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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Lula sabe que o poder foi atacado por golpistas e aloprados de excursão

"E os líderes? Líderes e patrocinadores estavam em casa, no Brasil e em Orlando, vendo a quebradeira pela TV e pela internet", escreve Moisés Mendes

Lula e terroristas bolsonaristas (Foto: Reprodução | ABr)
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Por Moisés Mendes, para o 247

Lula disse nessa quarta-feira o que todo mundo sabia, mas agora é o presidente quem fala. As portas do Palácio do Planalto estavam abertas no domingo para quem quisesse entrar. E os que quiseram, entraram e se refestelaram.

A partir das evidências, é possível fazer uma lista de perguntas incômodas. A primeira: uma aglomeração de 5 mil pessoas tem muita gente? Depende.

No caso do que aconteceu em Brasília, a resposta é não. Cada vez mais a reposta é não.

Vamos a uma comparação. O jogo São Paulo X Ituano, no dia 30 de janeiro do ano passado no Morumbi, pelo Campeonato Paulista, que terminou sem gols, teve 16.312 torcedores.

Foi o menor público no Morumbi nos 37 jogos do São Paulo no ano. É quase público de pelada. Pois o número dos que ocuparam Brasília equivale a um terço do total do público de um jogo desimportante que termina em zero a zero.

A turba de terroristas, assim definidos desde então, seria de no máximo 5 mil pessoas. Se fossem 6 mil, não mudaria nada.

Mas quantos desses 5 mil invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do Planalto e do Supremo? Talvez 10%?

Pode ser que fossem um pouco mais, algo em torno de mil? O resto, como mostravam as imagens da TV, ficou circulando no entorno e em volta das cúpulas da Câmara e do Senado.

É falso que não havia como conter a multidão. Se no jogo de 30 de janeiro, entre São Paulo e Ituano, 10% dos torcedores decidissem encarar a polícia e invadir algum espaço do clube, como o vestiário, seriam 1,6 mil pessoas.

Talvez os primeiros dessa turma, os mais furiosos, não passassem pelo primeiro portão. E os que viessem atrás iriam recuar, se a PM estivesse disposta a reprimir.

Recuariam na porrada. Como as PMs sempre fazem quando reprimem movimentos de sem-terra, de professores, moradores de rua, estudantes e de gente querendo comida, ou até de quem não fez nada.

A cena emblemática do que aconteceu, e que a TV já exibiu à exaustão, é a de um jovem PM com um spray de gás de pimenta.

O rapaz, meio sem jeito, não consegue conter os primeiros que avançam e rompem a grade de segurança (foto). Os colegas apenas olham a chegada dos patriotas.

O que se dá na sequência é o conluio da frouxidão entre PM e Exército e tudo o que já se sabe e o que ainda precisa ser esclarecido.

Eduardo Bolsonaro finalmente estava certo, quando disse que um cabo e um soldado poderiam invadir o Supremo.

Os manés invadiram porque não havia PMs nem o suporte de forças federais suficientes para conter a turba.

O transe que ameaçou a democracia pode ter tido, no máximo, na invasão dos prédios a participação de pouco mais de mil pessoas.

Claro que, em situação inversa, um cabo e um soldado não são suficientes para conter um grupo de aloprados.

Mas um contingente mínimo de policiais faria com que recuassem, talvez já lá na origem, muito antes da rampa do Congresso.

A verdade é essa: os três poderes foram depredados por pouca gente. Não se subestime o tamanho da violência e da afronta dos terroristas.

Mas vamos repetir o que disse Lula: um grupo de aloprados, com um terço do público de uma pelada no Morumbi, invadiu os três poderes.

Um grupo pequeno, com muitos ativistas de empreitada trazidos de fora de Brasília.

Um ajuntamento numérica e politicamente inexpressivo, que não conseguiu atrair mais gente das proximidades, quando as invasões se consumaram e foram exibidas como ‘vitória’ pela TV.

É constrangedor refletir sobre o tamanho do estrago e confrontá-lo com os causadores de tanta violência e destruição.

Mas essa é a realidade. Não houve um levante de moradores de Brasília e do entorno próximo.

Não há como superestimar o que aconteceu, dando ao fato a dimensão de uma mobilização de massa contra a democracia.

Nada disso. Os manés foram buscados em casa, misturando fascistas profissionais e extremistas amadores que não sabiam direito o que cada prédio abrigava.

Os três poderes da República foram atacados por golpistas de uma excursão patrocinada. O caminho estava aberto e as portas estavam escancaradas.

E os líderes? Líderes e patrocinadores estavam em casa, no Brasil e em Orlando, vendo a quebradeira pela TV e pela internet.

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