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Helena Iono

Jornalista e produtora de TV, correspondente em Buenos Aires

122 artigos

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“Mauricio Macri é o diretor da orquestra e Bonadio executa a partitura judicial”

Declaração foi feita pela senadora e ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner, em coletiva de imprensa, diante do pedido de prisão contra ela pelo juiz Bonadio, o Moro argentino

Declaração foi feita pela senadora e ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner, em coletiva de imprensa, diante do pedido de prisão contra ela pelo juiz Bonadio, o Moro argentino (Foto: Helena Iono)
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Disse a senadora e ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner, em coletiva de imprensa, diante do pedido de prisão do juiz Bonadio (*), o Moro argentino. O truculento juiz pediu a cassação da imunidade parlamentar e prisão preventiva da grande líder argentina, a quem acusou "de encobrimento e traição à pátria" no acordo com o Irã, aprovado naquela ocasião pelo Congresso.

Esta aberrante avançada judicial nada mais é que um novo golpe político orquestrado pelo governo Macri, bem enquadrado por Cristina como "o máximo e principal responsável por presidir uma corporação político-judicial de perseguição à oposição". Não pode haver nenhuma independência do Executivo em relação ao Judiciário, ao ser permissivo à imposição de leis – transgredindo leis –, a processar sem causa, a prender sem delito. O Executivo e o Parlamento rasgam a constituição ao permitir juízes de 1a. instância a processar e executar prisões coercitivas como as que fizeram com vários ex-membros do governo kirchnerista (**). Estamos diante de um verdadeiro Estado de exceção e violação total dos direitos humanos.

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A pergunta que se faz é por que justo a 72 horas antes do dia 11 de dezembro, quando Cristina Kirchner deve se sentar oficialmente nas cadeiras do Senado? E a poucos dias do recesso parlamentar? A movida deste juiz Bonadio é uma faca de vários gumes. Como bem dito pela ex-presidenta, o objetivo é: "Intimidar, Assustar, Tampar e Provocar". De fato, seguindo a fórmula golpista, a mídia hegemônica aciona o show midiático nas telas, na madrugada da infâmia, com prisões dos denominados "bandidos kirchneristas", tampando o fracasso do governo Macri que a ferro e fogo quer impor as "Reformas" Previdenciárias e Tributárias (antes do fim do ano) e Trabalhistas, rechaçadas por 70% da população; o aumento astronômico das tarifas elétricas e dos alimentos (antes do fim do ano). A "reforma previdenciária" já teve uma meia aprovação no Senado (29 de novembro), faltando ser referendada na Câmara de Deputados. Logicamente, para isso, é preciso assustar não somente a ex-presidenta, eleita com 38% dos votos, quem será sem dúvida o centro político motor da oposição no Parlamento, mas recatar todos os parlamentares que ousem votar contra as "Reformas"(desobedecendo o Executivo e muitos governadores de províncias); intimidar os militantes kirchneristas, os dirigentes sindicais e dos movimentos populares, até o último cidadão que já percebeu que lhe estão tolhendo direitos à vida e à livre expressão. Sem dúvidas que a intimidação não vai funcionar. É só perguntar aos 300 mil das recentes manifestações operárias frente ao Congresso, que amanhã serão milhões.

Mas, o decreto do juiz Bonadio, visa também provocar "uma reação política que possa ser utilizada para reafirmar a ideia de inimigos internos. Não querem que nossa voz esteja no Parlamento"(C.K). O governo fracassou na tentativa de demonizar os Mapuches, através do desaparecimento de Santiago Maldonado e de Rafael Nahuel e justificar um estado repressivo no país, com vistas a atingir cidadãos comuns e, depois, o movimento sindical organizado, inventando uma espécie de ISIS, e um movimento armado fantasma (RAM). Outro dos objetivos das investidas do Judiciário é também estimular o "apoliticismo" ou "anti-partidismo"que conduz ao abandono das vias democráticas e parlamentares, semeando a psique-social da fragmentação e do nazi-fascismo. Algo bem semelhante ao meio de cultura do Brasil atual. Frente a todas as ameaças, milhares se mobilizaram nesta 5a. feira ao lado das Mães e Avós da Praça de Maio contra as "Reformas" e o estado de exceção, sob o lema: "A falta de trabalho é um crime. Alguém vai ter que pagar!". Noite a dentro, uma multidão chegou espontaneamente, via redes sociais, a solidarizar-se com Cristina Kirchner e os novos presos políticos.

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De que acusam à Cristina Kirchner

O Judiciário, através do juiz Bonadio, processa a ex-presidenta por acusação feita pelo ex-procurador morto, Alberto Nisman, incumbido de investigar os atentados terroristas à embaixada de Israel, em1992, e da AMIA (Comunidade judaica) em 1994. No governo de Cristina Kirchner firmou-se um memorando de entendimento com o governo do Irã (na época o presidente Ahmadinejad), aprovado pelo Parlamento argentino, para iniciar investigações e julgamentos pelas acusações que vinham desde o governo de Menen, contra cidadãos iranianos. Aliás, tudo indica que Israel foi o que menos interesse teve na investigação, apesar dos reclamos de familiares das vítimas. Por este memorandum, que afinal não teve vigência, acusa-se a ex-presidenta Cristina Kirchner, o seu ex-ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman, de encobrimento dos supostos responsáveis pelo atentado e de "traição à Pátria". Traição à pátria se atribuem a delitos de guerra e, como bem se defende a ex-presidenta: os dois casos são atos terroristas e não de guerra. O disparate da acusação é rechaçado por todas as forças opositoras a Macri, incluindo a maioria dos partidos dissidentes ou críticos ao kirchnerismo (Alfonsin, Randazzo à Frente de Esquerda), a liderança da CGT (o Triunvirato), o bloco peronista, e vários juízes. Há um alerta vermelho ao eminente risco para o conjunto das forças democráticas. O Juiz progressista, Daniel Ráfecas, que em 2 ocasiões engavetou as acusações do caso Nisman por falta de delito e provas, declarou, assim como 7 juízes, que o mesmo não tinha fundamentos jurídicos. Isso está custando ao juiz Ráfecas, uma intimação do poder judicial. O jornalista Raúl Kolmann dá uma detalhada explicação sobre o tema no jornal Página12. Leia.

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O caso do submarino Ara San-Juan

Retirar da gaveta o caso Nisman é conveniente ao poder vigente, inclusive para tampar o mistério sobre o caso do desaparecimento do submarino com seus 44 tripulantes. O ocultamento de dados e informações leva alguns analistas a pensarem que aqui há algo mais que um simples acidente. Há hipóteses de uma ocupação militar estrangeira circundando o caso. Stella Calloni, renomada escritora e analista política levanta a tese de uma movimentação da NASA na costa argentina. Leia.

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No jornal Página12 publica-se algo pouco difundido sobre a defesa do país: "A gestão de Agustin Rossi, ex-ministro da Defesa de Cristina Kirchner, havia deixado pronto para assinatura um contrato com a empresa Invap (a mesma que se ocupou do projeto dos satélites ARSAT) para a modernização e recuperação de navios da Marinha Argentina, incluindo o Ara San Juan". Macri não terminou, nem firmou esse contrato, para favorecer os EUA e multinacionais. Por ordem de um organismo internacional CTBTP (Organização de Tratado de Proibição Completa de Ensaios Nucleares), sediada na Áustria, foi convocada uma investigação internacional, ao ser detectado por seus radares de engenharia acústica submarina sinais de provável explosão. Não a pedido do governo, mas da CTBTP, vieram elementos de busca de 18 países (Rússia, China, Coreia do Sul, etc..). Não se descobriu ainda onde está o submarino. Mas, como referido por Stella Calloni, os primeiros navios e aviões que circulavam para indagar a zona eram da IV frota americana. Com o pretexto da busca, desembarcaram veículos supermodernos, sinalizando um desembarque e provável instalação de uma base americana na Patagônia. Triste pensar, mas mistérios assim semelhantes ocorreram há 10 anos atrás na Base de Alcântara, no Brasil, onde uma explosão de foguete vitimando dezenas de astronautas, demonstrou ser uma sabotagem norte-americana quando no governo Lula se estabeleciam acordos de cooperação com os russos. Agora, na Argentina, como no Brasil o campo está aberto para destroçar a soberania nacional científica e espacial. Quem são os verdadeiros traidores da pátria? Leia

Cristina Kirchner, recebeu a solidariedade de várias personalidades (Lula, Dilma, Rafael Correia) e partidos políticos da América Latina. Apelará à Corte Internacional dos Direitos Humanos e à ONU. Deixou um recado: "Quero dizer que nós não vamos calar, nos assustar, nem vão conseguir disciplinar-nos, e nem vamos nos deixar provocar. Vamos nos defender no Senado e no Congresso. Faço um chamado à reação serena, a responder pela via política a este descalabro judicial incrível".

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(*) Juiz Claudio Bonadio, que receberá escandalosa aposentadoria de 170 mil pesos a partir de 1 de janeiro de 2018, segundo agência NA: Leia
(**) O ex-ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman –em prisão domiciliar por câncer terminal; o ex-secretário de Legal e Técnica, Carlos Zannini (ex-candidato a vice-presidente de Daniel Scioli) e os dirigentes populares Luis D'Elía, Jorge Youssef Kahlil e Fernando Esteche.

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