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Ricardo Bruno

Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio

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Lula e Rodrigo Maia, juntos, podem vencer a radicalização

"Não há outra saída senão a união das forças democráticas do país. Não basta juntar as esquerdas; é necessário construir um amplo pacto pela democracia, no qual se incluem necessariamente os partidos de centro, entre os o quais o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e as demais siglas que gravitam em torno de sua liderança", escreve o jornalista Ricardo Bruno

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Não se pode dizer que há surpresa no comportamento do presidente da República em tentar asfixiar um dos mais importantes e tradicionais veículos de imprensa do País. A trajetória política de Bolsonaro não deixa margem para dúvidas quanto a seu caráter autoritário e descomprometido com o zelo ao estado democrático de direito. Ainda assim, na campanha eleitoral, a Folha de S. Paulo, o Estadão e o grupo Globo deram ao candidato do PSL um tratamento relativamente isento; trataram-no com a imparcialidade dogmática do jornalismo profissional. Isenção, registre-se, nem sempre presente na cobertura de outros momentos da vida nacional.  Bolsonaro seria apenas um nome de viés ideológico antagônico ao grupo de esquerda dominante, liderado pelo PT. Sua candidatura não traria riscos maiores – nada além de uma natural guinada nas políticas públicas. Coisa do jogo. Omitiram-se, portanto, não alertando sobre os perigos de um político descolado dos princípios que presidem e norteiam a ordem democrática.

Uns mais, outros menos, em alguma medida, todos foram cúmplices da atual desestabilização dos limites   institucionais da função pública, expressa no ato presidencial de excluir a Folha das licitações governamentais e conclamar anunciantes a deixarem de sê-lo -  sob pena de uma campanha pública  de boicote ancorada no peso e na força do presidente da República. Tome-se, por exemplo, o grupo Caoa – hoje certamente o maior anunciante da Folha de S. Paulo. A empresa é dependente de financiamentos e incentivos fiscais federais que, a julgar pelo tom das ameaças, poderão ser obstruídos caso persista em ocupar quatro ou cinco páginas do jornal com os lançamentos da chinesa Cherry no Brasil. Por baixo, haverá alguma apreensão.

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Numa regressão uma pouco maior, os grandes grupos de comunicação foram decisivos no desmonte da ordem legal com a aprovação do impeachment liderado por Eduardo Cunha. Fez-se, mais uma vez, vista grossa aos interesses subalternos e antirrepublicanos que permearam toda a trama do afastamento de Dilma Roussef. Sem pejo, trocou-se a imparcialidade pela adesão à conspirata – cujo resultado tem sido amargo para os brasileiros e especialmente para os  grupos de comunicação – eleitos discricionariamente como inimigos pelo presidente da República.

A radicalização das práticas políticas não decorre do acirramento mútuo de posições entre as duas principais forças. Apenas um lado, intensifica o combate para estabelecer medo e cisão nas bases da sociedade brasileira. O modus operandi da campanha tem sido reproduzido no cotidiano como instrumento para manter aliados em permanente frenesi. Neste terreno de confrontos coléricos brotam os ingredientes que nutrem o autoritarismo dos que consideram aceitável eventual resvalo ao AI-5 e quejandos.

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O esgarçamento das relações institucionais, com ataques à imprensa, aos ministros do Supremo Tribunal Federal, aos grupos de defesa do meio ambiente, às minorias e, de resto, aos que pesam diferente, está  paralisando o país. Este embate diuturno, ilógico, irracional, rancoroso, visceral, não permite a mínima coesão em torno de projetos que verdadeiramente interessam a vida das pessoas. Há uma enorme drenagem da capacidade propositiva nacional diante do octógono em que o presidente desfere golpes e ameaças aos diferentes.  

Não há, pois, outra saída senão a união das forças democráticas do país. Não basta juntar as esquerdas; é necessário construir um amplo pacto pela democracia, no qual se incluem necessariamente os partidos de centro, entre os o quais o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e as demais siglas que gravitam em torno de sua liderança.  

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A tentativa das forças de Centro de construir uma narrativa junto à sociedade brasileira, apresentando-se como alternativa de poder é legitima; mas de baixa chance de êxito. A radicalização empurrou o País para os polos, onde estão o PT e os seguidores do presidente. Hoje, estes dois blocos representam mais de 60% da força política nacional. Não há como prescindir de ambos na construção de um projeto eleitoral vitorioso.  

Se a pauta econômica aproxima, o desapreço à democracia e suas nuances não só afasta como inviabiliza a convivência entre o Centro e Bolsonaro.  Por exclusão, experiência e bom senso, a reconstrução democrática do País deve ser feita em aliança com o PT. É do diálogo entre Maia e  Lula que podem surgir as bases de uma ampla concertação capaz  de superar o impasse ideológico que nos aprisiona em um debate estéril, impossibilitando a retomada do desenvolvimento econômico e a queda do desemprego.

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A história mostra que Lula tem compromisso com os valores democráticos. Deu mostras disto no  exercício do poder. Os adversários lhe imputam perigos que sua trajetória de vida se encarrega de desfazer.  Firmeza não pode ser confundida com radicalização.  Lula, portanto, tem todas as credenciais para ser o condutor deste processo de retorno ao pleno estado democrático de direito, com desenvolvimento econômico e garantia de direitos sociais. Vaidades devem ser substituídas pelo senso de preservação dos valores básicos da ordem legal emanada pela Constituição de 88. O país não pode ficar a reboque de projetos que ameacem a jovem  mas  pujante democracia brasileira. Para isto, é necessário um mínimo de entendimento entre os atores sociais comprometidos com o estado de direito.  Entre os quais a imprensa, hoje tão vilipendiada pelo presidente que ajudou a eleger. Não há outro caminho.

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