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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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Mundo se volta para a crise ambiental. O Brasil se volta para os EUA

O colunista Gilvandro Filho, dos Jornalistas Pela Democracia, critica a políticia ambiental do governo Bolsonaro e afirma se Bolsonaro pudesse, nem Ministério do Meio Ambiente o seu governo teria; ele diz: "e já que é para ter, que seja um ministro que, em passado recente, foi condenado por crime de improbidade administrativa oriundo justamente de uma ação civil pública ambiental"

Mundo se volta para a crise ambiental. O Brasil se volta para os EUA (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Nesse sábado (16), segmentos de brasileiros com responsabilidade ecológica comemoraram o Dia Nacional de Conscientização Sobre as Mudanças Climáticas. Na sexta, um evento mundial mobilizou milhares de estudantes de cidades de 123 países; no Brasil foram 20 cidades participantes, entre elas Recife, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em pauta, protestos por medidas para fazer frente às mudanças climáticas. O tema toca o mundo inteiro. Para o governo e o presidente do Brasil, que seguem dócil e fielmente as diretrizes traçadas pelos Estados Unidos e pelo presidente deles, isso tudo não passa de um zero à esquerda.

Na verdade, se Bolsonaro pudesse, nem Ministério do Meio Ambiente o seu governo teria. E já que é para ter, que seja um ministro que, em passado recente, foi condenado por crime de improbidade administrativa oriundo justamente de uma ação civil pública ambiental. Isto, na época em que Ricardo Salles era o secretário estadual de Meio Ambiente do governo tucano de Geraldo Alckmin. É um dos fatos inacreditáveis de um governo que, com apenas dois meses e meio de vida, é marcado pelo bizarro, pelo imponderável e, sobretudo e justamente, pelo inacreditável.

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A repercussão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente do Brasil está para a comunidade que atua em preservação ambiental e ecologia, em nível mundial, como está a figura de Ernesto Araújo para a comunidade diplomática de quase todo o planeta. Exerce um impacto semelhante ao exercido em educadores e formuladores de políticas de educação pela presença de Ricardo Veléz Rodrigues na Educação. Ou como provoca o nome de Damares Alves como ministra, seja de que pasta for. Não é crível à primeira vista. Nem depois.

Voltando às manifestações da sexta-feira, aquelas que não afetam Jair Bolsonaro nem seus auxiliares, estão inseridas no "Friday For Future" (Sextas pelo futuro), movimento iniciado pela estudante sueca Greta Thunberg. Ela resolveu "gazear" as aulas todas as sextas-feiras e ficar fazendo alertas e protestos na frente do parlamento da Suécia, em Estocolmo. Nesta última sexta, milhares de estudantes fizeram coro com a adolescente.

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O movimento deu frutos e multiplicou adeptos pelo mundo. Greta já discursou em eventos como a Conferência do Clima da ONU, em dezembro, e no Fórum Mundial de Davos, na Suíça, em janeiro, aquele mesmo em que o presidente do Brasil teve uma performance absolutamente esquecível com seu discurso de 6 minutos. Por conta de sua atuação, Greta é uma das personalidades com o nome lembrado para o Nobel da Paz, para o qual foi indicado por parlamentares noruegueses ligados ao meio ambiente.

Além de Estocolmo e das cidades brasileiras, a sexta-feira verde mobilizou jovens por todo o planeta: Estados Unidos, França, Uganda, Holanda, Austrália, Nova Zelândia.

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Enquanto isso, aqui no Brasil a discussão ecológica é tratada pelo governo como uma ofensa. No último dia 14, o presidente apelou para a forma mais tosca de resistir a pressões e proibiu o Ibama de fazer qualquer tipo de contato com jornalistas, o que inclui se negar a responder a quaisquer questões. Intramuros, a decisão é vista como um sinal de que vem coisa por aí. Instituições não governamentais e ativistas ambientais acham que, por detrás do muro de silêncio, esteja o afrouxamento geral das fiscalizações em cima de desmatamento na floresta amazônica. Perguntas, agora, só direto ao MMA de Ricardo Salles.

Jair Bolsonaro, que na semana que vem faz sua primeira viagem aos Estados Unidos, tem no meio ambiente e na preservação ambiental um calo de proporções gigantescas. É visível o mal estrar que o tema provoca no presidente, cuja primeira providência foi entregar a gestão do Ibama ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pasta dirigida pela agropecuarista Tereza Cristina, entusiasta do uso de agrotóxicos nas culturas agrícolas, o que lhe rendeu a alcunha de "Musa do Veneno".

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É bem nítida a lembrança de um dos principais conselheiros de Bolsonaro para o setor, o ruralista Nabhan Garcia, que, na campanha eleitoral, comparou o Acordo de Paris com um rolo de papel higiênico. Ao defender o desmatamento da Amazônia, o bolsonarista expeliu esta pérola: "se fosse papel higiênico (o Acordo de Paris) serviria apenas para limpar a bunda". Elucidativo.

O Acordo de Paris é um compromisso firmado em 2015 por 195 países, incluindo o Brasil. E que tem como objetivo maior mitigar as consequências do aquecimento global. O Brasil formalizou sua entrada em setembro de 2016, se comprometendo a reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 25% até 2025 e em 43% até 2030 – ambas as metas com base nos níveis de 2005. Em junho de 2017, Donald Trump anunciou a saída dos Estados Unidos, maior poluidor do planeta, do Acordo.

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Logo depois de tomar posse, Jair Bolsonaro deixou vazar que seguiria Trump e sairia do Acordo de Paris, mas a pressão de toda a comunidade científica e até de setores governistas com um mínimo de lucidez foi muito grande. Isso fez com que, ainda em janeiro, ele desse mais um dos seus inúmeros recuos desse comecinho de governo e admitisse continuar com o Brasil honrando a palavra dada diante do planeta.

A viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, onde será recebido como um presidente de um país aliado por Donald Trump, deve sacramentar algumas medidas. Uma deve ser o afinamento nas hostilidades à Venezuela. A outra, já anunciada, será a entrega, de mão beijada, da Base Aérea de Alcântara, no Maranhão, aos EUA. Um posicionamento formal do Brasil na questão do clima pode aparecer também na pauta. E pela linha servil ao país de Trump com que o governo bolsonarista se comporta, não é difícil imaginar o que pode vir por aí.

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