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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Mídia israelense confirma: visita de comitiva brasileira foi para conhecer spray

Denise Assis escreve sobre a viagem da comitiva do governo negacionista de Bolsonaro a Israel: "a delegação ficará confinada em seu hotel durante toda a visita, exceto nos encontros com Netanyahu e o ministro das Relações Exteriores Gabi Ashkenazi"

Ernesto Araújo e Gabi Ashkenazi (Foto: Reprodução/Twitter)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

O Brasil tem se prestado a qualquer papel que o coloque como “parceiro” de líderes mundiais que o (infelizmente) chanceler Ernesto Araújo considere conveniente bajular. Assim, às vésperas da eleição americana, no dia 18 de setembro de 2020, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, veio a Roraima com a desculpa de que a visita tinha caráter de cooperação ao combate à Covid-19. Alguém viu alguma gota de vacina ou algum outro tipo de auxílio chegar aqui, por orientação de Pompeo? Não. Claro que não.

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“A parceria EUA-Brasil segue forte à medida que cooperamos para combater a covid-19, avançar com o crescimento econômico no hemisfério, e apoiar o povo venezuelano”, postou o secretário, ao justificar a visita. Deixa estar que nós sabemos que, de verdade, Pompeo tentava era intimidar a Venezuela de Nicolás Maduro e passar uma imagem positiva de Donald Trump, a caminho da derrota nas urnas, como já se antevia. Além do Brasil, Pompeo também esteve na Colômbia, na Guiana e no Suriname, como parte de um itinerário que, para analistas, serviu de aceno para o eleitorado de origem latina nos EUA.

A 16 dias das eleições em Israel (marcadas para 23 de março), Benjamin Netanyahu disputa mais uma vez o cargo de primeiro-ministro, numa tentativa desesperada de vencer a qualquer custo para manter a imunidade. O país passa pela quarta eleição em menos de dois anos numa demonstração clara de instabilidade política e Netanyahu sabe que não pode perder sob pena de responder aos vários processos em que é acusado de corrupção.

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Neste ponto entra o Brasil e sua tietagem. Deslocar uma comitiva para Israel, agora, serve a Bolsonaro – totalmente desmoralizado frente à opinião pública pelo negacionismo à pandemia, acarretando mais de 265 mil mortes -, e a Bibi, que passa internamente a imagem de grande benemérito de países “desvalidos” em momento de tragédia aguda.

A presença de Eduardo Bolsonaro na comitiva, sendo ele um propagador das ideias de ampliação de armamento levanta suspeitas sobre o real motivo  de sua ida a Israel. Difícil crer no seu repentino interesse pela pandemia.

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Bolsonaro, pego na desculpa esfarrapada de que mandaria uma delegação conhecer um spray nasal destinado ao câncer de ovário, mas testado no tratamento da Covid-19, em Israel, quando na USP os estudos de um spray, criado para o tratamento da doença está em estágio bem mais avançado de pesquisa, negou ser este o motivo da viagem. Tentou dar um ar de “cooperação” à visita. Porém, nos jornais israelenses, a notícia sobre a comitiva – obrigada a se submeter às regras sanitárias de permanecer isolada no hotel e usar máscaras em locais públicos -, foi esta.

O site Ynet reportou que “uma delegação de alto escalão de funcionários do governo brasileiro chegou a Israel no domingo para uma série de reuniões com colegas israelenses sobre os esforços para combater a pandemia do coronavírus, incluindo um spray nasal desenvolvido por Israel contra COVID-19 que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu descreveu como um “milagre”. Araújo foi evasivo, dizendo que a delegação se reunirá com Netanyahu e funcionários do Ministério da Saúde “a fim de examinar maneiras de cooperar na questão do coronavírus”. Nunca é demais lembrar que Israel está entre os países com melhor desempenho na vacinação, contra a Covid-19.

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A delegação, que além do chanceler tem o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Congresso, Eduardo Bolsonaro, entrou no país sem necessidade de quarentena, apesar da proibição de entrada de estrangeiros Israel e a ameaça de uma variante brasileira do COVID-19.

Tanto o The Times of Israel, quanto o site Ynet informaram que a delegação ficará confinada em seu hotel durante toda a visita, exceto nos encontros com Netanyahu e o ministro das Relações Exteriores Gabi Ashkenazi, que acontecerão no Gabinete do Primeiro-Ministro e no Ministério das Relações Exteriores, respectivamente. Representantes do Hospital Ichilov de Tel Aviv, que está por trás do spray nasal EXO-CD24, irão se reunir com membros da delegação em seu hotel depois que um pedido de visita ao hospital foi negado.

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O hospital não disse se um placebo foi dado a um grupo de controle e ainda não publicou suas descobertas em uma revista científica revisada por pares. Para serem aceitos como eficazes pelos cientistas, os novos tratamentos geralmente devem passar por ensaios clínicos randomizados, controlados e cegos, que são então compartilhados em uma publicação de pesquisa.

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