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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Monopólio estatal não-capitalista chinês na bancarrota da Evergrande mostra novo padrão de acumulação

(Foto: REUTERS)
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O governo chinês, comandado pelo partido comunista, ao que tudo está indicando, não vai dar mole para os oligopólios privados - como o da incorporadora imobiliária Evergrande - que, no ocidente, crescem demais e, geralmente, quando quebram, são salvos pelo Estado, aprofundando concentração de renda, desigualdade social e turbulência cambial; os exemplos que se tornaram normais no capitalismo ocidental não deverão ser repetidos na China, de acordo com o comportamento do poder estatal na China; aqui repetirá ou não o que é comum na terra de Tio Sam, ou seja, em que o Estado não deixa quebrar o sistema bancário, no estágio atual da financeirização econômica global, para que o sistema capitalista não vire fumaça?

NOVO MOMENTO HISTÓRICO

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2021 não é 2008; Washington, em 2008, socorreu Wall Street, com o pé na cova; inicialmente, foi à bancarrota o bancão Lehman Brothers; imediatamente, porém, o FED, BC americano, sentindo que a terra fugia dos seus pés, correu para acelerar trocas de dívidas podres e velhas por dívidas novas; emissões monetárias em massa salvaram o sistema bancário americano e, igualmente, mundial do colapso; de lá para cá, até o momento, não ocorreu estabilidade do sistema, que continua dançando na corda bamba; agora, justamente, no momento em que rola, na China bancarrota da Evergrande, segunda maior incorporada do país, o governo chinês não faz o que fez o governo americano, ou seja, corre para salvar grandes monopólios privados; deixará ou não quebrar?

MONOPÓLIO PÚBLICO  X MONOPÓLIO PRIVADO

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No confronto, entre o monopólio estatal, a serviço do interesse público, e o monopólio privado, a serviço do lucro especulativo, a China mostra a diferença do seu capitalismo em relação ao  capitalismo ocidental, capitaneado pelos Estados Unidos, evidenciando que há capitalismo e capitalismo; o Estado chinês, como monopólio do interesse público, sinaliza à humanidade novo padrão de acumulação, vamos dizer assim, capitalista; o governo Xi Jiping dá claros sinais de que deve, certamente, calar aqueles que afirmam ser a China capitalista, ao molde ocidental, mas que não pensa duas vezes diante dos abusos dos capitalistas privados, contra os quais se levanta o poder do Estado chinês, em comparação ao comportamento do Estado americano; na terra de Tio Sam, o Estado tem, historicamente, se colocado a serviço da acumulação privada, mesmo quando esta entra em contradição consigo mesma, indo à bancarrota, e transfere prejuízo ao contribuinte; esse tipo de capitalismo que a América tem praticado à moda imperialista para dominar o mundo, tendo como garantia o dólar sustentado pela economia de guerra, está, ao que parece, sendo colocado em xeque na terra de Mao Tse Tung.

LIVRINHO VERMELHO DE MAO

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O livro vermelho de Mao, que Xi Jiping adota, dispõe outra regra; o Estado exercerá, diz o livrinho, novo padrão de acumulação não para enriquecer minorias e salvá-las quando excedem em sua ganância, mas se colocará, como monopólio do poder comunista, a serviço do interesse público; o governo chinês, naturalmente, está em meio a uma turbulência, mas quem vai dançar não será o banco estatal chinês, mas os bancos privados, seja na China, seja no ocidente, que abriram as portas para emprestar aos clientes que compraram apartamentos financiados - a prazo de égua - pela Evergrande; o banco estatal chinês, que planeja e organiza a expansão econômica chinesa, tem como fonte de garantia o poder sem limites de emissão do governo em moeda chinesa, para  navegar no mar turbulento com relativa autonomia; essa é sua estratégia, que, aliás, é expressa no Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, escrito entre dezembro de 1847 e janeiro de 1848; no seu famoso decálogo, o item 5, proclama a necessidade das finanças públicas serem organizadas por banco público como arma contra a anarquia especulativa, característica da banca privada; nesse sentido, o poder de manobra governamental, no caso da bancarrota da Evergrande, poderá se revelar, também, sem limites, abrindo-se aos devedores oportunidades de recompra dos imóveis por meio de cooperativas.

COOPERATIVISMO/SOCIALISMO ECONÔMICO À VISTA

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A sociedade se organizaria, sob orientação estatal, para novo modo de financiamento da propriedade privada; assim, a economia capitalista, na China, coordenada por fundos públicos, ditados por bancos estatais, pode estar  diante de novo experimento sob comando do Partido Comunista Chinês, a serviço da acumulação, não meramente privada, mas coletiva; a bancarrota da Evergrande, nesse sentido, representaria novo capítulo do sistema econômico mundial comandado pela China, com capacidade de planejar a anarquia capitalista; será com ele que os chineses se organizam para alavancar nova fronteira eurasiática? Isso pode ou não ocorrer, exatamente, no momento em que o BC americano, envolvido no caos da financeirização econômica anárquica capitalista, prepara-se para suspender a prática que vem tocando desde o crash de 2008, de ir trocando dívida velha por dívida nova, para evitar bancarrota do sistema financeiro americano? Turbulências mil à vista poderão ou não impactar violentamente a economia brasileira, capazes de dar cavalo de pau no neoliberalismo que jogou o Brasil no abismo bolsonarista?

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