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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Ministro mente e vice se preocupa com visibilidade, enquanto voluntários tentam salvar praias

"Sabe contar, ministro? Foram 30 dias a descoberto. Foram 30 dias de avanço livre do óleo sobre a sua negligência, sobre o cotidiano daqueles que só querem arrastar um peixe para sobreviver", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia, ao criticar a omissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, diante da catástrofe do óleo que atinge o litoral do Nordeste

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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Luiz Inácio Lula da Silva diz sempre, e com convicção: o melhor do Brasil são os brasileiros. E por brasileiros, aqui, entenda-se a gente comum, que tal como recomendou o poeta, ama com fé e orgulho a terra onde nasceu. E se assim não fosse, como justificar as 900 toneladas de óleo recolhidas com as mãos dos que ainda se importam com o lugar onde vivem?  

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Para quem duvida, basta olhar as fotos feitas nos locais atingidos pelo misterioso óleo que avança a cada dia e já atingiu 200 praias do litoral nordestino, ameaçando também os rios. Lá estão eles, os “voluntários”, desprovidos de equipamentos adequados, vestidos apenas com a coragem de salvar o que resta, o seu lugar e, vá lá: os seus negócios.  

O resto é balela de gabinete, mentiras acumuladas umas sobre as outras, como a contada por esse rapaz a quem deram um cargo de ministro do Meio Ambiente. Não disseram para ele que apesar da “balbúrdia” institucionalizada no país, ainda há na máquina funcionários atentos para carimbar circulares e ofícios trocados na burocracia emperrada, mas constante. E, assim, pode-se descobrir, por exemplo, que não, ele não tomou providências “desde o início de setembro”, como disse à mídia, mas há apenas 10 dias.  

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O Plano Nacional de Contingência (PNC) somente foi acionado formalmente no dia 11 deste mês, 41 dias após o problema ter sido detectado.

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Sabe contar, ministro? Foram 30 dias a descoberto. Foram 30 dias de avanço livre do óleo sobre a sua negligência, sobre o cotidiano daqueles que só querem arrastar um peixe para sobreviver. É disto que estamos falando, ministro. De pessoas simples, que não passeiam pelos restaurantes elegantes de São Paulo, mas é possível que na mesa desses endereços cheguem o produto da labuta desta gente. Aquela lagosta que o senhor deve costumar pedir que lhe sirvam.

Mas tranquilize-se. O senhor não está sozinho nas mesuras para efeito público. O vice-presidente em exercício, Hamilton Mourão, prometeu ontem. Eu disse ontem, o uso de forças do Exército como reforço às “operações”, com objetivo de “dar mais visibilidade” às ações que já estão sendo feitas. Ora, seu vice! Quem está preocupado com visibilidade? Que ações? Ações de moradores, de estudiosos locais, da gente de boa vontade!

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Só os senhores, para quem tudo deve ter o efeito do marketing, estão preocupados com visibilidade. A grande preocupação agora é salvar a vida marinha, as reservas de corais, o turismo - atividade que permite mitigar a pobreza da região, atrai turistas, faz movimentar a economia local. Entendeu, seu vice? E com a desenvoltura que Deus lhe deu, ainda completa que “já são 1583 militares, quinze navios e uma aeronave da Marinha”, para resolver o problema. Será que aprenderam no colégio militar a fazer conta? Têm noção de proporção? Com certeza não.

A única certeza é a de que o óleo é da Venezuela, como não se cansam de repetir. E, por isto mesmo, deve-se tratar com descaso o problema, pois assim, quem sabe essa nossa gente valorosa entenda, de uma vez por todas, o quanto é nefasta a vizinhança com o país dirigido por aquele “ditador” que manda espalhar óleo na costa brasileira. Quem sabe não seria providencial mandar varrê-los do mapa? O litoral voltaria a ficar azul como o nosso céu de anil varonil. Sem esquecer de buscar uma explicação convincente para os rótulos da empresa americana Shell, estampados nos barris localizados boiando perto dos pontos de vazamento, evidentemente.  

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A propósito, para o vice o vazamento “está diminuindo. Esse óleo que chegou agora em Pernambuco, vamos dizer, é uma segunda vaga de assalto”. Seu vice, vagas são as providências desse governo, antes que eu me esqueça.

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