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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Municipalismo x negacionismo polariza disputa eleitoral em 2022

Bolsonaro joga todas as fichas no negacionismo, na polarização, para tentar chegar ao segundo turno, para disputar, provavelmente, com Lula

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por César Fonseca

A primeira morte em Goiás de paciente afetado pelo Ômicron, o medo dos país com o negacionismo bolsonarista contra vacinação de crianças e a paranóia social que vai tomando conta da população, diante do debate acalorado do tema, transfere para os municípios o cenário da mobilização política, econômica e social; os prefeitos, debaixo de violentas pressões dos afetados pelos desastres naturais, excessos de chuva, que destroem toda infraestrutura urbano, voltam-se para o governo federal por socorro emergencial; amplia-se movimentos municipalistas; a mobilização dos prefeitos no cenário da crise sanitária para garantir vacinas para as crianças somado ao surto torrencial de chuvas que destroem vastas regiões econômicas no sul baiano e no norte de Minas e, esparsamente, em todo o território nacional, arrasando infraestruturas urbanas, produz, no ano eleitoral, pauta prioritária do Municipalismo em franco confronto com bolsonarismo neoliberal. Lula, pilotando nas pesquisas, só tem a ganhar com essa guerra que mina o prestígio de Bolsonaro.

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Quem ganhar eleição tem que atender a pauta real dos municípios e não à pauta contrária  do presidente Bolsonaro de fuga para frente com o discurso identitário e ideológico, construído artificialmente no exterior da realidade; sem obras e trabalho a apresentar à população, calcadas em programa de geração de emprego e investimentos em educação e saúde, como prioridades das prioridades, o presidente potencializa o negacionismo como política de despistes; desvio total de assunto; Bolsonaro joga todas as fichas no negacionismo, na polarização, para tentar chegar ao segundo turno, para disputar, provavelmente, com Lula; a função do negacionismo, portanto, é formar força eleitoral proporcional, na casa dos 20%, no mínimo, para ir ao balotage.

Negacionismo x razão

A polarização negacionismo x razão produz, sobretudo, inversão de prioridades; o combate à fome e ao desemprego deixa de ser o foco para dar lugar ao debate sobre se criança deve ou não ser vacinada; a ação negacionista governamental força debate nesse sentido;  o irracionalismo tenta preponderar sobre a ciência. O Identitarismo em geral, porém, não ameaça o sistema econômico pois é por ele manipulado, mas desvia atenção; cria guerra político- ideológica eleitoral, para dividir a opinião pública; leva-a à alienação, abraçando o acessório no lugar do essencial.

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Prisioneiro do teto neoliberal

Bolsonaro não pode construir discurso real porque quem manda no governo é a variação financeira, são os credores da dívida pública por meio de Banco Central Independente; a variável social não apita nada, embora exija outras prioridades que não a meramente financeira; o BCI é um projeto de poder da burguesia financeira especulativa que determina pauta contrária à do discurso social democrata; seu foco, o ajuste neoliberal de gastos, é incompatível com democracia.

Nesse cenário de financeirização econômica nacional, os prefeitos vão se conscientizando coletivamente da necessidade de atuar em conjunto para pressionar o governo federal em ano eleitoral; as questões reais são as que estão no foco das autoridades municipais, sob pressão da comunidade, que exige gastos sociais crescentes; por isso, a base do governo quase derruba a ministra da Casa Civil, Flávia Arruda, do Centrão, por segurar verba pública nessa hora dramática para os municípios; os prefeitos agora querem recuperação emergencial dos estragos das chuvas; uma agenda para criar emprego, renda, consumo, produção, arrecadação e investimentos, ou seja, o silogismo capitalista produtivo.

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Herdeiro de Thatcher e Reagan

O  racha já se instala entre os próprios neoliberais; Sérgio Moro, candidato do Podemos, assessorado por Affonso Celso Pastore, já diz que o Estado Mínimo de Margareth Thatcher, Ronald Reagan e Bolsonaro não existe; Bolsonaro, com Guedes, está ainda com a dupla Reagan-Thatcher, contramão do mundo; ou seja, não ganha eleição, pois não tem apelo popular; só sabe destruir projetos sociais como os da aposentaria que levou governo conservador à derrota no Chile; sem apelo popular, Bolsonaro está prisioneiro do reagnomismo-thatcherismo ultraneoliberal, que afunda a economia no cenário da financeirização econômica.

Financeirização generalizada bloqueia economia

Todos os setores da economia são submetidos à lógica da financeirização, na qual o país é tido, apenas, como mero ativo na bolsa, sujeito às cotações voláteis do dia, da manipulação especulativa. A demanda social é esmagada pela prioridade de ter de reservar 45% do Orçamento Geral da União para pagamento de juros e amortizações da dívida pública; não sobra nada para Estado de Bem-estar Social; Bolsonaro, de pés e mãos amarrados pelo teto neoliberal de gastos, que requereu golpe político para ser implementado, no governo Temer, não pode sequer ajudar, satisfatoriamente, os afogados da chuva; mal está dando conta do pagamento do auxílio Brasil para todos; apenas, uma parte recebe os R$ 400 mensais; parcela majoritária está recebendo à prestação, humilhando-se em filas dos bancos; sem condições de discutir a realidade que o equivocado reagnomic-thatcherismo produz em termos de destruição econômica, Bolsonaro-Guedes partem para o irrealismo econômico e ideológico religioso negacionista. O negacionismo confronta a razão na disputa eleitoral em 2022.

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