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Michel Zaidan

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Micareta fascista

Não é só a paralisia e a insegurança que passam a tomar conta da nação, com um calendário de mobilizações populares contra e a favor. É a percepção de setores golpistas de que essa situação não pode perdurar por muito tempo

Micareta fascista (Foto: Reprodução (TV Globo))
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Não sei que conselheiro disse ao senhor Jair Messias Bolsonaro que convocasse a sua base política (conhecida pelo nome de "massa de manobra" ou "idiotas úteis") para ir às ruas oferecer o seu apoio estridente e multicolorida à agenda econômica e de "reformas" do mandatário nacional. Estratégia arriscada por qualquer dos lados que se examine.

Se vitoriosa, cria um cabo de guerra com o Congresso, pressionando-o pela aprovação da dita agenda. Vale recordar que nem as famosas jornadas de 2013, mais numerosas e representativas, conseguiram essa proeza. Alegaram os distintos parlamentares que a prerrogativa de legislar é deles, como aliás de votar um impedimento do presidente da República. De forma que passada a onda, o Congresso reto, mas naturalmente no seu ritmo, faz o que bem entende.

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Se fracassado o apelo à mobilização popular, vem a desmoralização do governo, como aliás aconteceu com Fernando Collor de Mello. De todo jeito, o expediente de convocar as massas verde-amarelas para apoiar Bolsonaro já revela a fraqueza do governo, que vem enfrentando, nestes cinco meses de gestão, muita resistência e oposição.

Pelo visto, o senhor Jair Bolsonaro não aprendeu nada nos seus vinte anos de experiência parlamentar, como deputado. A vocação ditatorial de que pressionar ou forçar os deputados a aprovarem o que fôr só revela o imenso desconhecimento das vicissitudes do regime presidencialista brasileiro, mal chamado de "coalização", mesmo na ausência de um sistema partidário digno desse nome. Este arranjo institucional no Brasil esgotou-se há muito tempo.

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De crise em crise, o regime não se suporta sobre seus próprios pés. O que permite que apareça de vez em quando um "messias" prometendo o céu (ou o inferno) aos crentes e as pessoas crédulas e desencantadas das promessas deste mundo. Não se governa o país, ao ritmo de mobilizações de massa. Mas se produz um ambiente de insegurança e paralisia administrativa, revelando a fraqueza ou inabilidade do governo.

Vem daí a tese, que toma corpo na Câmara dos Deputados, de um "parlamentarismo branco", transformando Bolsonaro numa espécie de "rainha da Inglaterra". A ideia é carregar o andor ou o féretro do defunto vivo, até o fim do mandato, impedindo a posse do vice, general Mourão, e assumindo a agenda reformista, mas ao seu modo e gosto. Ou seja, esta agenda seria levada adiante, mas ao feitio e conforme os interesses das bancadas parlamentares. O que inevitavelmente se transmutaria, isto é sofreria inevitáveis mudanças. O que seria muito provável dada a fragilidade da aliança parlamentar do Executivo. Bolsonaro vem sofrendo derrotas no Parlamento e se nega a dialogar com os parlamentares. seus ministros ameaçam a renunciar, caso seus projetos não sejam votados. E agora vem o mandatário principal ameaçar, com a micareta fascista do último domingo, o Congresso.

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Esse é um caminho semeado de perigos. O país não pode viver ou se governado por sobressaltos criados por um candidato nato à ditadura. Não é só a paralisia e a insegurança que passam a tomar conta da nação, com um calendário de mobilizações populares contra e a favor. É a percepção de setores golpistas de que essa situação não pode perdurar por muito tempo.

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