CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Denise Assis avatar

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

701 artigos

blog

Moro apequenou o nosso código de ética e alargou as margens da tolerância com o mal feito

A colunista Denise Assis, do Jornalistas Pela Democracia, diz "o que sabemos todos, é que há sete meses o país vive aos sobressaltos. E nada acontece. Não há medidas para frear o desemprego, não há providências para fazer a economia girar, não há perspectivas de crescimento. O 'posto Ipiranga' prevê que isto aconteça daqui a 'um ano ou dois'. Enquanto isto, vamos 'adoecendo'."

Um País de prevaricadores (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Denise Assis, para o Jornalistas Pela Democracia - Com sete meses de governo o ex-presidente Jânio Quadros renunciou... Por que estou falando disso? Não sei... O que sabemos todos, é que há sete meses o país vive aos sobressaltos. E nada acontece. Não há medidas para frear o desemprego, não há providências para fazer a economia girar, não há perspectivas de crescimento. O “posto Ipiranga” prevê que isto aconteça daqui a “um ano ou dois”. Enquanto isto, vamos “adoecendo”.

Adoecendo de indignação, de imobilismo, de horror e de naturalização do que não pode ser naturalizado. Enquanto o lado de lá vai rachando e perdendo quadros e simpatizantes, arrependidos por terem votado com o fígado e não de olhos no futuro de um país que é de todos (eu disse de todos), o lado daqueles que simplesmente miraram o óbvio – não podia dar certo, ou melhor: tinha tudo para dar errado – adoece. É assim, quando a raiva não tem por onde escapar. Esse sentimento, quando reprimido, vira depressão, tristeza. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Diante do entreguismo, do desgoverno, da falta de decoro, do mínimo de elegância ou humanidade, há protestos organizados, mobilizações, palestras, manifestos, estridência nas redes sociais, mas qual é o discurso para enfrentar a baixaria que se instalou em Brasília, e teima em sair da boca de cena e vir para o proscênio, a nos enfrentar com sua escatologia? Enquanto isto, na coxia, eles preparam toda a maldade que virá de repente, de uma penada, ou da compra orquestrada de um Congresso que só funciona à base da grana “que ergue e destrói coisas belas”, como já cantou Caetano Veloso.

Houve esperança, quando Glenn Greenwald iniciou os vazamentos sobre a Lava-Jato. Mas embora sejamos extremamente gratos ao seu esforço e aos que se juntaram a ele nesta tarefa, o pior já tinha acontecido. A pressão exercida pela mídia e pela tal “força-tarefa” sobre a opinião pública teve dois efeitos colaterais de altíssima gravidade. O primeiro, foi levar ao poder – depois soubemos que era este o real objetivo de procuradores e do ex-juiz – o presidente que lá se encontra. O segundo, e este muito mais danoso, foi naturalizar o mal. Naturalizar o desrespeito às leis; naturalizar o descumprimento à Constituição; naturalizar o princípio de que os fins justificam os meios; naturalizar o que não é natural: o falso moralismo. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Todas as transgressões são desculpadas, minimizadas, ignoradas. Onde estão os que poderiam reivindicar o mínimo de decência? Guardados com Deus. (Que falta faz um Ulysses Guimarães). 

Deste saldo, há alguns itens a serem debitados na conta do ex-juiz Sergio Moro. Há a desmoralização interna e externa da Petrobras, que foi à bancarrota por suas ações desvairadas e persecutórias (hoje se sabe o que ele perseguia: o seu naco de poder); há a quebra das nossas maiores empresas, reconhecidas mundialmente; há o desmoronamento dos direitos trabalhistas, que vieram na esteira do golpe que ele ajudou a engendrar, colocando no poder os que tinham pressa em acabar com eles. Há a perda de poderes sobre o pré-sal, nosso cheque para o futuro. Há a devastação da Amazônia, que nos colocava orgulhosos perante o mundo, enquanto lutávamos – com apoios internacionais - para preservá-la, mas há o pior dos males para um povo. Moro levou o público médio brasileiro a naturalizar o cinismo. Moro apequenou o nosso código de ética e alargou as margens da tolerância com o malfeito. E isto a história irá lhe cobrar.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO