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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Mesmo de fachada democracia está correndo risco

"No segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, que parece já definido, os brasileiros precisam votar no único candidato, entre os dois, que pode conciliar o país e tirá-lo da crise, além de impedir que nossas riquezas naturais e nossas estatais sejam presenteadas aos estrangeiros", alerta o colunista do 247 Ribamar Fonseca; para ele, Bolsonaro, se eleito, dará continuidade ao entreguismo de Temer e à destruição dos programas sociais, agravando a situação do país; "Essa ideia de que "qualquer um é melhor do que o PT", além de rematada burrice é falta de amor ao país. Depois do leite derramado não adianta chorar"

Mesmo de fachada democracia está correndo risco (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters )
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A manobra do juiz Sergio Moro que, em parceria com a Globo, divulgou sem nenhuma justificativa a delação do ex-ministro Antonio Palocci às vésperas das eleições, teve o claro objetivo de prejudicar a candidatura petista de Fernando Haddad. Com isso impulsionou a candidatura de Jair Bolsonaro que, segundo as mais recentes pesquisas do Ibope e Datafolha, cresceu 11 pontos, enquanto Haddad ficou estacionado, o que alimentou as esperanças entre os partidários da extrema-direita de que o ex-capitão possa vencer já no primeiro turno. A manobra de Moro, sem dúvida, produziu estragos na candidatura do PT, mas não na extensão pretendida pelos seus autores. Parece muito difícil a Bolsonaro conseguir a vitória no primeiro turno. Ele não tem votos suficientes para isso e Haddad não ficará amarrado nos atuais 22%. O candidato do fascismo, afinal, precisa superar a soma dos votos do candidato petista com os outros concorrentes para obter a vitória antecipada.

Não é difícil perceber que teria havido uma ação combinada entre Moro e o Ibope, mas faltou sincronia. Como não existe crime perfeito não houve tempo para que a pesquisa captasse a reação do eleitorado diante da divulgação da delação, o que sugere uma possível manipulação dos seus resultados. Afinal, o Ibope é contratado da Globo. Alguém pode argumentar: mas o Datafolha confirmou os números. É verdade, mas o próprio nome do instituo de pesquisas já revela o seu proprietário. Como diz o Paulo Henrique Amorim: "Precisa desenhar?" Há quem diga que o crescimento do candidato do PSL foi o efeito contrário produzido pela manifestação das mulheres, que saíram às ruas para gritar "Ele não". Essa análise certamente é de algum bolsonarista, pois o lógico é que o movimento das mulheres provocasse um efeito justamente contrário ao registrado pela pesquisa do Ibope, isto é, o crescimento da candidatura de Haddad e o engessamento da candidatura de Bolsonaro. A pesquisa Ibope, portanto, não faz sentido.

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De qualquer modo, o PT precisa ser mais agressivo em sua campanha, pois virou saco de pancada de quase todos os candidatos. O candidato Tucano Geraldo Alckmin, por exemplo, não apresenta projetos de governo, usando o seu espaço no horário eleitoral gratuito para atacar o petismo, prestando desse modo um valioso serviço a Bolsonaro. Outro que usa a mesma estratégia é Álvaro Dias, com a diferença de que ele manda seus eleitores abrirem o olho. Se seguirem mesmo seu conselho vão conhecê-lo melhor e então perderá até os minguados votos que ostenta nas pesquisas. Alckmin e Dias, que não conseguem sair do lugar mas dizem que "no meu governo" farão isso ou aquilo, com esse comportamento estão prestando um desserviço ao país, pois ajudando a eleição do ex-capitão e, consequentemente, a implantação do fascismo no Brasil. Neste momento todos precisam se unir não necessariamente em torno de Haddad, mas em torno do país, que está ameaçado até mesmo na sua democracia de mentira.

Sabemos todos que as eleições de domingo são as mais importantes da História recente, após um golpe mascarado, em meio a uma democracia de fachada. Os executores do golpe de 2016 e os seus apoiadores, como a "Folha de São Paulo" por exemplo, se esforçam em tentar convencer o povo de que vivemos sob o regime democrático, o que se revela irônico diante da realidade do país, onde se repete com insistência que as Forças Armadas respeitarão o resultado das urnas. Em uma democracia de verdade essa observação se faz desnecessária, porque o respeito à decisão do povo, seja dos militares ou de qualquer outra instituição, é natural, implícito no texto da Constituição. Se alardeamos que não há risco de intervenção é porque o perigo existe e, portanto, precisamos repeti-lo para convencer a nós mesmos e aos outros de que a nossa democracia está imune a golpes, militares ou não.

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Em uma democracia de verdade um candidato não se recusaria, antes do pleito, a aceitar um resultado desfavorável das urnas, sem sofrer nenhuma penalidade, sequer uma advertência das autoridades que presidem as eleições. Em uma democracia de verdade um ministro da mais alta Corte de Justiça do país não se arvoraria em tutor do povo, de quem emana o poder, segundo a Carta Magna. Em uma democracia de verdade o maior líder popular do país não seria preso sem crime por uma Justiça capenga, partidarizada, o que caracteriza a sua condição de preso político. Em uma democracia de verdade, afinal, não existe preso político. Tentar disfarçar o golpe parlamentar-jurídico-midiático, sob a alegação de que o impeachment está previsto na Constituição, não passa de sofisma, porque o impeachment só é constitucional quando existe crime. Não foi o caso da destituição da presidenta Dilma Rousseff. A "Folha"deveria envergonhar-se de insistir nessa tecla.

Vivemos, na verdade, desde o golpe de 2016, uma ditadura da toga. O Judiciário, ao invés de cumprir o seu papel de guardião da Constituição, endossou a aprovação do impeachment por um Congresso recheado de parlamentares acusados de corrupção, onde não faltaram denúncias de pagamento de votos. E ainda lhe emprestou uma aparência de legalidade. O novo governo fruto do golpe, com a cumplicidade do Legislativo e do Judiciário, passou a tomar iniciativas destinadas a destruir os programas sociais duramente conquistados ao longo dos anos e a entregar nossas riquezas naturais, especialmente o petróleo, às multinacionais estrangeiras. A soberania do país vive sob ameaça, diante dos olhares complacentes dos militares, que só quebram o silêncio comprometedor para influir nas decisões judiciais que envolvem o ex-presidente Lula, quando percebem que há possibilidade dele ser beneficiado.

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No segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, que parece já definido, os brasileiros precisam votar no único candidato, entre os dois, que pode conciliar o país e tirá-lo da crise, além de impedir que nossas riquezas naturais e nossas estatais sejam presenteadas aos estrangeiros. Bolsonaro, se eleito, dará continuidade ao entreguismo de Temer e à destruição de nossos programas sociais, agravando a já grave situação do país. Essa ideia de que "qualquer um é melhor do que o PT", além de rematada burrice é falta de amor ao país. Depois do leite derramado não adianta chorar.

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