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Mauro Lopes

Mauro Lopes é jornalista, editor do Brasil 247 e apresentador do Giro das 11 na TV 247. Fundador do canal Paz e Bem, de espiritualidade aberta e plural.

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Márcio França, execuções sumárias e a esquerda

"Governador de São Paulo, Márcio França, do PSB, foi conivente com os milhares de assassinatos cometidos pela polícia quando era vice de Alckmin. Agora, contrariou orientação da própria cúpula da PM e apressou-se em homenagear a policial que matou assaltante na porta da escola da filha. PC do B está apoiando seu governo", diz o jornalista e colunista do 247 Mauro Lopes; "apoiar o 'socialista' França é equivalente à esquerda apoiar o governo assassino de Geisel por ser ele 'desenvolvimentista'", avalia Lopes

"Governador de São Paulo, Márcio França, do PSB, foi conivente com os milhares de assassinatos cometidos pela polícia quando era vice de Alckmin. Agora, contrariou orientação da própria cúpula da PM e apressou-se em homenagear a policial que matou assaltante na porta da escola da filha. PC do B está apoiando seu governo", diz o jornalista e colunista do 247 Mauro Lopes; "apoiar o 'socialista' França é equivalente à esquerda apoiar o governo assassino de Geisel por ser ele 'desenvolvimentista'", avalia Lopes (Foto: Mauro Lopes)
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Em busca de popularidade fácil, o atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB), apressou-se em montar uma cerimônia neste domingo (13) para homenagear, em pleno Dia das Mães, a PM Katia Sastre, que matou um assaltante na porta da escola de sua filha, em Suzano. Foi uma festa para França: ampla cobertura na mídia conservadora e nos programas jornalístico-policiais que defendem abertamente a execução de "bandidos".

Nem a cúpula da polícia aprovou o gesto oportunista do governador, pois está em curso uma política que visa reduzir o número espantoso de mortes causadas por PMs no Estado. Segundo reportagem da Folha, o coronel Marcelo Vieira Salles, novo comandante-geral da PM, havia manifestado preocupação nos últimos dias com quantidade de mortes causadas pelos policiais e dado orientação a subcomandantes de que reduzi-la era prioridade. Salles disse aos subordinados que a estratégia era a de evitar qualquer exaltação de mortes cometidas por PMs. O novo comandante teria feito críticas duras à política de premiação a policiais que matam criminosos.

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O ato do governador  foi criticado por especialistas em segurança pública pelo temor de que a homenagem possa passar mensagens equivocadas à tropa e à população —mesmo que a atitude da cabo tenha sido correta diante do risco no caso específico.

Márcio França é “socialista”. Seu governo conta com o apoio PC do B.

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Um apoio esquisito.

Pois França, vice-governador de 1 de janeiro de 2015 até sua posse no governo em 6 de abril, foi conivente com a matança de Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo apresenta-se como de “centro”, mas implantou em seus 12 anos de governo uma rotina de violência sem precedentes contra os pobres e os movimentos sociais. Foram milhares de mortos nas periferias, tortura rotineira, bombas, carros-tanque, ações ilegais e sempre brutais, com a PM transformada numa máquina de matar e ferir, verdadeira tropa de ocupação no Estado de São Paulo. Um banho de sangue. Mil mortos por ano, uma trilha macabra de mais de 12 mil corpos estendidos nos chãos das ruas nas periferias, nos barracos, nas vielas, nas delegacias e presídios nos anos de governo Alckmin (2001/2006 e 2011/2017). 

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O governador de São Paulo tem as mãos sujas com o sangue dos jovens pretos das periferias,  estudantes, professores, sindicalistas, indígenas, sem terra, sem teto, operários, mulheres, gays, trans e, agora, até ciclistas. Márcio França, na condição de vice-governador, não deu um pio de protesto contra o massacre. Continuou a posar sorridente ao lado de Alckmin, mesmo depois da chacina dos 18 de Osasco e Barueri, poucos meses depois de tomar posse (em de 13 de agosto de 2015, a PM fuzilou 18 homens com idades entre 16 e 41 anos e feriu mais setes pessoas, ente elas três mulheres).

Além de matar aos milhares, o governo Alckmin destruiu a educação em São Paulo, arrasou com a saúde no Estado, desmantelou programas sociais, atacou o meio ambiente e arrasou com vários segmentos do serviço público. Tudo com o apoio ou, no mínimo, silêncio do “socialista” Márcio França.

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Nestes dias em que o governo Geisel voltou à ribalta, com a revelação de que ele, apresentado como “déspota esclarecido”, não passava de um assassino carniceiro, vale a comparação.

Lembrando: Geisel autorizou execuções sumárias de opositores da ditadura, conforme está oficializado agora por um documento oficial de uma das agências do Império (a CIA).  Geisel fez ainda mais, como registrou Adriano Diogo, ex-presidente da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo; sob a coordenação de seu governo e com o conhecimento do general-presidente instalou-se a Operação Condor, em conjunto com as demais ditaduras da América do Sul à época.  Estima-se que em toda a região tenham sido mortos de 60 mil a 80 mil opositores das ditaduras e mais de 400 mil tenham sido feitos presos políticos.

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Em São Paulo, foram 12 mil mortos nos anos Alckmin, parte deles no período Alckmin-França, além de um sem-número de presos, atacados pela PM e torturados Estado adentro. Dentre os 12 mil mortos não se contam militantes políticos formais contra Alckmin, mas o fato de serem todos pretos, pobres, periféricos prova que sua própria existência era um ato de rebeldia política contra o sistema representado pelo ex e pelo atual governador.

Mutatis mutantis, o apoio de parte da esquerda ao "socialista" França seria como apoiar o "desenvolvimentista" Geisel enquanto milhares e milhares de opositores das ditaduras do Brasil e da América do Sul eram presos, torturados e mortos.

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