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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Lula repete momento Getúlio Vargas e retorna à cena com sucesso

"A voz rouca e firme de Lula, ainda ecoa pelas esquinas do país e acendeu esperança", escreve a jornalista Denise Assis

O ex-presidente Lula discursou na última quarta (10), na sede do Sindicado dos Metalúrgicos (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

É impossível não avaliar que a semana que findou mudou o Brasil. Apequenou ainda mais – se é que isto é possível – o ocupante da cadeira presidencial, que numa atitude tipicamente infantil correu para “desdizer” em gestos, todas as críticas tecidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso histórico (10/03) na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, de onde saiu para se transformar no maior nome político dos últimos tempos.

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Ao ser considerado apto para voltar a concorrer ao cargo de presidente, Lula tornou-se a maior assombração da vida de Bolsonaro. Do globo sobre a mesa da live, na quinta-feira, à máscara mal-ajeitada no rosto, tudo foi feito para deixar claro que não, ele não se encaixa no figurino que traçou para si mesmo e que todos nós atestamos diariamente ser dele, sim. Só ele não vê. Deve ter em casa um espelho opaco.

Mas, por falar em opacidade, deixemos de lado este ser que já tanto mal fez ao país e passemos ao momento luminoso de Lula. Sua viagem pela própria trajetória, eivada de momentos de dor, descritos com tranquilidade e, eu diria, até com suavidade. Ao contarmos a história recente, haveremos de descrever os anos antes e depois de Lula.

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Ao falarmos do seu retorno – depois que em  8 de março o ministro Edson Fachin decidiu anular integralmente os quatro processos do ex-presidente: o do tríplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e dois referentes ao Instituto Lula – é impossível não lembrarmos de um outro retorno, o do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1950.

O ex-presidente voltou à cena política a bordo de uma entrevista concedida ao jornalista Samuel Wainer, no carnaval de 1949. Após dirigir o Brasil incorporando o ditador de pulso de ferro, de 1937 a 1946, ele refugiou-se em sua fazenda, em São Borja,  no Rio Grande do Sul e o que se comentava é que tinha dado adeus às disputas. Uma de suas frases na entrevista a Wainer selou o seu destino e o seu retorno: “Eu voltarei, mas não como líder de partidos, e sim como líder das massas”. Sua fala “viralizou”, para usar um termo atual, depois de estampada em manchetes dos principais jornais da época, tornando sua volta não uma opção, mas um designo.

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A história que se conhecia até então era a de que Samuel Wainer tinha rumado para o Sul em busca de uma reportagem sobre a safra de trigo, e resolvera fazer uma tentativa de entrevistá-lo, que acabou dando certo. Em 2020, no entanto, com a publicação do livro: “Samuel Wainer: o homem que estava lá”, de autoria da  jornalista Karla Monteiro, ficou-se sabendo, finalmente, que tudo foi combinado com Alzira Vargas, a filha de Getúlio, que também torcia por sua volta ao poder.

“Ao sair do Rio no meio do carnaval, sem avisar ninguém, como escreveu Alzira Vargas numa das cartas ao pai, Wainer deu um pulo até a fazenda, em São Borja. Pegou Getúlio Vargas de toalha, antes que este tivesse sido avisado pela filha da entrevista combinada. E fez uma entrevista espontânea, marcante. Foi um sucesso absoluto, repercutindo inclusive na imprensa internacional.

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Qualquer semelhança com a performance de Lula da Silva, não é mera coincidência. Também o seu discurso foi notícia em 33 dos principais veículos internacionais. No Brasil, como sabemos, foi transmitido em tempo real, causando um efeito positivo, que até a mídia tradicional que o havia “cancelado” deu o braço a torcer. O mundo sabe identificar e o povo também, quando está diante de um estadista, de um político com envergadura e real ligação com a população de seu país.

Getúlio voltou, “nos braços do povo”. Em outubro de 1950 foram realizadas eleições para a sucessão presidencial da República e Getúlio veio como candidato pela coligação entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Apesar de não possuir o apoio da mídia, obteve a maioria dos votos (48,7%).

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Lula, por enquanto, também não tem o apoio da mídia, que teima em apostar em uma candidatura de “centro” para 2022. Porém, a voz rouca e firme de Lula, ainda ecoa pelas esquinas do país e acendeu esperança. Vou encerrar repetindo o que ouvi da garota do caixa da quitanda onde frequento: “A senhora viu? O campeão voltou!”.

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