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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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Nada de cristão na bancada evangélica

"A nossa história política recente vem demonstrando que não há nada mais anticristão no parlamento do Brasil que a chamada bancada evangélica", diz o colunista Gilvandro Filho; "Por detrás de pregações e louvores, o que se constata, na prática, é o acirramento cada vez maior em torno de uma agenda preconceituosa, excludente, intolerante, defasada", afirma; os evangélicos, diz ele, "são protagonistas de episódios criminosos como a proliferação do 'kit gay', fakenews utilizada à exaustação, na campanha eleitoral" e "são criadores de expressões bisonhas como a tal da 'ideologia de gênero'"

Nada de cristão na bancada evangélica
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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia 

A nossa história política recente vem demonstrando que não há nada mais anticristão no parlamento do Brasil que a chamada bancada evangélica. Ou, como queiram, a Frente Parlamentar Evangélica. Por detrás de pregações e louvores, o que se constata, na prática, é o acirramento cada vez maior em torno de uma agenda preconceituosa, excludente, intolerante, defasada.

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Tão bons de voto quanto ruins de senso, esses parlamentares formam, hoje, aquilo que o ex-deputado pernambucano Fernando Lyra, já falecido, chamava de “vanguarda do atraso”. Eles armam “guerras santas” contra tudo o que a sociedade conquistou em termos de avanços sociais e liberdade de pensamento. São radicais e barulhentos. Algumas de suas bandeiras beiram a infração penal.

A última desse exército que de Cristo não guarda praticamente nada é querer impedir a classificação de homofobia como crime. A matéria encontra-se o Supremo Tribunal Federal e chega a ser constrangedor ver a mais alta corte jurídica do País ainda discutindo a legalidade de algo tão simples e tácito. Nessa terça-feira (12), representantes dessa confraria política foram ao STF pressionar o ministro e presidente Dias Toffoli para que possam continuar, sob a guarda da lei, a discriminar pessoas e classificá-las ao sabor de seus bizarros conceitos.

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Ao mesmo tempo, no Congresso, a Frente retira do sarcófago matérias esquecidas pela História, como é o caso da proibição do aborto seja qual for a sua motivação ou justificativa, inclusive no caso de gravidez provocada por estupro, previsto em Lei. A proposta indecente e desumana vai para a Comissão de Comissão e Justiça do Senado, quando deveria ir para o lixo.

Trata-se de um grupo forte e de dentes afiados. No mandato anterior foram colhidas cerca de 130 assinaturas para a criação da Frente, na Câmara dos Deputado e no Senado Federal. Isto, entre evangélicos assumidos e simpatizantes que votam em alguns temas com eles. Na legislatura atual, são declaradamente evangélicos 37 deputados federais e oito senadores. Estima-se que este universo abraça entre 10% e 15% de todo o Congresso.

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Os evangélicos têm nas igrejas pentecostais o seu maior respaldo político e filosófico. As mais poderosas, nessa seara, são a Assembleia de Deus, com suas múltiplas subdivisões e diversas lideranças entre as quais pululam pastores como Silas Malafaia, da AD Vitória em Cristo, e a mega-ultra-blaster Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do “bispo” Edir Macedo, dona do grupo Record que hoje responde, junto com o SBT de Silvio Santos, pela comunicação extraoficial do governo Bolsonaro.

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O governo, por sinal, deve grande parte de sua ascensão ao poder aos evangélicos, sem dúvida, uma grande força política por detrás do presidente e de sua base aliada. O aglomerado mergulhou de cabeça na campanha do candidato do PSL e forneceu mão de obra e temática fartas que resultaram em dos pleitos mais acirrados e violentos da história política brasileira.

Para chegar ao planalto, Bolsonaro e seus aliados não conheceram limites em termos de discurso e prática conservadores e irascíveis onde até a eliminação física de adversários, no caso os “petralhas”, foi prometida. Para contribuir com tudo isto, o grupo evangélico agiu sempre em interseção segmentos afins como os ruralistas e a Bancada da Bala, outro segmento poderoso e influente a ponto de emplacar a primeira ação de impacto do nascente governo Bolsonaro, a liberação de armas para a população, primeiro passo para a realização do “grande sonho” de sepultar o Estatuto do Desarmamento.

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Muitos dos parlamentares evangélicos acabaram abrigados no novo governo. Há exceções como o ex-fiel escudeiro de Bolsonaro, o senador Magno Malta, que acabou excluído da partilha. Mesmo assim, Malta deixou de herança para o governo e para País sua ex-assessora parlamentar, a pastora Damares Alves, inacreditável ministra da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos e, talvez, a mais emblemática e ruidosa representando desse tipo de evangélico no poder.

Em se tratando de religião e de força política, os evangélicos batem de frente com outra turma, liderada pelo escritor Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro e dos filhos dele. Católico fervoroso, devoto da Virgem Maria e do italiano Padre Pio de Pietrelcina, tem sua importância filosófica refletida no atual governo nos dois ministros que conseguiu emplacar. Tão inacreditáveis como a polêmica Damares: Ernesto Araújo, das Relações Exteriores e seguidor fanático de Donald Trump e dos EUA; e o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, da Educação, que quer um ensino “sem doutrinação marxista” e com a volta da Moral e Cívica. Entre os dois, a disputa pela patacoada da semana tem sido árdua.

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Embora possuam força política para conseguir algumas vitórias sozinhos, os evangélicos se unem, pontualmente, à pequena bancada que se reconhece como católica. Isto ocorre, normalmente, na hora de atacar alvos comuns, como as feministas, o segmento LGBT, a “doutrinação marxista” nas escolas, ou o próprio aborto.

Os evangélicos já tinham muita força como frente parlamentar. São protagonistas de episódios criminosos como a proliferação do “kit gay”, fakenews utilizada à exaustação, na campanha eleitoral, contra o principal adversário de Bolsonaro, o petista Fernando Haddad. E são criadores de expressões bisonhas como a tal da “ideologia de gênero”, que todos eles criticam, mas não aparece nenhum para explicar o que seja.

Agora, o grupo tem um governo de extrema-direita para chamar de seu.

Lá vem o Brasil descendo a ladeira.

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