta, gradual e segura, apesar da Anistia e da sociedade brasileira estar em um momento de ebulição política e em busca de eleições diretas, o que somente ocorreu para governadores, em 1982.

A verdade é que Lula desde esses tempos já era uma liderança influente e respeitada, bem como a esquerda brasileira tradicional, em quase sua totalidade percebeu que naquele momento estavam a tratar com um fenômeno social, político e eleitoral, tanto que Lula foi alçado a candidato ao governo de São Paulo, em 1982, bem como posteriormente ser deputado federal constituinte, em 1986, sendo que seu futuro político era amplo e real, porque se tornou presidente por dois mandatos, além de ter ajudado por duas vezes a eleger Dilma Rousseff presidente do Brasil, assim como ter concorrido a cinco eleições presidenciais.

Toda vez que Lula foi derrotado como candidato a presidente e foram três derrotas, aceitou e respeitou o resultado adverso e se preparou para disputar as próximas eleições, de forma democrática e civilizada. São realidades fáticas. Lula é um democrata e governou como democrata, pois não perseguiu ninguém, bem como abriu as portas do Palácio do Planalto para a sociedade organizada em todos seus segmentos e setores, porque é da natureza de Lula dialogar, pois não se trata de um ser humano arrivista, rancoroso, hedonista e vingativo, apesar de tudo pelo o que passou, a exemplo da morte de sua esposa, Marisa Letícia, e da prisão surreal e injusta de 580 dias, cujo objetivo era, sem qualquer dúvida, afastar Lula das eleições presidenciais de 2018.

Em 1979, Lula vivia em um País em que os exilados retornaram ao Brasil, sem, no entanto, parar de lutar pelas eleições diretas, que vieram acontecer em 1982, apenas para governadores, senadores, deputados federais e estaduais, pois apesar do processo de abertura e do retorno dos exilados somados às greves do ABC paulista lideradas por Lula, a ditadura percebeu que de todos os políticos de esquerda, Lula seria para ela o mais perigoso.

Além de Lula, a ditadura civil-militar tinha na época outra "dor de cabeça": o trabalhista e nacionalista Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul, político de esquerda, que enfrentou o Exército e empossou o presidente João Goulart, em 1961, após Jânio Quadros ter renunciado. Os militares passaram então a ter um ódio mortal de Brizola, porque do trabalhista Getúlio Vargas já tinham há muito tempo.

Leonel Brizola, o trabalhista gaúcho e herdeiro político de Getúlio e Jango, ficou 15 anos no exterior, o mais longo exílio imposto a um brasileiro, que retornou ao Brasil em 1979, para se eleger governador do Rio de Janeiro em 1982, apesar das cafajestadas e golpes dignos de gângsters das Organizações Globo e da ditadura militar, no que é relativo à tentativa de fraude eleitoral contra Brizola por meio da Proconsult.

A intenção da direita era favorecer o candidato do PDS, da ditadura militar e do Grupo Globo, Moreira Franco, que há pouco tempo era um dos principais assessores do golpista e usurpador Michel Temer, um dos sujeitos mais abjetos e deletérios que este País teve a infelicidade de produzir. Como se observa, Moreira Franco é um golpista contumaz e da velha guarda, basta ele ter chance para trair e se locupletar junto ao seu grupo político e aos empresários que representa.  Mas isto é uma outra história...

Voltemos ao Lula, que surgiu como um raio na política brasileiro, pois uma força da natureza, que se torna muitas vezes inesperada. Como assim? Ué, no sentido de que Lula era o novo, a representar uma esquerda pós-golpe militar, de essência orgânica, pois com a criação da CUT e do PT, além da influência da ala progressista da Igreja Católica e a cooperação de professores e intelectuais das universidades e de outros segmentos da sociedade civil organizada, tornou-se um político orgânico em termos nacionais, porque inserido em todos os estratos sociais e em quase todas as categorias profissionais, o que o torna um fenômeno político e eleitoral, além de alvo preferencial da direita e seus grupos reacionários.

Lula passou a ser um político de esquerda que realmente conseguiu abrir as portas da pequena burguesia (classe média tradicional) para valer, pois nem sempre aberta ao debate ou disposta a escutar por causa de preconceitos ideológicos e de classe de longa data, dentre outras questões que sempre dificultaram o diálogo e a compreensão de propostas da esquerda junto à classe média brasileira com tradição elitista e refratária a mudanças, mesmo se tais mudanças tiverem a finalidade de melhorar a vida dos brasileiros.

Lula não só abre a porta da classe média, assim como por meio do tempo, é convidado para entrar em sua casa e apresentar os programas de governança do PT, além do fundamental projeto de País. Ou seja, Lula, além de se transformar em uma centrífuga político-partidária que atraía os movimentos sociais, os estudantes, os trabalhadores e um sem número de categorias, sindicatos e entidades da sociedade civil organizada, que viram em Lula a liderança socialmente orgânica, que poderia não somente enfrentar a ditadura, mas, sobretudo, o político popular que poderia dar início às reformas tão necessárias ao País.

E assim foi feito com dificuldade orçamentária e forte oposição midiática e partidária, à frente o consórcio pré-Lava Jato, Globo/PSDB/DEM/PPS, que combatia o Governo Lula deslealmente, até que a partir de 2013 o ódio e a intolerância se estabeleceram no Brasil, a causar um golpe de estado contra a presidente legítima e constitucional Dilma Rousseff, em 2016, assim como se viu a terrível e covarde perseguição a Lula, que foi sequestrado pelo Estado, afastado do processo eleitoral e, com efeito, encarcerado como preso político, para que o líder de esquerda não concorresse às eleições de 2018, a abrir-se dessa forma o panorama político-eleitoral para o candidato fascista Jair Bolsonaro.

Escrevi até agora um pequeno texto sobre Lula para que o leitor tenha a compreensão de quem ele é, na realidade, assim como perceber o quão rancoroso e manipulador é Ciro Gomes, que luta de forma desleal e covarde para ser elevado a candidato de uma possível terceira via. Contudo, afirmo-lhes que a terceira é no Brasil dividido de hoje impraticável. Na verdade, a terceira via é natimorta e por isto desprovida de futuro político-eleitoral.

Para quem não sabe, terceira via significa ser de direita, pois é a direita que discorda e não consegue ocupar o espaço de Bolsonaro que usa esse tipo de argumento pueril que não convence ninguém. Chega a ser patético, ou seja, a direita com um nome sorrateiro (terceira via), a querer enganar e mentir, de forma que Ciro Gomes seja considerado um homem disposto, por exemplo, a unificar o País.

Acontece que essa realidade esta muito distante do político cearense, nascido no berço do PDS, partido de sustentação da ditadura militar, bem como um tucano de origem, porque um dos fundadores de um partido de direita, que entregou estatais estratégicas aos estrangeiros, passou oito anos sem dar aumento aos servidores e, com efeito, à população, além de bloquear o acesso universal à saúde e à educação, sendo que o salário mínimo era tão mínimo que acarretava fome nas pessoas, em um Brasil que integrava o mapa da fome da ONU.

Entretanto, Ciro alega que vai derrotar Jair Bolsonaro no primeiro turno, a ter por enquanto 6% nas pesquisas, enquanto Lula obteve 41% e Bolsonaro 23%, índices do primeiro turno, porque no segundo turno, de acordo com as pesquisas, Lula teve 53%. A intenção de Ciro é superar Bolsonaro, foi o que ele disse para quem quisesse ouvi-lo. Porém, seus ataques desrespeitosos e francamente sórdidos são destinados a Lula, a quem ele chamou de "maior corruptor da história brasileira", sendo que o STF anulou as condenações injustas contra Lula, porque vítima e alvo de fraude e farsa jurídica perpetradas pelos procuradores e  juiz da Lava Jato.

Lula foi condenado por um juiz bandido e mentiroso por "ato de ofício indeterminado", ou seja, o ex-mandatário foi julgado e preso sem ter cometido ilegalidades ou quaisquer crimes, mas mesmo assim e sem provas o juiz Sérgio Moro e seu bando de malfeitores resolveram prendê-lo, assim como logo depois Moro assumiu o Ministério da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro, exatamente o candidato que foi beneficiado com a prisão injusta e ilegal de Lula. É mole ou quer mais, cara pálida?!

Voltemos ao Ciro. O político do Ceará é incrível e surreal. Ao invés de ele combater Jair Bolsonaro, um político de extrema direita e criador diuturno de crises intermináveis que condenam o Brasil à condição de um País pária, Ciro Gomes considera que ao atacar Lula irá para o segundo turno para enfrentar o político do PT. Como assim? Se o Bolsonaro tem 21% nas pesquisas, obviamente que teria de ser ele o alvo de ataques, pois Ciro se assemelha muito ao capitão aviador de cloroquina, porque useiro e vezeiro em xingar, agredir e desrespeitar as pessoas e àqueles que ele agora considera como inimigos.

A verdade é que Ciro assumiu de vez o discurso da extrema direita, inclusive no que diz respeito a mentir sem sequer ficar com o rosto avermelhado de vergonha, quando disse a seguinte insanidade: "Quem arrebentou a economia brasileira, as contas do país foi o Lula, o lulopetismo". Ciro mente e replica sua mentira escancaradamente, porque os números e índices econômicos positivos dos governos de Lula e o primeiro de Dilma, pois o segundo governo dela foi sabotado, são altos, bem como o Brasil se desenvolveu como há décadas não acontecia.

Ciro mente descaradamente e sua desfaçatez chama a atenção até das pessoas mais insensatas e injustas. Vamos lá, pois a realidade dos fatos é que nos governos do PT o Brasil obteve recordes em suas reservas internacionais, pagou praticamente a dívida externa e se livrou do FMI, além de se transformar credor do banco transnacional, bem como fomentou a economia interna, a gerar quase 20 milhões de empregos com carteira assinada. O desemprego teve média de 4% a 5% e o Brasil se tornou um player internacional na diplomacia, ao garantir relações comerciais em todos os continentes. Isto só para início de conversa, porque tem muito mais...

Ciro mente! A diferença de Lula para Ciro é que o Lula jamais foi cooptado pelo sistema, como comprovou na prisão de 580 dias, bem como Lula é o candidato competitivo e com programa de governo e projeto de País, pois Lula é o centro e o centro é o Lula. E o Ciro? O Ciro é o Cavalo de Tróia!  É isso aí. 

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