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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Maia, a última esperança do Brasil livrar-se de Temer

Se tudo transcorrer conforme o combinado, Aécio vai continuar aprontando com a cumplicidade dos seus colegas de traquinagens, todos farinha do mesmo saco, e Temer vai prosseguir destruindo o país, sob os olhares atônitos da comunidade internacional, que não consegue entender como um presidente com quase zero de aprovação popular ainda permanece no cargo

Brasília - Os presidentes da República, Michel Temer, do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Ribamar Fonseca)
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A sessão do Senado que decidiu restaurar o mandato do senador Aécio Neves, contrariando o Supremo Tribunal Federal que o havia afastado do seu exercício, foi um verdadeiro espetáculo de hipocrisia e cinismo explícitos. Na defesa do mineirinho, alguns senadores, que também estão envolvidos em processos na Suprema Corte, brandiam furiosos exemplares da Constituição Federal, como se não a tivessem rasgado quando aprovaram o impeachment sem crime da presidenta Dilma Roussef. E apresentaram os mais cínicos argumentos para justificar o seu voto em defesa do tucano, como aquele do senador Telmário Mota, do PTB, segundo o qual houve "apenas" uma denúncia contra Aécio, sem nenhum processo, o que na opinião dele não justificaria o seu afastamento. Para ele e para outros senadores as gravações pedindo propina, os vídeos, a mala com dinheiro, as provas, os depoimentos do dono da JBS, nada disso tem valor quando o acusado é tucano. Por muito menos os senadores Demóstenes Torres e Delcidio do Amaral tiveram seus mandatos cassados por esse mesmo Senado. Então, pergunta-se: quantos e quais crimes serão necessários para que um tucano seja punido por quebra de decoro parlamentar?

A decisão do Senado, na verdade, foi fruto de um acordão costurado por Temer, envolvendo principalmente o PMDB e o PSDB, com o objetivo de também salvá-lo da denúncia contra ele, de organização criminosa e obstrução da Justiça, em tramitação na Câmara dos Deputados. Uma troca de favores entre iguais. Afinal, uma mão suja lava a outra. A votação que salvou Aécio no Senado, portanto, é um prenúncio do que deve acontecer no plenário da Câmara, onde os sabujos de Temer já festejam a derrubada da denúncia da Procuradoria Geral da República. E se tudo transcorrer conforme o combinado, Aécio vai continuar aprontando com a cumplicidade dos seus colegas de traquinagens, todos farinha do mesmo saco, e Temer vai prosseguir destruindo o país, sob os olhares atônitos da comunidade internacional, que não consegue entender como um presidente com quase zero de aprovação popular ainda permanece no cargo. O jornal inglês "The Guardian", por exemplo, manifestou a sua surpresa pelo fato do povo brasileiro não sair às ruas, como aconteceu contra a presidenta Dilma Roussef, para derrubar um presidente golpista que só tem feito mal à Nação. Está faltando indignação? Como se explica essa apatia?

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Na verdade, está faltando quem acione o botão de comando das pessoas que, robotizadas pela intolerância disseminada pela mídia e redes sociais, vestiram amarelo e ocuparam as ruas sob a regência do esperto Kim Kataguiri e sua turma do MBL. É possível que muitos dos "amarelinhos", que cultuavam o pato do Skaf e, enlouquecidos, espancavam panelas nas varandas gourmês dos edifícios de luxo, tenham recuperado a lucidez e estejam hoje arrependidos, mas devem estar envergonhados por descobrirem que foram feitos de trouxas pelos meninos do Kataguiri. Mudos e estarrecidos com a descoberta das traquinagens de Aécio, o seu candidato à Presidência, e com o comportamento do monstro que colocaram no poder, com a decidida participação do Congresso, de parte do Judiciário e da mídia, eles preferem sentir calados a dor do êrro ou – quem sabe? – da panela enfiada em algum lugar. E não entregam a mão à palmatória.

Muitos deles provavelmente ainda se emocionem com as cartas de Aécio, o seu candidato a Presidente, e a de Temer, o seu Presidente em exercício. Em sua missiva endereçada aos senadores, o mineirinho reclamou da "violência" contra ele, obrigado a ausentar-se das baladas à noite, enquanto o presidente golpista reclamou da "conspiração" para derrubá-lo do cargo. Se cinismo provocasse dor os dois certamente estariam gritando. Aécio, afinal, sabe que não há violência maior do que destituir uma Presidenta honesta, eleita por 54 milhões de brasileiros, sem malas de dinheiro, sem pedir propina, sem praticar nenhum crime. E Temer, por sua vez, também sabe que conspirou covardemente para derrubar Dilma, apunhalando-a pelas costas junto com alguns ministros, com a cumplicidade do Congresso, do Supremo e da mídia. E a julgar pela votação da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que aprovou o parecer do deputado tucano Bonifácio de Andrade o absolvendo das denúncias da PGR, Temer deverá continuar destruindo o país e escravizando o seu povo até quando cansar do Palácio do Palácio e dos baba-ovo que o cercam em busca de vantagens.

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Enquanto existir um Congresso apodrecido como o atual, com parte dos seus membros afinados com a organização criminosa montada no Planalto; enquanto existir um Supremo pusilânime, que finge não ver o desastre que ajudou a provocar e se esquiva de tomar decisões em defesa da Constituição; enquanto existir uma mídia mercenária mais preocupada com sua conta bancária do que com o país e seu povo; enquanto tiver amigos infiltrados nos três poderes, Temer não sairá tão cedo da Presidência. Depois de salvo de cassação no Tribunal Superior Eleitoral pelo seu amigo de trinta anos, Gilmar Mendes, com um voto de minerva que expôs a farsa do julgamento; depois da derrubada da primeira denúncia da PGR por deputados comprados por emendas e cargos; e depois da anunciada derrubada da segunda denúncia, que custará entre outras coisas a volta do trabalho escravo, nada mais será capaz de defenestrar Temer do Palácio do Planalto. A não ser que o deputado Rodrigo Maia, aborrecido com certos comportamentos do governo, decida não desperdiçar a segunda oportunidade de assumir a Presidência. Maia é a última esperança do Brasil livrar-se de Temer.

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