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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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MISTÉRIO ARGENTINO

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Falando com clareza: uma das provas definitivas de subdesenvolvimento mental consiste em torcer contra a Argentina na final de domingo.

Toda pessoa tem seu gosto e sua preferência. Os povos têm sua identidade, sua história e sua cultura, que uns podem admirar ou não.

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É claro é legítimo torcer a favor da Alemanha, também.

Mas se é para procurar motivos para implicar com um país…

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Eu me pergunto pela motivação interna, profunda, de quem diz que “não gosta dos argentinos.” Seria uma forma de racismo?

A implicância de uma parte de brasileiros com a Argentina tem sua origem num velho conhecido da Copa das Copas. Ele mesmo, o complexo de vira-lata.

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Deixando de lado, por um minuto, o 7 a 1, o único fracasso da Copa das Copas de 2014 foi o mascote Fuleco. O verdadeiro bichinho de estimação é o vira-lata.

Embora o Brasil tenha um PIB infinitamente maior do que o da Argentina, e ocupe um lugar no Continente de liderança não mais questionada, etc, etc, etc, os argentinos provocam um sentimento de insegurança e inferioridade que acompanha muitos brasileiros.

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Estes ficam felizes quando o vizinho enfrenta dificuldades. Dizem bem-feito até para a cobiça de fundos abutres que ameaçam derrubar a economia do país e até atingir o Brasil e outras partes do mundo.

Vira-latas têm raiva de espelhos que ajudam a mostrar algumas de suas verdades e preferem olhar-se em imagens que confirmam seus enganos e confortos.

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Estamos falando de um vizinho que em certos aspectos ajuda a lembrar nosso próprio atraso, o que poderia ser útil para debater a formação dos dois países, mas nem sempre é agradável. Reformas sociais que o Brasil sequer alcançou nos dias de hoje são uma conquista histórica dos argentinos. Os índices de educação são infinitamente superiores. O país é menos desigual.

Embora boa parte de sua riqueza tenha sido dizimada por delírios liberais iniciados na ditadura de 1976 e prolongados quando o governo Carlos Menén estabeleceu relações carnais com o império americano, entrando numa fase de regressão em vários setores, o país não deixou de acumular novidades que mexem com a estima – já baixa – de quem precisa da desgraça alheia para ter certezaa de que tudo vai bem em casa.

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Os argentinos acumularam quatro Premios Nobel. Também fizeram um papa. Brasil é zero nestes quesitos. Tem gente que se sente menor por isso. Pode?

Claro que pode. Essa é a esperança de quem sonha em transformar uma vitória argentina, domingo, numa derrota brasileira.

Após a derrota fora do campo, pela Copa das Copas, bem sucedida até para investigar mafiosos dos ingressos, o que nunca se fez em nenhuma outra Copa, nem na da Alemanha, o que se quer é estimular baixos intintos para ganhar votos em outubro.

Honestamente…nem o mais pessimista iria imaginar um programa de campanha tão rasteiro. Enquanto se estimula de todas as formas uma rejeição contra os argentinos, se torce secretamente pela vitória de Messi & seus companheiros na esperança de prejudicar Dilma Rousseff.

É com este tipo de debate político que a oposição quer chegar ao Planalto? Deve ser.

Não cusa lembrar que a rivalidade entre brasileiros x argentinos ( e vice-versa) tem origem externa. Interessados desde o século XIX em dividir para reinar na América do Sul, Estados Unidos e Inglaterra sempre trabalharam para estimular competições inúteis e conflitos desnecessários, jogando uns contra os outros para que a melhor parte do butim ficasse com os outros.

Um dos ganhos da democratização ocorrida nas últimas décadas foi a descoberta de que os dois maiores países da América do Sul só tem a ganhar quando se aproximam. Suas economias se complementam, os mercados têm escala e atraem investimentos. Muitos empregos brasileiros dependem de compras feitas do outro lado da fronteira. A recíproca também é verdadeira.

Viajando ao país por todos os meios a seu alcance, hospedando-se em todas as alternativas de seu bolso, as centenas de milhares de argentinos ajudaram a escrever algumas das mais belas páginas desta Copa que termina. E é preciso muito – mas muito – complexo de vira-lata para não perceber a importância de tudo isso.

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