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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Milionários do Partido Novo querem substituir a urna pelo mercado

"União de ricos e muito ricos, que sonham com a privatização da política após o enfraquecimento dos espaços públicos e o enfraquecimento de direitos sociais, Partido Novo retoma práticas que o país parecia ter abandonado junto com o século XIX, do trabalho escravo e do voto censitário, pelo qual só pessoas de boa fortuna podiam votar e serem votadas", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "A privatização de setores essenciais da economia transfere para a iniciativa privada, em grande parte de fora do país, o poder de decisão sobre prioridades, projetos nacionais e planos de desenvolvimento". 

Milionários do Partido Novo querem substituir a urna pelo mercado (Foto: Reprodução/Facebook)
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A única boa noticia produzida pelos milionários que fundaram o Partido Novo é que, pelo menos nas eleições de 2018, seu candidato a presidência não tem a mais remota chance de chegar ao Planalto. Nem de passar para o segundo turno. 

A má notícia é que essa legenda, que de Novo tem apenas o nome, é expressão de uma forma de atuação típica da ruína de uma democracia  produzida pelo flagelo Michel Temer e aliados que pretendem dar sequência a obra -- como o PSDB de Geraldo Alckmin e a banda de milionários que sustenta o fascismo de Bolsonaro.  

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A principal  característica desse período histórico é a construção de um poder oligárquico a partir da destruição sistemática dos espaços públicos que em passado recente permitiram à sociedade brasileira influenciar nas decisões políticas, debater seus problemas e encontrar soluções a partir de um respeito -- sempre relativo, vamos admitir -- à soberania popular e à igualdade fundamental entre cidadãos. O jogo agora é outro.

Como nos tempos do Império, a atividade política faz parte de um universo no qual seu elemento essencial -- a linha de corte -- encontra-se na fortuna privada de empresas e cidadãos.

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Não custa lembrar. No regime em vigor no país do século XIX, típico de um universo onde a legislação trabalhista se resume à chibata e ao pelourinho, e a exclusão na pobreza extrema constitui o destino inevitável da grande maioria, a atividade política só pode ser exercida longe das multidões, no interior de clubes de acesso exclusivo.  

No Brasil do império, era preciso ter patrimônio respeitável para votar e para ser votado. O mínimo exigido para um cidadão exercer o direito a voto era possuir patrimônio de 100 000 reais. Para ser eleito, era preciso reunir uma fortuna três vezes maior.   

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Nesta segunda década do século XXI, após a entrega de fatias imensas da riqueza do país ao controle privado, a maioria comandada do exterior, o Brasil passa a conviver com traços que guardam uma tenebrosa semelhança com um passado que se imaginava definitivamente superado.  

A privatização de setores essenciais transfere para a  iniciativa privada o poder de decisão sobre prioridades, projetos nacionais e grandes planos de desenvolvimento.  

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Com o fim da legislação trabalhista, acompanhada da privatização sem limites e da quebra de conquistas sociais históricas, a urna eleitoral perdeu a condição de principal instrumento de ação política e local de disputa por direitos e influência.

A equação é elementar. A cada redução na esfera pública, diminui-se o espaço aberto para a voz dos cidadãos.

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O grande campo de batalha, agora, é o mercado, no qual cidadãos e cidadãs foram substituídos por operadores, lobistas e investidores milionários. Após a privatização da economia, ocorre a privatização do poder político.

Não se trata de um fenômeno brasileiro, é bom reconhecer.

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Em entrevista ao portal Sul21, o jurista argentino Eugenio Raul Zaffaroni, dono de uma influência intelectual muito além das fronteiras de seu país e do próprio  continente, descreve o poder de grandes corporações multinacionais como a grande ameaça às democracias contemporâneas.

Zaffaroni fala de um poder que atua como "organização criminosa", movido por uma "pulsão totalitária" cujo objetivo é "impor sociedades com 30% de incorporados e 70% de excluídos". 

Nesse processo, diz, o que se busca é "enfraquecer os Estados, que são o lugar da política. Eles querem ocupar o lugar da política".

Alguma dúvida? 

 

 

 

 

   

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