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William Robson Cordeiro

Jornalista, músico e Professor. Doutor em Jornalismo pela UFSC e mestre em Estudos da Mídia (UFRN)

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Moraes e Toffoli, os supremos censores

Se Toffoli é o STF personificado, que não respeita sequer os promotores em seu papel de acusar e de provocar a Justiça, leva à fórceps seu ímpeto pessoal contra a imprensa. Alexandre de Moraes, unido a Toffoli, conduz o trabalho indigno de vetar as matérias da Crusoé, pertencente ao Antagonista

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Na briga entre parte do Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República (PGR), a minha torcida é pela briga. Como sabemos, o golpe derrubou a presidenta Dilma Rousseff e rasgou a Constituição brasileira, que virou letra morta e interpretada ao gosto do freguês.

O golpe, gestado no ninho de tucanos contrariados com a derrota nas eleições de 2014, impôs agenda de ódio e de sabotagem que culminou com a prisão do presidente Lula, seu impedimento de concorrer às eleições do ano passado, e a concepção do fascismo vigente de Jair Bolsonaro. Ao chegar neste ponto, já estamos vivendo um ambiente de barbárie. É este o contexto que devermos considerar.

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A  Lava-Jato se transformou em instituição paralela com suas próprias leis, atuando com pressões torturantes para que  suspeitos oferecessem delações seletivas.

A operação política que promoveu parte de seus integrantes, quebrou empresas de engenharia pesada e serviu como agência de informação para a mídia interessada em varrer o PT do governo. Não teve limite.

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Vazamentos ilegais, como a conversa entre a presidente Dilma e o  ex-presidente Lula partiam de Curitiba direto para a TV Globo. E até onde se sabe, o STF nunca questionou a ilegalidade das ações da Lava-jato. Não teve limite.

A Lava-Jato propagandeou alcunhas guardadas em listas de propina da Odebrecht, oriundas das delações: Gripado, Reitor, Careca, Botafogo, Índio, Caju, são alguns dos apelidos de quem supostamente estariam envolvidos.

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Estes nomes vieram à tona através de delações e publicadas na imprensa, sem qualquer impedimento do STF. Afinal, como diz o atual presidente da Corte, "o tribunal sempre atuou na defesa das liberdades, em especial da liberdade de imprensa e de uma imprensa livre”.

Teve limite. O limite da liberdade de imprensa, no entanto, não poderia ultrapassar a fronteira dos intocáveis de toga.

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Bernardo Melo Franco, em sua coluna no jornal O Globo desta terça-feira (16), ressaltou o tom soberbo do presidente Dias Toffoli, que nas delações tem o apelido de "Amigo do amigo do meu pai".

Quando agiu para censurar a reportagem de uma revista até então desconhecida chamada Crusoé, denunciante de mensagem do Marcelo Odebrecht que citava o nome do ministro, Toffoli criticou o veículo e outros sites que querem "atingir as instituições brasileiras".

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O ministro respondeu como se personificasse o STF e, ao usar a lei a seu favor, age como promotor  e delegado. E esquece que a instituição não se moveu, nem impôs limites ante outras delações,  nem contra o linchamento midiático ao qual Lula era constantemente submetido (isso já daria uma artigo à parte).

Integrantes do STF ressuscitaram a censura. Para recordar, os censores invadiam as redações e vetavam reportagens que considerava contrárias ao regime. Para ocupar os espaços abertos, os jornais publicavam desde receita de bolos a poema de Camões. Hoje, os ministros que se sentem incomodados cumprem o mesmo papel.  Até o ministro Marco Aurélio Mello reconheceu e, como voz destoante, condenou.

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Se Toffoli é o STF personificado, que não respeita sequer os promotores em seu papel de acusar e de provocar a Justiça, leva à fórceps seu ímpeto pessoal contra a imprensa. Ou melhor, contra a mídia que caminhava com o Supremo lado a lado no projeto golpista. Intimida jornalistas ao convocarem para depoimentos na Polícia Federal e vasculha casas e contas nas redes sociais de protofascistas incautos.

Neste cenário, o Brasil segue em sua clara progressão de tirania. Do golpe a Bolsonaro, do ódio ao totalitarismo judiciário.

Alexandre de Moraes, unido a Toffoli, conduz o trabalho indigno de vetar as matérias da Crusoé, pertencente ao Antagonista (do Mainardi e do Sabino, máquinas de destruir reputações). O veículo atuou fortemente no golpe, na prisão do Lula, na eleição de Bolsonaro e na implantação do autoritarismo no Brasil. Agora é vítima do regime que alçou.

Moraes também ignorou o arquivamento desta lambança pela procuradora Raquel Dodge. Segundo ela, o inquérito não observa as regras constitucionais e que o STF não pode investigar e ao mesmo tempo, julgar. Ou seja, o STF se autoprovocou e Moraes se reveste de delegado, promotor e juiz, como lembra o mesmo Mello Franco, em coluna no Globo desta quarta-feira (17).

Estamos em ambiente de barbárie. O STF tem suas próprias leis e suas próprias razões. Convenientemente, os ministros abrem ou fecham os olhos. Com as exceções de praxe.

Porque o Amigo do Amigo do Meu Pai não é o STF. Trata-se de pessoa pública, sujeita ao escrutínio da sociedade e à prestação de contas de seus atos. A exemplo de Moraes, ambos estão envolvidos e deslumbrados neste mundo de abusos, fascismo, surrealismo, arbitrariedade e de desrespeito, cenário que ajudaram a construir e que levou as instituições ao colapso.

Os golpistas diziam que as instituições estavam funcionando. Mas, não esquecemos que o golpe foi com o "Supremo, com tudo".

 

 

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