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Renato Rovai

Renato Rovai é editor da Revista Fórum

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Mataram o jornalista saudita na embaixada na Turquia e a vida segue, por que Glenn não seria preso?

"Na gestão de Trump, ocorreu o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, crítico ao governo da Arábia Saudita dentro do consulado de seu país, em Istambul", escreve o colunista Renato Rovai; "Se Glenn vier a ser preso. O que Trump já deve ter autorizado, nada mudará na vida do povo. Só que o Brasil será uma ditadura", compara

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Mesmo sem base nenhuma na realidade recente, há gente que ainda exale otimismo e julgue qualquer lance mais arriscado por parte do governo Bolsonaro ou de Moro como teoria da conspiração.

Imagina se vão prender ou deportar o Glenn, o cara é americano.

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Imagina se vão prender ou deportar o cara, ele e prêmio Pulitzer.

Imagina se vão prender ou deportar o cara, o marido dele é deputado.

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Imagina se vão prender ou deportar o cara, ele enfrentou a NSA e conseguiu proteger o Snowden.

Imagina….

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A lista segue por horas a depender do interlocutor. A questão é que a realidade mudou de uma maneira impressionante nos últimos anos. Em especial, no Brasil. Mas não só.

Trump é presidente dos EUA. E ele é bem diferente de Obama. (Há quem ache que não, mas, convenhamos, há quem ache qualquer coisa.)

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A investigação de Glenn da NSA foi feita na gestão do democrata. Que, com todos os defeitos, tinha algum apreço pela liberdade de imprensa.

Na gestão de Trump, ocorreu o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, crítico ao governo da Arábia Saudita dentro do consulado de seu país, em Istambul. Khashoggi vivia e trabalhava nos EUA. Era colaborador de um dos mais importantes jornais do mundo, o Washington Post.

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Ficou provado que houve envolvimento do governo saudita e do seu príncipe Salman.

O que Trump fez? Deu de ombros e passou pano.

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O que Bolsonaro fez ao encontrar o Mohammad bin Salman no G20? Fez uma foto sorrindo com ele.

Ao mesmo tempo, Snowden está foragido e Assange está preso.

Por que não Glenn?

Moro foi aos EUA consultar a chefia sobre como devia agir. Ao voltar, surgem os hackers de Araraquara, que assumem em horas o crime e a entrega do material para o Intercept.

Enquanto a história ainda não havia se tornado pública, vários bolsonaristas anunciavam que tiveram seus celulares invadidos, entre eles a deputada Joice Hasselmann e o ministro da Economia Paulo Guedes. Hoje, Moro diz a Veja que o presidente também foi hackeado.

E que isso é uma questão de segurança nacional. Quem viveu a ditadura sabe como era utilizada a Lei de Segurança Nacional.

Pronto, a narrativa já coloca Glenn como um receptador de um crime de segurança nacional ou, pior ainda, alguém que pagou por um crime de segurança nacional. Já que encontraram dinheiro na casa de um dos tais hackers.

A novela tabajara de Moro tem um final já escrito. Nele Glenn, no limite, vai ter de achar um outro país para viver.

Evidente que Moro não joga sozinho e já ultrapassou nos últimos dias várias linhas que separam a legalidade do autoritarismo mais chumbrega. Mas sabemos que isso não é algo que o impede de continuar sua saga.

Ele não tem mais o que perder no quesito moral. Já se alinhou ao bolsonarismo e jogou fora qualquer lustro que tenha obtido nos tempos de juiz da Lava Jato.

Moro neste momento é um guerreiro em busca de sobrevivência. Ele sabe que se Glenn continuar fustigando-o com áudios, textos e vídeos, ele ficará cada vez menor.

E, por isso, vai buscar fazer com ele o que fez com Lula. Ele também sabia que era ele ou Lula.

Dessa vez, porém, ele tem o controle dos órgãos policias e de toda a investigação.

E ainda vai buscar envolver o PT na história, com a narrativa de que os recursos para a compra dos hackers podem ter vindo do partido. Narrativa que, aliás, já está em curso.

Se Glenn vier a ser preso. O que Trump já deve ter autorizado, nada mudará na vida do povo. Só que o Brasil será uma ditadura. E não haverá mais segurança para qualquer outro jornalista por aqui.

E neste momento a novela tabajara (como todas que levam a uma ditadura explicita) segue seu curso neste sentido.

Nada está definido, mas o bafo quente e hálito nauseante já estão no ar.

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