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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Moro usa AI-5 contra Lula

O colunista do 247 Alex Solnik destaca as semelhanças entre o famigerado AI-5, instituído na ditadura militar, e a Lava Jato; além da "luta contra a corrupção", "o maior ponto de intersecção entre o AI-5 e a Lava Jato reside no artigo 10º: "Fica suspensa a garantia do habeas corpus nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular". Foi provavelmente o artigo que embasou a decisão do juiz Sérgio Moro de impedir de forma totalmente inconstitucional e autoritária a execução do alvará de soltura do ex-presidente Lula", observa

Moro usa AI-5 contra Lula (Foto: Lula Marques/Agência PT | Paulo Pinto/Agência PT)
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"Ou diálogo ou ditadura" trombeteava a manchete da Folha de S. Paulo de 10 de julho de 1968, reproduzindo declaração do ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, na sequência dos protestos estudantis contra o golpe militar de 1964, coroados com a Passeata dos 100 mil, no Rio.

Cinco meses e três dias depois, Passarinho assinaria, ao lado dos demais ministros que traíram a democracia, o famigerado AI-5, "mandando às favas os escrúpulos", como disse ele, e a inteligência, como se viu depois, porque o petardo autoritário tinha por alvo confiscar mandatos, bens e direitos de cidadãos civis, como ele. A constituição de 1967 não fora revogada, mas o general da vez governava com base não nela – que já era fruto do golpe militar - mas nos Atos Institucionais, mais severos ainda.

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No dia 5 de outubro de 1988, o AI-5 caiu três anos depois da ditadura e foi trocado pelo artigo 5º. da nova constituição, mas a sua essência, o inciso que garante a presunção da inocência até o trânsito em julgado foi suprimido por decisão temporária do plenário do STF, a 16 de fevereiro de 2016 que perdura até hoje. O artigo 5º. não foi retirado da constituição, nem poderia, mas não é mais levado em conta na sua integralidade.

A supressão da presunção de inocência determinada pelo STF deu ensejo ao vale tudo judicial e ao renascimento do espírito do AI-5 em alguns setores do Judiciário.

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Impressiona a semelhança entre os "mandamentos" do AI-5 e os da Lava Jato.

Um dos objetivos do Ato ditatorial era também lutar contra a corrupção (considerações), cassar, suspender mandatos e prender políticos (artigo 4º.), confiscar seus bens (artigo 8º.), sempre "sem as limitações previstas na constituição".

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Tudo podia ser feito, então, desde que "no interesse da Revolução". Tudo pode ser feito, hoje, desde que "no interesse da Lava Jato".

Mas o maior ponto de intersecção entre o AI-5 e a Lava Jato reside no artigo 10º.: "Fica suspensa a garantia do habeas corpus nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular".

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Foi provavelmente o artigo que embasou a decisão do juiz Sérgio Moro de impedir de forma totalmente inconstitucional e autoritária a execução do alvará de soltura do ex-presidente Lula.

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